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Música e Sociedade

Andersen Viana

Introdução

A árdua tarefa de escrever sobre algo já tão amplamente discutido pela sociedade nos leva antes a refletir um pouco sobre o significado e o real valor da arte – e, de maneira especial, sobre a música – no atual contexto sócio-político-cultural, não apenas como parte de um exercício acadêmico, nem de maneira classista ou emotiva, mas de forma crítica, de modo a depositar esperanças em um futuro estético melhor do que aquele em que se encontra a grande maioria da música que é veiculada no mundo, com amplos reflexos no Brasil. Se, por um lado, os esforços de instituições, da intelectualidade ou daqueles que de alguma forma estão comprometidos com o desenvolvimento dos sentidos, da percepção humana e do fazer-pensar artístico e cultural tornam-se cada vez mais necessários frente à banalização e superficialidade sonora que chega a ser constrangedora, por outro lado organizações altamente estruturadas com interesses quase exclusivamente mercantilistas, dispondo de poderosos meios de comunicação de massa, realizam-se como produtoras e promotoras de uma música que nada mais tem a ver com arte, mas com entretenimento e comércio. Para fazer frente a imposições que chegam a ser um novo tipo de totalitarismo cultural – e criar condições para que alguma mudança possa ocorrer –, faz-se necessária uma reflexão sobre a atual situação da cultura como um todo, pois a música se insere em um contexto mais amplo como um dos itens mais vulneráveis dentro do sistema de bens e serviços produzidos pela sociedade moderna.

Cultura

O conceito de cultura hoje em dia utilizado – sem pretender colocar um ponto final nessa questão – passou há muito por uma acurada revisão e conceitualização, situando-se no âmbito da Antropologia como expressão de todos os símbolos e significados compartilhados pelo ser humano, tendo seu início no momento em que se estabelece a primeira regra – a proibição do incesto –, ou em outro estágio de compreensão, como prefere a segunda abordagem, na qual Laraia cita Claude Lévi-Strauss, “que define cultura como um sistema simbólico que é uma criação acumulativa da mente humana. O seu trabalho tem sido descobrir na estrutura dos domínios culturais – mito, arte, parentesco e linguagem – os princípios da mente que geram essas elaborações culturais” (1999, p. 62).

Teoria

Dentre as incontáveis explicações que podem vir a ser expostas, uma se sobressai, pois dispõe de um sistema que a coloca na contramão do pensamento racional, sendo mesmo uma impossibilidade científica. O “ponto crítico”, tal qual postulado por Alfred Kroeber, concebe o surgimento da cultura como um acontecimento súbito – o grande salto da humanidade –, que a partir de um determinado momento o ser humano sofreu uma mudança e alteração orgânica, capacitando-o a se exprimir, aprender e a transmitir através da infinita cadeia de sensações, O mesmo fizeram pensadores da Igreja no sentido de formular uma teoria que pudesse situar a ciência e a religião, segundo a qual o homem recebeu a cultura a partir do momento em que Deus lhe dá sua alma imortal, e esta lhe foi dada apenas quando seu corpo estava apto a receber essa alma e, consequentemente, a cultura.

Além de ser um maravilhoso evento de ficção, o “ponto crítico” revela a criatividade humana de pessoas ligadas a dogmas eclesiásticos, mas fora do âmbito do conhecimento da ciência. Assemelha-se a uma das cenas mais marcantes do filme 2001, uma odisseia no espaço, de Stanley Kubrick, em que o macaco irado bate sucessivamente no chão um grande osso de animal pela razão de não compreender o monólito vindo do espaço, arremessando o osso para cima, osso que, na sequência do filme, transforma-se na imagem de uma nave que se move no espaço sideral. Como a teoria é anterior ao filme, não se pode descartar a grande possibilidade de o diretor ter se inspirado nesses textos teóricos para a criação dessa cena, simbolizando o salto da humanidade em determinado momento. O Australopiteco Africano, por exemplo, era dotado de um cérebro um terço menor do que o nosso, fabricava instrumentos rudimentares, caçava e deveria possuir um sistema de comunicação mais avançado do que os macacos atuais, mas incapaz de desenvolver outros sistemas. “A cultura desenvolveu-se, pois, simultaneamente ao próprio equipamento biológico, e é, por isso mesmo, compreendida como uma das características da espécie, ao lado do bipedismo e de um adequado volume cerebral” (Laraia, 1999, p. 59).

Mudança

Partindo do pressuposto que todos os sistemas culturais estão em constante modificação e que os tipos de mudanças nos dois níveis – o interno e o do resultado do contato – acontecem voluntaria ou involuntariamente, poder-se-ia concluir que a cultura desenvolve-se progressivamente, quer seja de modo lento, como no nível interno, quase imperceptível para um observador sem as respectivas ferramentas – a exceção nesse nível se faz a partir de um evento de grandes proporções, um evento dramático ou a inclusão de alguma tecnologia nova – quer no do resultado do contato, que pode ser mais rápido e brusco. Neste caso, citamos a triste história de subtração dos primeiros habitantes do Brasil, que, no início do século XVI, passaram de cinco milhões para cerca de trezentos mil indivíduos no século XX. Isso foi uma tragédia sem paralelo. Contudo, em outras circunstancias, o processo de mudança pode ser conseguido também sem grandes sequelas.

É praticamente impossível imaginar a existência de um sistema cultural que seja afetado apenas pela mudança interna. Concluindo, cada sistema cultural está sempre em mudança. Entender essa dinâmica é importante para atenuar o choque entre as gerações e evitar comportamentos preconceituosos; da mesma forma que é fundamental para a humanidade a compreensão das diferenças entre povos de culturas diferentes, é necessário saber entender as diferenças que ocorrem dentro do mesmo sistema. Esse é o único procedimento que prepara o homem para enfrentar serenamente esse constante e admirável mundo novo do porvir (Laraia, 1999, p. 100-105).

Atualidade

Debruçando-se sobre a atual conjuntura, nota-se o dinamismo da cultura e sua velocidade sucessiva de troca, não necessariamente benéfica à sociedade como um todo. Isso se observa no Brasil pelas constantes mudanças de ideologia na gestão da área da cultura dos governos e os conflitos entre velhos paradigmas de cultura popular versus cultura eruditapatrocinados ora pela esquerda ora pela direita. Esses paradigmas são os confrontos entre dois ramos políticos divergentes, em que a cultura se situa ideologicamente como instrumento político de grupos diversos. O que se observa nesse embate de ideologias é que as duas posições políticas preponderantes – direita e esquerda – representantes do povo brasileiro dividem a cultura entre dois polos: a cultura erudita entre os extratos mais elevados da população – representando a minoria – e a cultura popular nos extratos subsequentes ao primeiro grupo – representando a ampla maioria.

Nesse aspecto, tanto a direita como a esquerda pecam. A primeira, por nivelar a maior parte da população como inaptos a apreciar os grandes mestres da arte e da cultura universal; a segunda, por determinar que somente a arte popular oriunda do gosto do povo é merecedora de difusão em um governo popular. Como múltiplas faces têm a cultura, múltiplo permanece o erro. Se, contudo, a filosofia oriunda da academia não pode ser apreciada integralmente nas classes menos favorecidas por variados fatores socioculturais e econômicos, com algumas exceções, o mesmo não se poderia dizer de uma Quinta Sinfonia de Beethoven, por exemplo, especialmente se ela for precedida de algum tipo de aula expositiva. O mesmo efeito poderia ser obtido com a pintura, escultura, arte conceitual, balé, teatro, vídeo, cinema. Todos esses públicos pertencem ao chamado mercado consumidor como ponta da cadeia produtiva da indústria cultural. É claro que a cena atual está repleta de exceções, mas, estas são escassas e de pouco efeito, devido à dificuldade de apoio entre a iniciativa privada – que apenas se interessa, na maioria dos casos, pela produção de capital.

Mercado, difusão e consumo

Contemporaneamente, o mercado consumidor – que engloba os mais variados estratos sociais – tem sido devidamente analisado por inúmeros intelectuais. Uma dessas análises pertence a Theodor Wisegrund Adorno:

Ao mesmo tempo, estratos imensos da população, outrora não familiarizados com a arte, passaram a ser ‘consumidores culturais’. Embora provavelmente menos capaz da sublimação artística gerada pela tradição, o público moderno, mais astuto em suas exigências de perfeição de técnica e segurança de informações, bem como em seu desejo de ‘serviços’, está mais convencido do poder potencial dos consumidores sobre o produtor, seja ou não esse poder realmente exercido (Adorno, 1973, p. 549).

Por detrás de ingênuos produtos ou serviços da arte e cultura, reside muitas vezes um plano muito bem elaborado para manipulação das massas e seu controle pelo sistema capitalista, em que o campo da Psicologia e da Psicanálise tem fincado firmemente seus fundamentos e suas raízes. Onde se pode sentir isso de maneira mais explícita é na televisão, mas também no rádio – de forma especial em relação à música –, com extensões na mídia escrita e em menores proporções na internet. Sobre a televisão, esse poderoso meio de comunicação no qual a música é parte de um jogo de interesses e conchavos, Adorno tece uma análise ainda mais significativa:

Na verdade, a mensagem oculta pode ser mais importante do que a evidente, visto que a primeira escapa aos controles da consciência, não é ‘trespassada com o olhar’ nem desviada pela resistência das vendas, mas tende a penetrar a mente do espectador. É provável que os vários níveis dos meios de comunicação de massa envolvam todos os mecanismos da consciência e do inconsciente ressaltados pela psicanálise (Adorno, 1973, p. 551-552).

Boa parte da música de hoje está intrinsecamente ligada ao audiovisual. Dessa transversalidade resultam subprodutos que são veiculados através de pagamento, no caso das rádios, do famoso e mal-falado jabá, que vem do Iorubá: mãos molhadas (terá o sentido original sido deslocado para “molhar as mãos”?). Desde o advento no cinema, com O Cantor de Jazz tendo como protagonista Al Johnson como o primeiro filme sonoro até a TV Digital – no Brasil deveria ter existido ampla discussão pela sociedade civil sobre o padrão a ser utilizado, pois ela será diretamente afetada por essa decisão – a música tem passado por grandes transformações, e sua inclusão como parte integrante da obra visiva é hoje algo relevante e mesmo indivisível. Por essa razão, fazem-se necessárias análises do conteúdo simbólico da música também no âmbito cinematográfico e televisivo. Adorno desvenda ainda uma teia sobre estereótipos que pode ser analisada não somente do ponto de vista audiovisual mas também do ponto de vista puramente musical, tratando-se dos diversos “estilos” da música, pois sem eles o público poderia não se identificar com a proposta apresentada, provavelmente mudando de canal ou estação:

Sendo os estereótipos um elemento indispensável da organização e uma antecipação da experiência que nos impede de cair na desorganização mental e no caos, nenhuma arte pode dispensá-los inteiramente. Além disso, o que nos interessa é a mudança funcional. Quanto mais se materializam e se tornam rígidos os estereótipos na presente estrutura da indústria cultural, tanto menos gente tenderá a modificar as suas ideias preconcebidas com o progresso da sua experiência. Quanto mais opaca e complicada se torna a vida moderna, tanto maior o numero de pessoas tentadas a agarrar-se desesperadamente a clichês que parecem impor alguma ordem ao que, de outro modo, é incompreensível. Assim, as pessoas não somente perdem a verdadeira visão interior da realidade, mas também acabam perdendo a própria capacidade de experimentar a vida, embotada pelo uso constante de óculos azuis e cor-de-rosa (Adorno, 1973, p. 557).

Se os meios de comunicação primam mais pela venda de seus produtos e ideias com os mais variados fins do que pela qualidade estética e artística das obras, na contramão desse totalitarismo cultural segue a recente concepção relativa a uma música de cunho social, baseando-se mais na explicação da função das obras musicais de forma isolada como subsídio para sua produção – com alguma possibilidade de inserção no sistema capitalista através de meios não convencionais e alternativos – e de sua ampla significação para grupos sociais organizados. Indo além da concepção romântica de que o artista deve passar por todas as privações, a arte – e mais especificamente a música culta que se cria hoje em dia no Brasil – passa por grandes limitações de produção e, de maneira especial, de apoio dos meios convencionais de difusão. Esforços em prol da democratização das possibilidades de divulgação da produção de uma minoria outsider começam a ser esboçados pelo poder público, mas este tem grandes limitações oriundas do pensamento neoliberal bastante arraigado no setor e em parte das empresas privadas para uma efetiva disseminação de produtos musicais fora da lógica do mercado, pois a iniciativa privada e mesmo alguns gestores públicos não são consensuais em relação à difusão maciça de uma nova diversidade cultural, pois esta acarretará perdas financeiras para o establishment econômico-cultural imperante. Contudo, como afirma Santos, “tanto no domínio da produção como no domínio do consumo, a sociedade capitalista afirma-se cada vez mais como uma sociedade fragmentada, plural e múltipla, onde as fronteiras parecem existir apenas para poder ser ultrapassadas” (2000, p. 32); neste aspecto, existem avanços – mesmo que tímidos – por parte de indivíduos, sociedades, associações, OSCIPs e grupos que estão se organizando para pleitear e ocupar maior espaço no cenário musical nacional, os quais encontram as maiores barreiras no sistema imperante.

Todos os dias as redações dos jornais e revistas são bombardeadas por produtos culturais produzidos por pessoas físicas e jurídicas com fins quase exclusivamente mercantilistas. Esse fluxo faz-se necessário a partir da natureza dos objetivos comerciais para a difusão do produto cultural ao grande público, sem a qual essa atividade deixaria de existir. Interesses econômicos, políticos e pessoais, além de muito dinheiro, circulam nos bastidores dos meios de comunicação de massa, muitas vezes sem o respectivo retorno por parte do interessado – especialmente o artista e intelectual independente que não tenha grande respaldo econômico ou político.

A enorme disponibilidade de produtos musicais no mercado de bens culturais – mais especificamente livros, CDs e DVDs – abrangeria, a priori, a totalidade da produção artística e intelectual. Isso infelizmente não acontece no mundo e, em especial, no Brasil. A “distância entre países ricos e países pobres e entre pobres e ricos de um mesmo país não tem cessado de aumentar” (Santos, 2000, p. 24); o fosso entre a intelligentsia musical brasileira e o grande público também não. Quando se escuta uma musica de J. S. Bach tocada na novela – não importa neste caso se ela mantém ou não a estrutura original barroca ou se vem arranjada e instrumentada com elementos modernos como teclados eletrônicos e letra para maior entendimento – e o público aprecia, tornando-se consumidor, pode se ter nesse fato um reflexo de algo promissor, uma luz no final do túnel para a divulgação e compreensão da música culta nacional. Observa-se que o objetivo principal é vender os discos no mercado e produzir capital, e, neste aspecto, nota-se a manipulação da preferência estética das massas, que, isolada da fonte de uma boa informação musical, torna-se uma presa fácil para as manifestações musicais mais elementares. Observa-se que a obra utilizada detém valor por si – no caso, a Cantata 156 de J. S. Bach –, e artisticamente independe de qualquer tipo e versão, na maioria dos casos, suprimindo a forma e a beleza originais.

Últimas questões

Não se pode ficar preso a antigos paradigmas, pois tudo está em movimento o tempo todo. O fato de uma música ter ou não apelo comercial, em nível de valoração, deixou de ser a questão central. Por outro lado, a vontade de alguns grupos para um maior avanço musical estético e conceitual – e até mesmo um utópico equilíbrio entre o erudito e o popular – talvez não seja de todo uma força incompatível com o mercado, como prova a música utilizada ou composta especialmente para o cinema por compositores como John Willians, Ennio Morricone, Bernard Hermann, Carl Orff, Samuel Barber, Aaron Copland, Serguei Prokofiev, Darius Milhaud, Toru Takemitsu e Heitor Villa-Lobos, somente para nominar alguns compositores. O que seria interessante neste momento para a música culta do Brasil – falo aqui especificamente da música criada por compositores profissionais e nos dias atuais – é desenvolver uma reflexão e uma análise do mundo sonoro que nos rodeia, com objetivo de criar um soundscape Schafferiano mais promissor e belo, inteligente, mas sem ser hermético a ponto de afastar a plateia e, ao mesmo tempo, longe do comum. Algumas possibilidades de inserção alternativa da música no mercado global podem ser encontradas também na internet, em http://www.andersen.mus.br, além de conceitos e novas propostas artístico-musicais.

Empenhar-se em uma luta quixotesca contra a mediocrização musical pode trazer para a sociedade civil bons resultados a médio e longo prazo. Nessa linha de pensamento situa-se o que Adorno exemplifica em seu texto sobre a televisão e os padrões da cultura de massa, que podemos transpor para o mundo da música:

enfrentar conscientemente mecanismos psicológicos que operam em vários níveis, a fim de não nos tornarmos vítimas cegas e passivas. Só poderemos mudar esse meio de extensas possibilidades se o encararmos com o mesmo espírito que esperamos seja, um dia, expresso pelas suas imagens e sons (1973, p. 561).

Esse espírito crítico – oferecidas as devidas condições pela própria sociedade – deverá poder percorrer os mais variados caminhos, expresso em palavras, segundo Lima,

insossas e condenadas à razão discursiva, que, apesar de tudo, insistem em ser ditas. Talvez a única defesa do músico seja inventar um mundo à prova de música, um mundo esterilizado musicalmente, onde tudo seja apenas texto, sem som e sem ouvido. Aí sim, será possível encontrar a tranquilidade para falar sobre música. E fazê-la (2005, p. 8).

Referências

ADORNO, T. W. “A televisão e os padrões da cultura de massa”. In: ROSENBERG, B. e MANNING, D. W. (orgs.). Cultura de massa: as artes populares nos Estados Unidos. São Paulo: Cultrix, 1973.

LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999.

LIMA, Paulo Costa. Invenção & memória: navegação de palavras em crônicas e ensaios sobre música e adjacências. Salvador: EDUFBA, 2005.

SANTOS, Boaventura de Sousa. A crítica da razão indolente. São Paulo: Cortez, 2000.

Publicado em 10 de novembro de 2009

Publicado em 10 de novembro de 2009

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