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Disperso

Cláudia Dias Sampaio

Lá estão eles, no meio do quarto
- espalhados reticentes ultrajados.
Os escritos no meio do quarto insistem, cutucam.
Voam.
Brejeiros,
risonhos, soltos ao vento.

Num instante:
redemoinho pela casa.

Banheiro, sofá, rede, cadeira de balanço.
Zombam da pouca atenção.

Mas se a era é pressa, o tempo curto empurra, sufoca?
Como espaço para pergaminhos carentes?

Os papéis se esfacelam, tecido sangrento.
Escritos de um ontem íntimo.
Pedaços de um eu que já fui.

24 são poucas horas para obrigações, prazeres e lamentos.

Por que lamento?
Se o que falta é obra pessoal
- criar tempo outro -
com folgas para deitar na rede.
Onde a respiração não seja mais um luxo.

Pubicado em 15/4/2008

Publicado em 15 de abril de 2008

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