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A lenda do condutor de bigas

Henryane de Chaponay

A lenda do condutor de bigas

A Grécia e a biga de Apolo

A tarde cai sobre a vegetação cheia de espinhos que cobre as encostas do contraforte do Parnaso.

A biga chamejante de Apolo, cansada da longa viagem do dia em um céu límpido, desaparece lentamente atrás das montanhas.

No ocidente, todo o céu resplandece de luz, de um vermelho muito vivo ao rosa pálido, ao amarelo, ao verde e ao azul, azul turquesa e azul clarinho. É a última carícia, que fecha os olhos dos animais diurnos; é a grande e serena paz da natureza entre o esfuziante esplendor do dia e o mistério sentimental da noite, com suas mil vozes misteriosas e perturbadoras.

Os sapos são os primeiros a abrir o concerto noturno. Uma a uma, suas vozes maravilhosas, de várias notas e afinações, se acendem e todos suspendem a respiração para escutar a linda melodia.

Dispersos na vegetação, meio selvagens, os cavalos alongam o pescoço e esticam as orelhas; os potrinhos, extenuados pelas brincadeiras do dia, deitam ao lado de suas mães, o pêlo arranhado, a crina cheia de espinhos. Inocentes, adormecem sem medo, porque sabem que as orelhas de suas mães estão atentas e se, na noite profunda, uma grande asa rasgar o ar perto deles e fizer palpitar seu coração assustado, a mãe ternamente baixará sua cabeça, e sua boca aveludada lhes fará uma carícia doce, cheia de solicitude.

Sobre o asfalto da única estrada que leva a Delfos, a cadência precipitada e desordenada dos cascos rápidos da cabra martelam o solo; os asnos entram passivos, a espinha alquebrada pelo rude trabalho do dia.

Os pastores silenciosos, magníficos camponeses curtidos pelo sol, com olhar orgulhoso e direto, quase bruto, caprichosamente conduzem os animais, tocando-os com suas varas.

Depois que os últimos animais entram, a natureza fica sozinha com seus hóspedes selvagens.

A noite cai bruscamente, só um ligeiro luar dourado indica o lugar onde a biga de Apolo desapareceu nas montanhas.

As estrelas, uma a uma, acendem e cintilam bem próximas ao céu do sul. Elas preparavam a chegada de Ártemis, a deusa da pele de âmbar. A noite estendeu seu véu de sombra aveludado sobre os campos gregos.

Traduzido por Lourdes Grzybowski

Publicado em 15 de abril de 2008.

Publicado em 15 de abril de 2008

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