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Aprendendo a aprender

Denise Vilardo

Cada vez gosto mais de fazer o que faço, trabalhando no que acredito – o que, reconheço, é um privilégio para poucos – ou seja, trabalhar com professores por esse Brasilzão afora. E trabalhar numa perspectiva desafiadora – que é "convencer" meus colegas de que os computadores, além de não morderem, podem ser fantásticos aliados para a aprendizagem dos nossos alunos – é melhor ainda.

Mas o que mais tem me emocionado, ultimamente, é poder propor e testemunhar, consequentemente, a atitude de colaboração entre os professores. Esse tem sido o maior e melhor aprendizado. Disse já várias vezes que a sociedade não está do jeito que está à toa. Temos – a escola, a educação - grande parcela de responsabilidade nisso tudo, porque são gerações e gerações formadas para "vencer a qualquer custo", "pra levar vantagem em tudo", "para preparar para concursos". E a Academia, por sua vez, não só alimenta a competição desesperada como instiga seus professores e alunos a um ombro-a-ombro só admissível em competições esportivas. E, é claro, o que temos colhido é a des-humanização das relações em todos os âmbitos da sociedade. E aí, em plena vigência do caos, começamos a falar em uma nova concepção necessária à compreensão e à utilização dos computadores – e não apenas na Educação – que nos leva a uma mudança de atitude que, por sua vez, redundará numa retomada da essência humana.

Mas, voltando ao trabalho que tenho desenvolvido com os professores... como tudo que tenho proposto é muito novo e distante da rotina da maioria deles, lido com uma razoável dose de incredulidade, misturada à insegurança natural provocada por toda novidade. Nesse momento é que começa a ficar bom... Temos discutido a urgente necessidade dessa mudança de postura diante do outro e do conhecimento, baseada em primeiro lugar no fato de que temos que fazer algo concreto pra começar a mudar o rumo das coisas; depois, na certeza de que não há mais tempo nem espaço para que fiquemos de braços cruzados, esperando que o "sistema" mude; e, por último, que a web é um espaço de excelência para desenvolvermos nossas melhores habilidades. E o que tenho testemunhado são professores auxiliando-se para poder compreender e participar desse processo, de uma maneira que eu nunca havia visto.

Durante os cursos, nos laboratórios de informática, a palavra de ordem é colaboração. Porque temos que perder o medo de errar, de mostrar nossas fragilidades e de pedir ajuda. Isso é humano. A pouca familiaridade com as máquinas vai sendo superada através do incentivo e da ajuda dos que sabem mais; daí à formulação de conteúdos produzidos também de maneira colaborativa é um pulo. O resultado é que temos "colocado no ar" blogs feitos de maneira compartilhada, em que os professores estão aprendendo que, se dá certo com eles mesmos, com os alunos será mais proveitoso ainda (no último curso publicamos 40 blogs!). E aprendem também que esse é um recurso para ser trabalhado em qualquer disciplina, com qualquer faixa etária.

Consequentemente, começam a participar de fóruns de discussão e percebem que podem continuar a colaborar uns com os outros, tanto no que diz respeito à produção de conteúdos quanto em relação ao como utilizar esse ou aquele recurso. As crianças e os jovens sabem disso desde sempre... nós, os adultos, é que cuidamos de deformá-los, ensinando-os, a todo custo, com nossas incoerências e falsas verdades, a como ser egoístas e mesquinhos.

Para crianças e jovens, é muito simples e fácil se organizar coletivamente, compartilhar ideias, brincadeiras e saberes. Meu desafio tem sido recuperar esse ser inquieto e curioso que existe dentro de cada um de nós e criar novos caminhos. É preciso estar disposto e disponível ou, como já disseram Gil e Caetano, "É preciso estar atento e forte (...), tudo é perigoso, tudo é divino maravilhoso".

Publicado em 18 de março de 2008.

Publicado em 18 de março de 2008

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