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Governo inicia testes de laptops nas escolas

Leonardo Soares Quirino da Silva

Estudo visa definir modelo pedagógico e necessidade de licitação de equipamentos

Em abril deste ano, a Escola Municipal Castelo Branco, de Piraí, será a primeira instituição de ensino do Estado a testar o uso de laptops na educação. Essa experiência faz parte das avaliações realizadas pelo governo federal para implantação do Projeto Um Computador por Aluno (UCA), que promete produzir uma revolução nas práticas pedagógicas. Os testes estão sendo feitos em parceria com governos estaduais e municipais, bem como universidades e centros de pesquisa de todo o país.

Segundo José Aquino, da Assessoria Especial da Presidência da República, a escola foi escolhida por estar em uma cidade "iluminada". A "iluminação" a que o assessor se refere decorre do Projeto Piraí Digital que implantou uma rede sem fio (wireless), que permite o acesso à internet por meio de ondas de rádio. Aquino assessora o coordenador do UCA, Cezar Alvarez.

Esse recurso era necessário para se poder testar a importância das redes no processo pedagógico. Este é um dos pontos que será avaliado pelo UCA. O equipamento a ser testado em Piraí, o Classmate PC, não tem a capacidade de montar redes mesh, mas se conecta com redes wireless comuns. Dessa forma, alunos e professores poderão avaliar as possibilidades do trabalho em rede.

Os resultados poderão ser comparados com testes realizados em locais onde foram usados equipamentos capazes de montar redes mesh. Esse tipo de rede possibilita aos alunos, de forma direta, se conectarem com seus colegas de grupo ou de turma bem como entrarem em contato com seus professores. Esse tipo de rede dispensa a infraestrutura das redes comuns.

Nesse momento, os outros equipamentos que estão sendo testados pelo governo federal são o Mobilis, da indiana Encore Software, e o XO, da Fundação One Laptop Per Child (OLPC). Esta, por enquanto, é a única máquina que incorpora o recurso de rede mesh e é a pioneira na proposta de adoção de laptops nas escolas.

Modelo Pedagógico

Neste ano, o assessor da Presidência informou que a prioridade do governo federal com essas experiências é elaborar um modelo pedagógico a ser recomendado pelo MEC para as escolas de todo o país. Como consequência, o governo vai determinar se é necessária a realização de licitação para a aquisição dos equipamentos.

O assessor declarou que a elaboração do modelo está sendo acompanhada por grupo de pedagogos de renome que tem a função de acompanhar os resultados dos testes nas escolas e discutir a proposta final antes de sua apresentação. Fazem parte desse grupo a professoras Lea Fagundes (LEC/UFRGS) e Roseli Lopes (LSI/USP).

Por e-mail, Roseli notou que realmente o máximo que o Ministério da Educação pode fazer é recomendar um modelo pedagógico a ser adotado pelas escolas:

Cada escola tem seu projeto pedagógico, pois cada escola tem suas especificidades e deve elaborar seu próprio projeto político-pedagógico. O MEC dá as diretrizes gerais, as orientações gerais, como as Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. As escolas da educação básica estão vinculadas às Secretarias Estaduais ou Municipais, que por sua vez têm suas diretrizes e orientações de acordo com suas especificidades. Além disso, cada escola tem suas especificidades.

Aquino também observou que na assessoria tem-se claro que a adesão de estados e municípios ao projeto deverá ser voluntária. "Os secretários de Educação têm que querer aderir, porque tem contrapartidas para os estados e municípios", observou.

Hoje, pensa-se que a contrapartida que deve ser exigida é a construção de infraestrutura que garanta as mínimas condições para o funcionamento dos equipamentos, como a instalação de redes elétricas na escola. O acesso à internet e o treinamento dos professores deve receber apoio do governo federal.

O representante da Assessoria Especial da Presidência da República destacou a importância do treinamento dos professores.

Sempre que tem oficinas como esta faço questão de lembrar que isto não é um computador pessoal. É uma nova filosofia feita para a área de educação. Tem uma frase que explica tudo: aprender a aprender. O que isso significa? O desafio dos alunos de formarem seus conteúdos, escolherem seus objetos e a partir dali aprenderem. Então você é incentivado a aprender. O tradicional é você ter os conteúdos e trabalhar em cima deles. A ideia original desse projeto é não trabalhar em cima de conteúdos, mas em projetos que vão sendo construídos entre os alunos e o professor. Essa é a revolução. Não sei o quanto conseguiremos fazer.

27/2/2007

Publicado em 27 de fevereiro de 2007

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