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Trabalhando com arquivos compartilhados

Alexandre Alves e Carmen Granja

Quantas vezes você, como professor, pensou em acompanhar os trabalhos em grupo que passou para seus alunos, mas não tem como fazer isso em sala de aula, porque reduz o tempo que tem com seus alunos?

Quantas vezes você, como professor, pensou em mandar um recado para seus alunos sobre os assuntos do teste ou quis passar um texto que você considerou interessante que eles lessem para a prova?

Quantas vezes você pensou em fazer um trabalho com alunos de turmas variadas e não conseguiu porque seus horários de aula nessas turmas impediam a reunião de todos os participantes envolvidos?

Seus problemas acabaram! Com alguns aplicativos disponíveis na internet, você pode desenvolver atividades realmente colaborativas, indicar sites ou textos interessantes para seus alunos na grande rede, sugerir caminhos a serem seguidos num trabalho ou construir junto com eles textos, figuras, gráficos e apresentações.

Nas escolas que têm laboratórios de informática com acesso à internet (e isso tem merecido uma ação intensa dos governos federal e estaduais, além de ser objeto de um projeto de lei em tramitação no Congresso Nacional), é possível exigir que todos os alunos participem dessas atividades.

Como o acesso à internet ainda não é universalizado – alguns alunos não têm como entrar na grande rede, especialmente os mais carentes –, as escolas não-informatizadas não podem tornar obrigatória a realização de um trabalho que inclua acesso à internet; ainda que os alunos possam participar utilizando computadores de amigos ou de uma lan-house, um trabalho como esse só pode ser proposto como atividade alternativa. Entretanto, trará certamente forte motivação para que os alunos desplugados passem a utilizar a internet.

Em depoimento ao jornal O Dia publicado em 23 de novembro passado, Gabriela da Silva, professora de uma escola municipal no subúrbio do Rio de Janeiro, conta que passou a usar o Orkut para enviar textos para seus alunos e ganhou a confiança e o interesse de vários deles, que se dispunham a comentá-los em sala - o que antes era feito só por obrigação ou depois de muita exigência da professora.

Além da parte diretamente voltada à didática, a internet pode ser um ótimo veículo para a divulgação e distribuição de informações e fotos e de comunicação com os alunos que participaram de eventos, na escola ou não. Os blogs e fotologs são um espaço ideal para isso. E é cada vez mais fácil criá-los e visitá-los. E nem só de blogs e fotologs vive o professor: ele pode indicar sites interessantes onde os alunos possam pesquisar sobre os temas da aula – inclusive se antecipando aos conteúdos – ou responder às dúvidas dos alunos sobre os assuntos tratados.

Com a utilização dos mesmos recursos, a grande rede pode servir também para aproximar os responsáveis dos professores, trocando ideias, dando notícias ou pedindo comentários e informações. E mais: com essa ponte eletrônica, é fácil localizar algum ex-aluno – para oferecer uma vaga de trabalho ou pedir um documento que esteja faltando, por exemplo.

Nosso objetivo neste artigo, entretanto, é mais restrito: é falar dos sites da internet que oferecem as ferramentas necessárias para concretizar essa interação, em que todos aprendem com todos, de forma que a internet torne-se uma fonte de recursos para a criação de atividades coletivas, seja de pesquisa, de escrita ou de registro de opiniões e ideias.

O Google, reconhecidamente o mais usado dos sites de busca e um dos mais visitados na realização de pesquisas escolares, desenvolveu o Google Docs. Para poder utilizá-lo, porém, é preciso ter uma conta ativa (que é gratuita), pois o acesso é feito através do Gmail. O usuário principal define as pessoas que terão possibilidade de fazer alterações no documento (texto, planilha ou apresentação), que poderá incluir fotos e hiperlinks. Além disso, todas as versões modificadas ficam registradas no histórico do documento, permitindo que sejam feitas comparações entre elas, a fim de identificar as alterações realizadas por cada um dos membros do grupo.

Outro site a que os alunos recorrem com muita frequência para realizar pesquisas é a Wikipédia - a enciclopédia feita por todos; qualquer pessoa pode submeter seu verbete sobre um determinado assunto ou acrescentar informações sobre um verbete que já esteja no ar. Muitas vezes o editor pede mesmo que alguém faça uma revisão ou a tradução de termos estrangeiros para o idioma desejado. Hoje são mais de 350 mil artigos disponíveis, em português. A expressão wiki pode ter dois significados: tanto quer dizer rápido (wikiwiki, em havaiano) ou cultura aberta, livre. Por que você não cria um wiki, com seus alunos e o apresenta? O software de elaboração de textos colaborativos está disponível em http://twiki.softwarelivre.org/. É possível colocar os textos abertos

à participação de todos ou, de modo mais restrito, àqueles que têm senha de acesso (como é o caso da enciclopédia).

Outro editor de texto que está à disposição, o AjaxWrite, possui outros programas agregados, como planilhas de texto, editor de desenhos e apresentações. Ele só funciona no Mozilla Firefox (se você utiliza o Internet Explorer, da Microsoft, pode esquecê-lo), e permite que o usuário, ao cadastrar seu e-mail, tenha uma pasta no servidor para salvar seus arquivos.

O gOffice também possui recursos para preparar textos, apresentações e planilhas; permite que o arquivo seja exportado (para o seu computador, por exemplo) em diversos formatos, mas tem uma taxa mensal de US$ 0,99 para utilizá-lo e manter seus arquivos no servidor. Outro fator negativo é que o site e o programa estão em inglês.

Criado principalmente para atender a condomínios e grupos de moradores, o Rally Point também cumpre bem o papel de criação de textos coletivos. Basta uma inscrição (que é grátis) e a criação de um endereço na internet que é compartilhado com os outros usuários da conta. Um dado positivo é que quando alguém faz qualquer alteração no texto é enviado um e-mail a todos os participantes do grupo de trabalho. Também em inglês.

O Think Free quer ser a alternativa gratuita para os chamados pacotes office (compostos de editor de texto, planilha de cálculo e editor de apresentações). Ele oferece 1 GB de espaço para armazenagem dos arquivos criados e compartilhados, sempre compatíveis com os formatos da Microsoft.

O Overmundo é um site que não permite que os arquivos sejam elaborados de forma compartilhada, mas valoriza os comentários e as avaliações apresentados por qualquer leitor. E permite que sejam divulgados não só textos, mas também fotos, filmes, notícias e agenda. O Portal da Educação Pública já fez do Overmundo o site da vez.

Cabe ao professor utilizar os benefícios que a tecnologia coloca à sua disposição para levar seus alunos a construir seu conhecimento de forma compartilhada, contribuindo para a aprendizagem dos colegas (e certamente do professor, também). E o melhor: colocando uma grande dose de espírito lúdico nas atividades.

Agindo dessa forma, o docente deixará de ser o "guardião e transmissor de uma cultura estática", como dizia Anísio Teixeira, e se tornará orientador e incentivador, provocativo, participando, ao lado dos estudantes, da construção do conhecimento do grupo e do desenvolvimento da capacidade de análise de cada um, por valorizar mais o processo de busca do que o resultado final.

Publicado em 29 de janeiro de 2008

Publicado em 29 de janeiro de 2008

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