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Quando sala de aula e laboratório de informática são o mesmo lugar

Leonardo Soares Quirino da Silva

Desde setembro, alunos de 1ª  a 8ª  séries de Ciep de Piraí usam notebooks do projeto UCA em suas aulas

O Ciep 477 Professora Rosa da Conceição Guedes, em Arrozal, distrito do município de Piraí, foi uma das cinco escolas selecionadas pelo programa Um Computador por Aluno (UCA), da Presidência da República, para testar um dos modelos de notebooks educacionais analisados pelo programa.

"A escola é a única situada fora de um grande centro", como observou a professora Maria Helena Jardim. Todas as outras quatro ficam em capitais estaduais. A professora faz parte do Grupo de Trabalho do MEC encarregado de preparar a proposta de modelo pedagógico para a implantação do UCA em todo o Brasil, além de ser da equipe do projeto Piraí Digital e do Cecierj.

Sol e Terra

Maria Helena comentou que uma das preocupações do projeto Piraí Digital tem sido a sensibilização da população para os usos da Tecnologia da Informação antes da introdução dos equipamentos. Com os testes do modelo Classmate PC em Arrozal não foi diferente.

Como relatou Léa Peixoto, diretora-adjunta do Ciep Rosa Guedes, uma das preocupações foi como inserir o trabalho com os notebooks escolares no projeto político-pedagógico (PPP) do Ciep, de forma a fazer valer o que o professor pensa.

Para explicar a relação entre o PPP e o UCA, ela comparou os dois ao sistema solar. O primeiro equivaleria ao Sol e o segundo, à Terra. Da mesma forma que nosso planeta gira em torno do astro-rei, também as atividades previstas para uso do notebook escolar deveriam se adequar ao estabelecido no plano da escola.

A introdução do equipamento em sala de aula também foi precedida pela capacitação dos professores, em um processo que pode ser dividido em duas fases. Na primeira, houve treinamentos sobre Linux, entre outros, com apoio de parceiros como o Piraí Digital, bem como discussões sobre o projeto UCA com base em textos publicados nos jornais e na internet.

Na etapa seguinte, foi a vez de os professores se familiarizarem com o modelo a ser testado. Essa fase foi de aprender a abrir e ligar o equipamento até o uso de funções do teclado.

As capacitações foram realizadas usando o Tempo Disponível (TD) dos professores. Em Piraí, os educadores têm duas horas por semana para fazer seu planejamento de aula ou conversar com o orientador pedagógico. Uma vez por mês, todos os professores de uma determinada disciplina se encontram para uma reunião de acompanhamento.

Mudanças

Perguntada sobre o que mudou com a transformação da sala de aula em laboratório de informática, Léa observou que, antes, os professores podiam escolher se iam ou não usar o laboratório. Agora, os alunos cobram dos educadores atividades com o uso do computador.

Além disso, com a introdução do notebook escolar, a direção da escola tem uma alternativa para quando os professores precisam faltar. Segundo a diretora-adjunta, a política da escola é não dispensar as crianças nesses casos. Léa notou que, no passado, os alunos insistiam em ir para casa. Com o computador, "as crianças usam esse tempo para atividades livres", declarou a professora. O resultado foi que, a partir de agora, reina a calma nessas situações.

Outro impacto sobre a disciplina resultou da mudança na dinâmica dentro da sala de aula. Segundo Léa, os alunos antes percebiam as relações como sendo piramidais, tendo o professor no topo sendo seguido pelos melhores alunos até chegar à base, onde ficariam os estudantes de rendimento mais baixo. Ainda de acordo com a professora, isso levava os estudantes que tinham dúvidas a não perguntar, com medo de serem alvo de chacota por parte dos colegas.

Ela comparou a dinâmica atual com um círculo. Como estão todos aprendendo a trabalhar com o computador, isso criou senso de igualdade, pois todos podem colaborar de alguma forma. Com isso, "a criança se sente importante, o que facilita o relacionamento entre professores e alunos e entre os próprios alunos", declarou a diretora-adjunta. Isso produziu melhora geral na disciplina, que se traduziu no fato de não precisar dar mais suspensões.

Na sala

O novo recurso também trouxe mudanças para o planejamento das aulas, que agora devem levar em consideração as novas possibilidades disponíveis.

Uma das soluções adotas pelos professores foi a criação de pastas de trabalho para as turmas na rede de computadores da escola. Nelas, os alunos têm acesso a textos da disciplina, bem como é onde eles devem colocar seus trabalhos. Um dos primeiros a usar esse recurso foi um professor de Educação Física, que colocou lá as regras de handebol.

Outro exemplo de uso do computador foi o projeto Dissertação em Sala de Aula, da professora Adriana Marinho. Feito com a 7ª série, Léa disse sorrindo que parecia "esse tipo de trabalho que a gente faz na faculdade". Os alunos tiveram que reunir material de diferentes fontes - internet, jornal, livros - e escrever sobre um dos temas, entre eles o aquecimento global.

Os computadores permitiram também ao professor de Matemática levar sua aula para fora da sala. Com o objetivo de fazer os alunos medirem a altura do prédio da escola, ele realizou medições de campo com a turma, que depois tiveram de lançar os dados no computador e fazer os cálculos.

Léa disse que há professores que preferem pesquisar os sites antes para depois indicar para os alunos e citou o exemplo do professor de história que fez isso para trabalhar a Revolução Francesa.

No Rosa Guedes, cada um dos 398 alunos recebeu um notebook escolar. E só podem usar as máquinas enquanto ficam na escola.

Projeto UCA no Portal

Publicado em 27 de novembro de 2007

Publicado em 27 de novembro de 2007

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