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Carnaval de antigamente

Profª Maria do Carmo R. Procaci Santiago

O carnaval é considerado uma das festas populares mais animadas e representativas do mundo. Tem sua origem no entrudo português, onde, no passado, as pessoas jogavam umas nas outras água, ovos e farinha. O entrudo acontecia num período anterior à quaresma e, portanto, tinha um significado ligado a liberdade. Este sentido permanece até os dias de hoje no Carnaval.

A origem do Carnaval se perde no tempo. Há mesmo quem afirme que o Carnaval já existia há mais de 10 mil anos antes de Cristo. Mas, tão antigo assim ou não, uma coisa é certa: o Carnaval sempre foi um período de alegria, brincadeiras, dança, música e disfarces.

O Carnaval carioca, como todo o Carnaval brasileiro, originou-se do Carnaval português, que era bastante violento. Nas ruas fazia-se guerra de cascas de ovos com farinha de gesso dentro, guerra de ovos crus, guerra de milho e feijão. Luvas cheias de areia e cabaças de cera com água de cheiro eram atiradas nas cabeças das pessoas. E até vassouradas e colheradas de pau eram distribuídas.

Durante três séculos nosso Carnaval foi assim. Muita alegria, mas muita pancadaria também. Somente a partir do século XIX o Carnaval foi ficando menos violento. Sua principal brincadeira passou a ser o limão de cheiro, que era atirado nas pessoas. O limão de cheiro era um recipiente de cera parecido com uma laranja, cheio de água.Quem passasse pelas ruas... ficava todo molhado!

Depois as máscaras e as fantasias, é que tomaram conta do Carnaval. Nas ruas surge o Zé Côdea, que é o "sujo" que hoje todos conhecemos. Surge o Pai João, usado pelos negros, o velho, o burro doutor, o bebê, a caveira ou morte, o urso, os travestis, o índio, o padre, o palhaço e o diabinho, que foi a fantasia mais usada até mais ou menos 1930.

Nos bailes da alta sociedade, a fantasia mais usada era a de dominó que consistia em um vestido escuro, com capuz e uma máscara tapando o rosto. Isto é, uma fantasia para não ser identificado. Mas havia também uma infinidade de pierrôs, arlequins, odaliscas, príncipes, princesas, marinheiros, polichinelos, jardineiras, chicards. As fantasias eram obrigatórias e quase toas eram copiadas de modelos franceses.

Nessa época (final do século XIX e início do século XX), os brinquedos preferidos eram, além do limão de cheiro, as línguas-de-sogra, as sombrinhas japonesas, as serpentinas, os narizes postiços, os óculos coloridos, as borboletas, os lança-perfumes e uma quantidade enorme de flores e confetes, com que se faziam batalhas nas ruas. Surgem os cordões mascarados que dançavam, tocavam e cantavam, conduzidos por um mestre. Além disso, aparecem os ranchos, os estandartes, os blocos e os corsos, que eram desfiles de carros no meio de uma guerra de confetes e serpentinas.

Mas, com a grande crise econômica de 1930, o Carnaval, sobretudo no Rio, muda. As sociedades carnavalescas passam a ter que ser financiadas pela prefeitura. A tradição dos corsos vai desaparecendo, a quantidade de confetes, serpentinas, máscaras e fantasias diminui. É nessa época que o "sujo", com sua aparência miserável, torna-se a figura mais comum de nosso Carnaval. Que não acabou. Apenas ficou diferente.

Publicado em 27 de fevereiro de 2007.

Publicado em 27 de fevereiro de 2007

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