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A revolução das flores
Ivone Boechat
Num vale florido, o perfume envolvia as abelhas que trabalhavam com muito entusiasmo, compondo um belo cenário com borboletas e beija-flores felizes.
Corria por ali a notícia de que estavam chegando homens armados contra a Natureza.
Ali, naquele paraíso, as flores estavam tristes e foram procurar as árvores mais velhas. Convocaram a espada-de-são-jorge, a comigo-ninguém-pode, os espinhos da coroa-de-cristo e partiram determinadas.
Debaixo de uma frondosa árvore, pediram um conselho: o que fazer para convencer o homem que gosta de destruir a vida, para que se arrependa e comece a reconstruir e a preservar...
Aquela senhora árvore centenária, indignada, desabafou:
- Nossa expectativa de vida pode chegar a centenas de anos de vida útil sem esclerose, osteoporose e lordose... que tanto afligem os humanos. O maior perigo é a serra elétrica, o machado, o fogo.
A rosa concordou e acrescentou:
- O maior perigo de todos é o homem sem educação.
Então as flores deram-se as mãos e decidiram propor que todo homem destruidor e vil fosse educado desde menino a plantar o amor-perfeito em volta das casas, das escolas, das empresas, das igrejas, porque quanto mais cedo a criança aprender a amar o planeta Terra, maior é a chance de começar a prevenir e a preservar a Natureza.
Aí, animação geral! Veio o copo-de-leite e se ofereceu, sem contaminação, puro e fresquinho, para ajudar a oxigenar os vales. Boca-de-lobo prometeu mais ação, ao invés de criticar por criticar. Hortência preferiu plantar-se melhor para não ficar por aí, sem se cuidar, desbotada e feia. A dama-da-noite, tão sumida ultimamente, disse que a noite é uma criança e quer voltar a perfumar o espaço dela.
A noite foi chegando e as flores se recolheram com a promessa de juntar-se aos homens não só nas horas tristes e dolorosas. Elas querem voltar com todo o esplendor e formosura, espalhando graça e perfume para receber com o cálice transbordante de néctar os beija-flores.
Publicado em 25/11/08
Publicado em 25 de novembro de 2008
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