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Resultados do Enem e educação profissional e de jovens e adultos geram notícias que fazem pensar
Alexandre Alves
Notícias publicadas nos dois principais jornais de São Paulo (Estadão e Folha) na segunda quinzena de maio chamaram a atenção para dois assuntos: as notas no Enem obtidas por alunos carentes matriculados na rede particular e na rede pública; e os números da educação profissional obtidos na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do IBGE.
Resultados do Enem mostram que as notas de alunos carentes que estudam na rede privada são maiores que as dos matriculados na rede pública
Uma comparação das notas do Enem considerando a renda familiar dos alunos mostra que estudantes igualmente pobres se saem melhor se estão em escolas particulares: ao comparar apenas alunos com renda familiar inferior a dois salários mínimos, a média das notas obtidas pelos matriculados em escolas privadas é oito pontos maior que a dos inscritos em escolas públicas.
Pais dizem preferir ensino privado por haver menos violência e mais facilidade de cobrança – da escola e do aluno. As notícias de professores agredidos e outros casos de violência nas escolas da rede pública vêm assustando os pais, que abrem mão de certos prazeres, como um passeio ou um lanche especial, para manter seus filhos na escola particular, que – é preciso que seja registrado – nas regiões mais carentes tem condições mais precárias do que as mais bem colocadas no Enem.
Um dirigente do Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo (Apeoesp) admite: "pesa muito na hora da escolha dos pais o fato de, na rede privada, haver menos paralisações por greve, conselhos de classe ou outras razões".
Trabalho leva 28% dos jovens matriculados em EJA a abandonar cursos
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) seria uma opção adequada para um país que ostenta altas taxas de repetência e evasão. Entretanto, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do IBGE realizada em 2007 identificou que 43% dos alunos abandonam os estudos nessa modalidade em função de incompatibilidade entre os horários de trabalho e de estudo ou por exigências das atividades domésticas; eram, naquele ano, cerca de 10,9 milhões de pessoas, o que correspondia a 7,7% da população com idade igual ou superior a 15 anos. Para o secretário de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do MEC, André Lazaro, é natural que essa evasão seja maior, pois esse público precisa conciliar seus horários. Para ele, é preciso também melhorar a qualidade dos cursos, pouco atraentes e com metodologia ultrapassada. “Sem isso, não serão atraentes.”
A PNAD do IBGE investigou também aspectos dos cursos de formação profissional – tanto o ensino técnico e a graduação tecnológica quanto de qualificação profissional (cursos livres). Do total de 159 milhões de brasileiros com mais de dez anos de idade, 4% frequentavam em 2007 algum curso da educação profissional. Além disso, 19% já haviam frequentado algum desses cursos. Na qualificação profissional, o mais citado foi o curso de informática, mencionado por 46% dos que estudavam ou já haviam estudado nesse segmento. Considerando apenas os desocupados, a maioria (66,4%) não havia frequentado anteriormente nem frequentavam em 2007 qualquer curso de educação profissional. Entre os cursos de ensino técnico de nível médio, a maior procura está na área de saúde, seguida de informática, indústria e gestão.
A rede privada de ensino atende à maioria dos alunos da educação profissional no País: dos pesquisados pelo IBGE que frequentavam ou haviam frequentado cursos desse tipo, 53% estavam matriculados em instituições particulares, incluindo aí ONGs, sindicatos, filantrópicas e grupos com fins lucrativos. As instituições públicas respondiam por 22,4% e o Sistema S (Senai, Senac, Senat, Sebrae etc.) tinham 20,6% dos alunos. Getúlio Marques Ferreira, secretário substituto de Educação Profissional do MEC, espera que a ampliação da rede federal de escolas técnicas aumente a proporção de matriculados na rede pública.
Cerca de 10% das pessoas que frequentaram cursos de formação profissional não chegaram a concluí-los. O motivo mais alegado foi dificuldade financeira. A notícia boa é que aproximadamente um terço dos alunos que concluíram seus cursos havia conseguido vagas para atuação profissional na área em que havia estudado ou em algum segmento próximo.
09/06/2009
Publicado em 09 de junho de 2009
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