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Motivação: segurança X insegurança

Armando Correa de Siqueira Neto

Psicólogo e professor

Como razão que sirva para motivar e manter os colaboradores numa dada tarefa, o desafio é imperioso nesse tipo de empreendimento. Desafiar as pessoas de uma organização não é um evento simples. Para tanto, vale refletir a respeito de algumas contradições existentes no ser humano. Refiro-me à estabilidade tão desejada pelo funcionário: carteira assinada, salário em dia etc. É uma luta histórica a segurança garantida pelas leis trabalhistas, além da atuação sindical em prol do trabalhador. Mas devemos considerar o ponto contraditório nesse tipo de sentimento de segurança profissional: a monotonia da rotina.

A maioria dos colaboradores quer a segurança da estabilidade empregatícia e todos os seus acessórios: compensações e confortos conquistados por esforço e tempo de dedicação. Leve-se em conta, ainda, que serviços temporários e estágios são bons, mas não reluzem como o brilho do registro tradicional. O período de experiência (ainda que registrado) é uma fase estressante, pois não é a mesma coisa antes e depois dos noventa dias. Vi muita gente dar o sangue durante a avaliação inicial e em seguida jogar a toalha no chão, quase desistindo do trabalho tão desejado.

A segurança oferecida pelas leis do trabalho é boa e aconchegante, pois temos custos fixos e variáveis na vida pessoal e eles requerem certa garantia para que a ordem e o equilíbrio sejam mantidos. Mas, em nome da “estabilidade” e do “equilíbrio”, sujeitamo-nos aos limites intrínsecos à rotina. Limitamo-nos ao traçado do campo, com medo de perder toda a conquista já realizada: um lugar ao sol na convivência social. Já tivemos experiência de sobra para saber muito bem quão alto é o preço a pagar quando estamos à margem de nossos desejos sociais.

Reclamamos e exigimos de nós mesmos mais desafios porque percebemos que nossas vidas parecem entediantes e insossas em alguns períodos e sentimos que temos potencial para crescer. Nada é por natureza, nas palavras do filósofo Michel de Montaigne, “tão contrário a nossos desejos como a saciedade resultante da facilidade; e nada os excita tanto quanto a raridade e o obstáculo”. Gostamos de complicar um pouco as coisas, mas o fato é que apreciamos os desafios; eles são estimulantes e pertinentes ao crescimento. Embora as pessoas possam se diferenciar entre si em relação ao seu estado de ação ou passividade, elas têm o desejo de sair do lugar comum (umas mais, outras menos) e alcançar situações por elas sonhadas. Lograr êxito é uma expectativa comum, ainda que desenhe um gráfico com altos e baixos considerável em uma análise global.

Devemos recordar, para o nosso bem-estar, que o desafio permanente é um bálsamo, embora cause certas ondas de instabilidade. Mas a motivação diz mais respeito ao movimento e menos à passividade. Quem deseja se estimular e desenvolver uma boa dose de motivação deve buscar desafios – e não acomodação.

Publicado em 8 de dezembro de 2009

Publicado em 08 de dezembro de 2009

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