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Os desafios do entendimento comparativo: conhecendo a colonização das Américas para fazer um exercício histórico
Prof. Dr. Eduardo Marques da Silva
As características da exploração das colônias espanholas na América foram inicialmente voltadas para a extração do ouro e da prata, seguida do uso da mão-de-obra nativa pelas encomiendas, onde se destacavam os adelantados. Nas colônias, o exclusivo comercial havia comandado todas as ações metropolitanas.
No caso inglês, ao contrário, deu-se o modelo de ocupação de povoamento, por meio da emigração da população da Inglaterra, em função de perseguições religiosas e políticas por lá. No caso francês, também foi de povoamento, e se deu no século XVII, quando Jacques Cartier chegou à foz do São Lourenço e Samuel de Champlain fundou Quebec, no que viria a ser o Canadá. Tudo sofria reveses ou mudanças sinuosas, e nós nem nos manifestávamos para “a dança das cadeiras”? Tudo “permanecia como dantes, no quartel de Abrantes!”
No aspecto econômico, houve na relação colonial espanhola um caráter comercial sempre voltado para o mercado externo. Destacavam-se as culturas de cacau, tabaco, erva-mate e cana-de-açúcar, que sempre utilizavam o braço escravo preto africano. As colônias só podiam fazer comércio com a metrópole, através do Pacto Colonial, inaugurando, com tudo isso, a Era do Capitalismo Comercial, caracterizada pela fase de acumulação primitiva decapitais, toda fundada na mais-valia absoluta. Essa era uma maneira que se tornava avessa/anversa, diferente da que virá após a Revolução Industrial, na medida em que evoluíam as práticas de gerir o capital entre as duas e de permitir a obtenção do tão almejado lucro. Os riscos eram imensos! Para se ter uma ideia, os navios mercantis viajavam apenas por sistema de comboio, para se defenderem dos temidos flibusteiros e bucaneiros, tipos de pirataria marítima. Geralmente atacavam a frota da Nova Espanha.
No caso dos ingleses, os colonos eram servos de contrato das Companhias Plymouth e Londres; portanto, com caráter absolutamente “econométrico” de vanguarda, se é que se pode usar tal terminologia. As colônias do sul utilizavam escravos africanos na cultura de algodão em virtude da instalação dos latifúndios, devido à grande produção exportadora e a seu caráter monocultor, que facilitava a cansada repetição das práticas. As colônias de centro e norte possuíam grande autonomia em relação à metrópole.
No caso dos franceses, destacaram-se Richelieu e Colbert, ministro das Finanças da França que deu nome ao colbertismo, que se fundava na política da balança comercial favorável e defendia, para a economia francesa, exportar mais que importar, a fim de promover maior ingresso de capital para o Tesouro Nacional. Mandaram então para cá os jesuítas, que acabam por utilizar os nativos como trabalhadores indígenas que recebiam quinquilharias em troca de peles e trabalho.
Na organização político-administrativa espanhola, surgiram os adelantados, pessoas escolhidas diretamente pelo governo metropolitano – geralmente saídas de sua nobreza. As audiências representavam um efetivo braço da metrópole na América Latina; lá se cuidava da parte jurídico-administrativa na colônia. O cabildo era sua menor área administrativa, equivalente ao atual município. As capitanias gerais representavam as maiores áreas administrativas; os vice-reinos seriam áreas de intervenção direta da metrópole espanhola. Todos estavam subordinados à Casa de Contratación de las Índias, órgão que centralizava toda a administração da produção colonial. Como podemos ver, as colônias ao largo da lusitana possuíam mais centralização administrativa. No caso inglês, as cartas reais concediam às então companhias o direito de colonizar e fazer comércio. O self-government estava quase restrito às colônias centrais e setentrionais, principalmente após o século XVII; tal fato é atribuído a mudanças na orientação econômica, com o advento da Revolução Industrial. No caso francês, havia a Companhia da Nova França, que centralizava despoticamente a colonização, inclusive e principalmente após o século XVII.
O pan-americanismo – a solidariedade continental como resultado da história americana – caracterizava-se pelo respeito à igualdade jurídica entre as repúblicas. Foram organizadas várias conferências pan-americanas; na 4ª reunião, em Buenos Aires, em 1910, houve varias censuras ao imperialismo norte-americano. Criou-se então o pan-iberismo. Quando da 7ª reunião, em Montevidéu, em 1933, Roosevelt buscou a política da boa vizinhança.
Por sua vez, o México teve Porfírio Díaz no poder desde 1876 a 1910 (direta ou indiretamente), com apoio dos grandes proprietários e oferecendo cooperação da Igreja. A massa de índios era explorada. Sob a orientação dos positivistas (científicos) deu-se a Revolução Industrial no país, com capitais estrangeiros – principalmente dos Estados Unidos. Em 1910, foi publicado por Francisco Madero o Plano de San Luis de Potosí, contra o porfirismo, que desejava a Reforma Agrária e se colocava contra o capital estrangeiro. A população rural foi mobilizada por Pancho Villa no norte do país e Emiliano Zapata mais ao centro. Entretanto, em 1920 Obregón dedicou-se à obra de consolidação, buscando a paz social e a ordem interna.
Publicado em 08 de julho de 2008
Publicado em 08 de julho de 2008
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