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Cor, forma e nação: a creche como espaço para formação de cidadãos.

Cristiane da Silva Brandão

Professora da Educação Infantil e dos Ensinos Fundamental e Médio, cientista social e pedagoga formada pela UFRJ

As crianças da Creche Municipal Sonho Feliz, no Rio de Janeiro, constroem e erguem a bandeira da cidadania, mostrando que a Educação Infantil também é um espaço para a formação consciente de valores.

A ideia do projeto Cor, forma e nação: a creche como espaço para formação de cidadãos surgiu durante a concentração de um desfile cívico em comemoração ao dia da Independência do Brasil. Nesse momento, os alunos questionaram o fato de nossa creche não ter uma bandeira, como as demais unidades escolares, e sugeriram que fizéssemos uma bandeira também para colocar na creche. Essa experiência foi realizada com as crianças da turma EI 31 (entre 3 e 4 anos de vida) da Creche Municipal Sonho Feliz, situada no bairro de Campo Grande, Zona Oeste do Rio de Janeiro.

O objetivo da experiência foi mostrar a importância de construir uma educação infantil pautada na realidade e nos interesses da própria criança. Buscamos trabalhar patriotismo e cidadania a partir do mosaico e da identificação das cores (verde, amarela, azul e branca), formas geométricas (retângulo, losango e círculo) e da socialização das atividades. Além disso, destacamos a importância da interação e da diversidade cultural presente em nossa sociedade, a partir das diferentes etnias. “A interação tem um papel fundamental na construção crítica de significados culturais”, destaca a Multieducação (1996).

 A experiência, vinculada ao projeto político-pedagógico de nossa instituição, Valorizando o multiculturalismo: ser diferente é que é legal, trabalhou a noção de cidadania na percepção das diferenças para a constituição de um todo. Nesse caso, tanto a bandeira como o próprio Brasil. Conforme Paulo Freire, “é necessário dar oportunidades para que os educandos sejam eles mesmos” (2003).

Cantamos o Hino Nacional e o Hino à Bandeira, com o auxílio do CD, e propusemos: “vamos agora confeccionar nossa bandeira?!”

Separamos em partes o modelo da bandeira brasileira (figuras geométricas) e... mão na tinta! As crianças carimbaram suas mãozinhas com cola colorida verde e colaram diversos rostinhos (recortados de revistas, encartes e cartazes: coordenação motora) no retângulo, indicando a diversidade cultural presente em nossa pátria. Num outro momento, pintaram (com os dedinhos) o losango com a cor amarela e depois fizeram o círculo com cola colorida azul. Após concluir essa etapa, conversamos novamente e montamos a nossa bandeira. Trabalhamos cores, formas, coordenação motora, cooperação e cidadania, tudo isso com muita ludicidade.

Como afirma o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, as artes visuais expressam, comunicam e atribuem sentido às sensações, sentimentos, pensamentos e realidade por meio da organização de linhas, formas (...), cor e luz na pintura. É preciso reconhecer a arte da criança como manifestação espontânea e autoexpressiva, a fim de visar o desenvolvimento do potencial criador, ou seja, as propostas centradas nas questões do desenvolvimento da criança.

Exibimos a nossa produção como um precioso presente de Papai Noel para toda a creche na exposição do mês de dezembro.

A experiência realizada proporcionou integração dos trabalhos individuais (como recorte e colagem), em grupo (montagem) e parceria da educadora nos detalhes finais, mostrando a importância da cooperação a partir da construção da própria cidadania dos educandos.

As crianças, além de respeitar a produção de todos em conjunto, ressaltam sua participação especial na confecção de nossa bandeira, valorizando a interação presente em cada momento.

Referências bibliográficas

MULTIEDUCAÇÃO. Núcleo Curricular Básico. Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, 1996.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1983.

MEC. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998.

Publicado em 16 de junho de 2009

Publicado em 16 de junho de 2009

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