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Relembrando Nabuco na celebração de 1888

Raimundo Santos

Pleno de celebrações (1808, 1888, 1958, 1968, 1988 da Constituição Cidadã de Ulysses Guimarães), o ano de 2008 enseja recordar uma tradição reformista radicada no emblema abolicionista.

Desde a observação de Joaquim Nabuco, de que a Abolição precisava completar-se com a quebra do “monopólio da terra”, muito já se chamou a atenção para o fato de nossa modernização ter avançado nos seus momentos mais importantes sem se fazer acompanhar pela democratização da vida política nacional.

O pensamento brasileiro se ocupou desse descompasso. Gilberto Freyre e Caio Prado Jr. assentaram suas teorias revolucionárias no 1888 inconcluso. Pensando nele, o sociólogo propunha uma política social rurbana  que viesse reequilibrar o contraste cidade-campo, acentuado pelo “pan-industrialismo” contemporâneo. Também tendo como referência a Abolição, Caio Prado concebia, desde suas primeiras obras, a revolução como uma reestruturação simultânea da economia (debilmente produtiva) e de nosso mundo político, carente de partidos e opinião pública.

Este último tipo de reformismo amadureceu nos tempos dos constitucionalismos democráticos e dos desenvolvimentismos do pós-guerra. Recebeu, nos anos 1950, contribuição decisiva do Iseb – Instituto Superior de Estudos Brasileiros. Recorde-se ainda que intelectuais comunistas dessa época retomaram aquela tematização a partir do nexo leniniano revolução-democracia política.

Essa tradição continuou presente nas controvérsias da esquerda brasileira na segunda metade dos anos 1970, quando novos autores de raiz pecebista tornaram aquele desencontro questão definidora da revolução brasileira em termos de um processo de progressiva democratização política da vida nacional. Com o correr dos anos, a democracia política passou a ser entendida, em distintos registros intelectuais, como principal meio para resolver conflitos e reformar a sociedade.

Assim, é de muita atualidade, na celebração de 1888, revisitar os ensinamentos dos grandes ensaístas. Os clássicos vêm nos mostrar um estilo de pensar os problemas nacionais cuja pedagogia ainda não esgotou suas energias. Particularmente o mais antigo deles, Joaquim Nabuco. Annibal Falcão, prefaciador da interessantíssima obra Campanha abolicionista no Recife (Eleições de 1884) – Discursos de J. Nabuco, dizia que ele era, “desde anos, o chefe real do abolicionismo, quer simplesmente propagandista, quer militante como partido de reforma social” (Falcão, 1885).

Referência bibliográfica

FALCÃO, Annibal. Campanha Abolicionista no Recife (Eleições de 1884). Discursos de J. Nabuco (Prefácio). Rio de Janeiro: Typ. de G. Leuzinger & Filhos, 1885.

Publicado originalmente no Rural Semanal,
informativo da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.

Publicado em 15 de julho de 2008

Publicado em 15 de julho de 2008

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