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Olimpíadas pela mudança

Cláudia Dias Sampaio

Se você está preocupado com a crise pela qual nosso planeta está passando e já se convenceu da urgência que temos de mudanças, sente-se confortavelmente, respire fundo, leia este texto e comece a sonhar com um mundo melhor. Esse já é o primeiro passo para uma revolução.

Os problemas climáticos, financeiros e a falta de alimentos, que não estavam no slogan de uma sociedade moderna, globalizada e capitalista, estão na ordem do dia. Ao contrário do que se acreditava, esse modelo social que despreza a humanidade e a natureza não tardou a chegar à exaustão.

Por mais que estejamos entretidos em nossos cotidianos, é cada vez mais difícil ignorar essa crise, e talvez a esperança esteja justamente nesse limite a que chegamos, que nos impulsiona a recuperar nossa capacidade de sonhar e lembrar que a História é feita de surpresas e reviravoltas e de que são as nossas ações que fazem a História.

Apesar da dilaceração e incerteza deste nosso tempo e do desgaste de palavras como ideologia e revolução, é apostando nessa possibilidade da História que homens e mulheres vêm se mobilizando para pensar, sonhar e agir por um futuro melhor para nosso planeta.

Então, em meio à hostilidade de um sistema compacto, começam a surgir janelas por onde corre o vento da mudança. Uma delas é justamente esta pela qual nos comunicamos neste momento: a Internet. É acreditando no potencial revolucionário da rede de computadores que um grupo do país-ícone da revolução, a França, criou as Olimpíadas pela Mudança.

A Revolução Francesa, em 1789, mostrou ao mundo o potencial da união de pessoas por um interesse comum - o povo destituiu a monarquia de Luiz XVI -, mas seus ideais (liberdade, igualdade e fraternidade) já se chocavam com o ambiente hostil do capitalismo. Lembremos que as bases de uma sociedade burguesa e capitalista foram estabelecidas durante a revolução.

A esperança de um mundo que tenha a humanidade e a natureza no primeiro plano, já não carrega a ingenuidade de soluções à moda de "o povo no poder", mas se apropria das janelas oferecidas pelo próprio sistema. É nessa perspectiva que se apresentam as Olimpíadas pela Mudança e a proposta da organização não-governamental Bridge Initiative International, de uma revolução doce, colorida e não-violenta: a Revolução Azul.

O papel que toda ONG deveria ter - de mediação entre os governos e a sociedade civil - é um importante instrumento no diálogo necessário às mudanças sociais. No caso da Bridge Initiative International, cujo delegado geral é Patrice Barrat, experiente jornalista na área audiovisual, o objetivo é promover o diálogo entre as diversas instâncias da sociedade, mobilizando-a justamente a partir de seu próprio sistema de comunicação.

É isso que mostra o trabalho de Barrat com a série de programas Mad mundo, em que entrevistados de diversos lugares do mundo, como o brasileiro Geraldo de Souza, contam suas experiências. O formato inovador do programa, que permite que cidadãos do mundo inteiro enviem seus depoimentos, ganhou o Prêmio MIPTV 2005 Award de melhor projeto de documentário.

É por essa lógica de usar o sistema para mudá-lo que se estabelece a proposta das Olimpíadas pela mudança. O projeto será lançado durante os jogos de Pequim, em agosto deste ano, e terá duração de quatro anos.

A parceria da Bridge Initiative com instituições brasileiras, como o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) permitirá que nós, brasileiros, participemos dessa iniciativa. A ideia é iniciar um processo de mobilização global, envolver profissionais da cultura e do esporte, fazer festivais e, principalmente, incentivar a participação dos jovens, mostrando a possibilidade de que as coisas podem e devem mudar.

Publicado em 03 de junho de 2008

Publicado em 03 de junho de 2008

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