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Voto consciente

Cláudia Dias Sampaio

Diante do menosprezo com a capacidade intelectual dos eleitores, com a qual grande parte dos candidatos parece se afinar, as eleições acabaram se transformando em algo repugnante. Assunto chato, encarado como tarefa burocrática para cumprir o protocolo do voto obrigatório: assim vai se espalhando a ideia de que pouco – ou nada – temos a fazer para mudar o rumo das coisas. Mas como se conformar com essa ideia se somos cerca de 127 milhões de eleitores, entre os quais mais de um milhão e meio são jovens entre 16 e 18 anos que votam por opção? Imagine só as transformações que poderiam acontecer se essa multidão de eleitores resolvesse participar do governo, dando sua opinião e fiscalizando as ações de seus representantes!

Se hoje podemos escolher nossos governantes, num passado não muito distante as coisas eram bem diferentes. Será que, depois de tantas conquistas, vale a pena anular o voto? O problema é: como confiar nos políticos e ter interesse pela política depois de tantos escândalos? Mas lembremos que é pelas eleições que definimos quem irá nos representar. Então já está na hora de valorizar esse bem que ainda nos resta: o direito de escolha.

Na hora de votar, é preciso ter em mente que as consequências do voto, boas ou ruins, vão ser sentidas durante quatro anos por toda a população. Analise a história de vida do candidato: o que ele já fez, que ideias defendeu, se já esteve metido em alguma confusão. Desconfie dos projetos mirabolantes e procure saber como ele vai trabalhar para realizar os projetos apresentados durante a campanha. Ler o noticiário, discutir com amigos e familiares, escrever e-mails e cartas são algumas formas de acompanhar e cobrar daqueles que ganharam nosso voto. Temos a obrigação de votar e pagar impostos e taxas; temos o dever de cobrar para que tenhamos coisas importantes para nossa vida, como saúde, educação, transporte, limpeza, lazer e cultura. Esses direitos devem ser exigidos em órgãos como ouvidorias, secretarias, escolas, hospitais e, se for o caso, dos próprios políticos que elegemos.

Talvez esteja aí a resistência à anestesia que nos impingem a todo instante. Se não, ao menos mais trabalho daremos aos candidatos. Enquanto lembrarmos que podemos escolher, lembraremos também a eles de que política é “arte ou ciência de governar”, como informa o Houaiss. E não há arte nem ciência sem pensamento.

Publicado em 02 de setembro de 2008

Publicado em 02 de setembro de 2008

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