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Como demora a morrer a juventude em mim... Roberto Freire

Luiz Alberto Sanz

O Centro de Cultura Social-SP comunicou a morte de Roberto Freire, criador da Somaterapia e ex-diretor, nos anos 60, do jornal Brasil Urgente (da AP) e do Serviço Nacional de Teatro. Grande escritor (destacam-se Cléo e Daniel e Sem Tesão não tem solução), terapeuta, dramaturgo (destacam-se Quarto de Empregada e O&A) e cantor-compositor (álbum Vida de Artista - puxo a brasa para o rap Os anarquistas e o samba canção A juventude em mim).

Não tive muitos contatos com ele. Às vezes discordávamos, às vezes concordávamos. Isso foi no tempo em que ele era católico (Brasil Urgente, Tuca etc.). Na volta do exílio (em 1979), tornei-me grande fã de seu pensamento, mas não tive oportunidade (ou coragem, quem sabe?) de participar de sua práxis terapêutica.

Mesmo sabendo que a morte é a parte final, natural e intransferível, do processo da vida, ainda assim fico triste. E sossego pensando que Roberto continuará, pela sua obra, fazendo-nos pensar, por sobre todas as divergências (as minhas são cada vez menores).

Às pressas, é o que posso dizer, lembrando que ele talvez tenha sido o melhor diretor do Serviço Brasileiro de Teatro que conheci. Basta dizer que nomeou Edwaldo Cafezeiro para dirigir o Conservatório Nacional de Teatro e erguê-lo, depois de um período de grandes dificuldades.

Evoé, Roberto.

Ficamos com tuas obras, teu pensamento e a lembrança de tuas ações.

Pedagogia libertária

Roberto Freire

(...) Em verdade, tanto a pedagogia doméstica quanto a escolar, quando autoritárias, visam reprimir nas crianças e nos jovens o sentimento e a necessidade da liberdade como condição fundamental da existência. Sem esse sentimento e sem essa necessidade desaparecem nas pessoas o espírito crítico e o desejo de participação ativa na sociedade. São os dependentes. Desgraçadamente, são a maioria.

Na vida familiar, três são as armas principais da pedagogia autoritária: primeiro, o pátrio poder (os filhos devem obedecer aos pais, por lei, até a maioridade), o que é um abuso e uma violência tornados legais; segundo, o amor, sentimento natural de beleza e gratidão que os pais transformam em instrumento de dominação e de posse sobre os filhos, fazendo com que se submetam às suas vontades chantagísticas, usadas para não sentirem a dor do remorso e a do abandono; terceiro, pela dependência dos filhos ao dinheiro dos pais e pela ameaça, também chantagística, de afastá-los de casa sem nenhum recurso financeiro.

Crianças que foram educadas sob uma dessas três formas (ou sob todas) de autoritarismo entram na escola já deformadas e facilmente projetam nos professores o poder dos pais sobre si. Não conseguem criticá-los e, se o fazem, não transformam a crítica em ação, a não ser contra si mesmos, tornando-se indiferentes ao conhecimento e apresentando baixo rendimento escolar.

Leia na íntegra.

Publicado em 27 de maio de 2008

Publicado em 27 de maio de 2008

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