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Controle social e autocontrole

Armando Correa de Siqueira Neto

Psicólogo e professor

Qual sua opinião sobre a convivência entre as pessoas? Ela leva em conta o lado primitivo tão presente nas nossas informações genéticas? Ou as leis que tentam dominá-lo? Ainda: você tem percebido alguma adequação evolutiva no controle social, ou a maneira de fiscalizar tem sido a mesma desde longa data?

Há duas forças poderosas que controlam o ser humano em prol do convívio social: a imposição externa, que se dá através dos costumes e leis, e a interna, fruto da introjeção da primeira, da sua aceitação legítima (parcial ou total), além da conveniência nela implícita, em razão do interesse que cada um tem de fazer parte da sociedade – obter apreço, sobrepor-se aos demais. As duas forças controladoras são, no entanto, fonte de pressão adaptativa aos moldes sociais e requerem constante policiamento. Do contrário, o descontrole se impõe e causa riscos previsivelmente desastrosos. “Enquadrar para conviver” é a regra do jogo civilizado para os milhões de participantes que buscam o seu lugar ao sol na convivência.

É claro que, nos primórdios da vida humana, as duas forças não existiam. O tempo, a evolução e a necessidade de ajustes comportamentais se encarregaram de introduzi-las gradualmente. Mas interessa-nos muito a análise que se deve fazer dos resultados de tal fiscalização. Para tanto, é preciso refletir a partir de algumas questões: será que o controle social existente possui a força necessária para levar a maioria das pessoas ao enquadre e consequente autocontrole requerido pelas determinações das sociedades contemporâneas? Tal controle ainda é viável, mediante tantas e tamanhas transformações ocorridas nas últimas décadas? Se há defasagem no modelo controlador, que alternativa pode-se propor? Mais: quem está interessado no assunto e disposto a colaborar com novas e oportunas sugestões?

A discussão ainda está limitada a poucos. Porém, seu interesse deve pertencer a todos. Afinal, aquele que se mantém alheio acerca das coisas que podem lhe favorecer ou desfavorecer não apenas ignora o controle sobre seu próprio futuro, mas prende-se a um modelo de presente fatalista, no qual o destino é sempre uma surpresa, reforçado ainda pelas repetidas e limitadas impressões do passado. Já pensou em tomar para si as rédeas da sua vida? E o que você acha de estabelecer o autocontrole, determinando sabiamente o que melhor lhe convém, respeitando devidamente o seu próximo? Não está em você mesmo a construção e aplicação da cartilha que controla o convívio social? E quanto às próximas gerações, não estará na adequada educação (familiar e acadêmica) a oportunidade de estimular o afloramento da responsabilidade pessoal que fundamenta o essencial autocontrole?

Publicado em 26 de maio de 2009

Publicado em 26 de maio de 2009

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