Este trabalho foi recuperado de uma versão anterior da revista Educação Pública. Por isso, talvez você encontre nele algum problema de formatação ou links defeituosos. Se for o caso, por favor, escreva para nosso email (educacaopublica@cecierj.edu.br) para providenciarmos o reparo.

Conselho Estadual de Entorpecentes da Paraíba vai às escolas para se antecipar ao consumo de drogas

Leonardo Soares Quirino da Silva

O Conselho Estadual de Entorpecentes da Paraíba (Conen-PB) realizou, em 1986, uma pesquisa sobre o consumo de drogas entre alunos de escolas públicas e privadas de João Pessoa-PB. Foi selecionada uma amostra de adolescentes entre 12 a 16 anos, que responderam a um questionário, testado e validado por uma equipe anteriormente calibrada. Dentre outras variáveis, o resultado foi de que 51% dos entrevistados (de um total de 642) já tinham experimentado algum tipo de droga.

"A partir desses dados, desenvolvemos uma estratégia em que fossem realizadas ações de prevenção ao uso de drogas na escola, com a participação de alunos, pais de alunos e os profissionais da escola, do porteiro ao professor, do diretor à merendeira", comenta Jair Miranda, dentista sanitarista, professor universitário e membro fundador do Conen-PB que recebeu em 2007 o prêmio Mérito pela Vida, da Secretaria Nacional Antidrogas.

Em 1991, foram criados os comitês antidrogas; inicialmente, nas administrações regionais de ensino. As primeiras oficinas visavam avaliar e adequar o projeto, e só depois foram instalados nas escolas. Quando os membros dos CADs tomavam posse, eram realizados seminários e atividades educativas voltados para alertar sobre os malefícios do uso de drogas, incluindo ações de sensibilização em encontros com toda a comunidade escolar. Com essas atividades e oficinas realizadas periodicamente, são formados os alunos multiplicadores. "Nossa expectativa é de treinar, em cada escola, 60 agentes (alunos). Se cada um deles passar as informações para outros cinco, teremos atingido 360 jovens", afirma Jair.

Para essas ações, a Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) disponibiliza material didático, que é oferecido junto com os que foram elaborados pelo Conen-PB. A sociedade civil organizada (ONGs, igrejas, clubes de serviços) está cada vez mais envolvida nesse trabalho de prevenção. Além dessas instituições, participam do projeto órgãos oficiais como os conselhos municipais de entorpecentes (onde existem), o Ministério Público (através da Curadoria da Criança e do Adolescente) e as Secretarias de Saúde e Educação de municípios e do estado; a Secretaria Estadual de Esportes está entrando agora no programa. A Senad dá acompanhamento a este projeto, que tem veículos e equipes mantidos pela Secretaria da Cidadania, que já premiou o Colégio Marista Pio X e as Escolas Celestian Malsaq, Major Adolfo Maia e a Rede Cencista com o Selo de Qualidade Conen.

Para Jair, a lógica de todo o projeto é clara: "a produção e o tráfico de drogas devem ser combatidos pela polícia. A prevenção ao consumo deve ser feita pela família, pela escola e pela sociedade. Entretanto, os elos produção + tráfico + consumo são fortes e devem ser trabalhados em parceria. Diminuindo o consumo, diminuem-se o tráfico e a produção".

Ainda de acordo com Jair, o que se faz atualmente é somente combater a produção e o tráfico; isso, porém, não traz resultados, já que no começo o consumidor recebe a droga gratuitamente (é um mercado organizado), depois tem que comprar. Seguindo a rota experimentador > usuário eventual > dependente, a redução do consumo só se consegue com a prevenção.

Os comitês antidrogas trabalham a prevenção na escola, na família e na sociedade como um todo. "É interessante que, em uma escola, o professor que mais se envolve com esse projeto, levando-o para suas aulas, é o professor de Geografia; em outra, é o de Matemática; em outra, o de Biologia ou Ciências; isso mostra que a questão das drogas é interdisciplinar", afirma o dentista.

Hoje há comitês instalados em 26% das escolas do estado. Todas as escolas em que há CADs instalados têm regras claras para os alunos, funcionários e docentes: não é permitido o uso de drogas na escola, nos arredores ou por alguém que a represente (aluno ou funcionário uniformizado). "Temos percebido claramente que as comunidades ao redor dessas escolas reconhecem o valor do programa."

Houve problemas na instalação de um CAD numa escola localizada em área de risco. Em algumas outras, pela mesma razão, os comitês não prosperaram e foram desativados. Ainda que não tenha patrocínios, o ideal continua para familiares, para as comunidades participantes e para o Conen-PB, tanto que a meta é de que, até 2010, 65% das escolas tenham comitês implantados.

"Aliando a disciplina à educação, temos tido bons resultados", conclui Jair Miranda.

Publicado em 15 de janeiro de 2008.

Publicado em 15 de janeiro de 2008

Novidades por e-mail

Para receber nossas atualizações semanais, basta você se inscrever em nosso mailing

Este artigo ainda não recebeu nenhum comentário

Deixe seu comentário

Este artigo e os seus comentários não refletem necessariamente a opinião da revista Educação Pública ou da Fundação Cecierj.