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O passado em nós: lusa experiência

Luis Estrela de Matos

O que podem as datas? Aquilo que quisermos delas ou, melhor ainda, aquilo que delas fizermos. 1500, 1789, 1914, 1964... Apenas números agrupados? Memorizações intermináveis de um ensino que nos obriga e nos chateia mais do que nos presenteia?

Positivismos à parte, será que certos acontecimentos na vida dos homens e das sociedades realmente não dividem as águas do grande fluxo da história? Há que registrá-los. Sem sombra de dúvida, 2008 é uma data importante na história do Brasil e, particularmente, na história do Rio de Janeiro. Comemorar-se um bicentenário exige alguma atenção especial. Foi a chegada da Família Real e, com ela, todo um novo capítulo de um desdobramento napoleônico que iria reorganizar a velha Europa rumo a uma espécie de globalização – hoje afirmada por quase todos como inevitável.

1808 marca o nascimento do Banco do Brasil, criado por D. João VI. E para comemorar os 18 anos de forte presença cultural do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) no Rio de Janeiro, realiza-se uma exposição única e singularmente grandiosa: Lusa: a matriz portuguesa. Os adjetivos vão por conta dos tesouros incalculáveis que Portugal, através de inúmeras instituições, emprestou ao nosso país. A palavra tesouro tem aqui o seu campo semântico dignificado. Estamos falando de 147 peças, das quais 39 são tesouros nacionais de Portugal. Peças que nunca atravessaram o Atlântico e que nunca haviam deixado o solo lusitano. Só para exemplificar, um guerreiro celta de granito, com quase 2 metros de altura, nos observa logo na primeira sala da exposição. A Pré-História portuguesa (do paleolítico até os lusitanos), a forte presença do Império Romano em várias localidades, a Alta Idade Média, a vida islâmica, o cristianismo medieval, a presença judaica, a ciência náutica, os Grandes Descobrimentos e o Renascimento estão presentes nos dois pavimentos do Centro Cultural Banco do Brasil destinados à exposição.

A mostra reúne peças em pedra, cerâmica, ouro, azulejos, pinturas, esculturas, achados arqueológicos, juntamente com uma pedagogia multimídia que ajuda a conhecer um pouco mais uma parte da história lusitana e pré-lusitana. Ao percorrer as grandes salas do belo prédio do primeiro Banco do Brasil, somos realmente transportados a períodos diversos que construíram a etnia, a cultura, os costumes e a identidade daquele povo que, mais tarde, seria caracterizado como português. São dez módulos temáticos que surpreendem, pois revelam as múltiplas camadas que formaram a lusa alma. Moedas de prata, a bela cabeça de Agripina (verdadeiro ícone romano), peças românicas, góticas, presenças judaica e islâmica, instrumentos náuticos que auxiliaram nos descobrimentos, enfim, um acervo riquíssimo dizendo como os portugueses se tornaram quem eles são e dando pistas para conhecermos um pouco melhor uma de nossas principais matrizes.

A exposição começou em outubro e segue até 10 de fevereiro de 2008.

Há que experimentá-la. Há que vivenciá-la. De preferência mais de uma vez.

O tecido da História está à mostra.

História dos futuros lusitanos, hoje portugueses, pedaço de história de uma Europa extrema, pedaço de povos que nos chegaram até hoje em nossos mais desavisados costumes. Ainda vivemos nos diversos passados dos homens. História da humanidade? Não!!! É piegas demais. História dos homens, do humano, eis tudo.

História de todos nós, saibamos ou não...

Ficha técnica da exposição:

  • Título: Lusa: a matriz portuguesa
  • Autor: Diversos
  • Gênero: Outras
  • Produção: CCBB, Rio de Janeiro

Publicado em 8/1/2008

Publicado em 08 de janeiro de 2008

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