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Poetas, amores, futuro
Alexandre Rodrigues Alves
Em seu terceiro livro, Da âncora ao leme, Cristina Peres marca três elementos essenciais à sua poesia: sua âncora está nos poetas que tem prazer em ler; o presente, de dúvidas e incertezas; e o leme, indicando a direção que toma para o futuro.
A âncora existe para, negando sua função original, se soltar e permitir a viagem a outros tempos, outros sentimentos, outros lugares. É essa viagem que a professora e jornalista Cristina propõe ao leitor – e que, de certa forma, faremos aqui ao reunirmos alguns desses poemas no Portal da Educação Pública.
Soneto para meu pai
Cristina Peres
Perdi-te era noite, tinha sete anos
Tua menina continua aqui...
E o poema diz-te de tantos enganos
Em que a menina precisou de ti.
Estou a lembrar a voz e o perfume
Menina, recordo na casa ali...
Quisera, meu pai, teu ombro, teu lume
Para a menina não ver o que vi.
Queria teus olhos d’azul crescente,
Lindo teu sorrir, água da nascente
Nessa receita de ser tão feliz...
Ficou por fazer-te só esta rima
E ser contigo tua obra-prima
Verso que te ofereço e que nunca fiz...
Messe de ternura
Cristina Peres
No cenário silencioso deste quarto
Na noite escura de horas longas
Como um cavalo atravessa a galope
O teu pequeno calado nome.
Queria um lugar no teu ombro abrigo
Ou aparecer no teu espelho, de repente
Quando te olhas a meia luz, nocturno
Chegando de leve por trás de ti.
Queria ver-te chegar sem aviso prévio
Acudir-me com a tua boca de beijos
Ternos. Ah! Os teus braços fortes e suaves!
Que me seguravam na ternura desta messe!
E dizer-te, filho, nesta distância próxima
Na confusão organizada desta casa
Que mesmo quando partes sabes bem
Que ainda moras comigo, pois habitas-me a vida...
Publicado em 16 de setembro de 2008
Publicado em 16 de setembro de 2008
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