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BioDiversitas

Alexandre Amorim

Diversão e diversidade

Imagem da página inicial do site
http://www.biodiversitas.org.br

O mapa demográfico do Brasil tem uma faixa escura demarcando a zona litorânea, principalmente do Sudeste e Nordeste. O resto do país está quase todo marcado por cores claras, significando que mais da metade da população dá as costas para o Estado-continente em que vivemos. Acontece que nessa área mais rarefeita de gente se concentra uma diversidade de fauna e flora tão rica que, durante o período de férias, muitos dos moradores das grandes cidades litorâneas se viram para o interior do país, curiosos para conhecer ou nostálgicos de rever florestas, rios e animais que não podem encontrar em suas vidas cotidianas. É justamente nesse período que a falta de consciência ambiental é demonstrada da forma mais comum, a ignorância: superlotação de pousadas, acampamentos mal organizados, uso indevido da água, despejo descontrolado de lixo e a compreensível vontade do visitante de se integrar ao ambiente sem se dar conta de que aquele ambiente não estava preparado para tal integração – são várias as causas e maiores ainda as consequências da devastadora ação humana em ambientes ainda naturalmente preservados, mas a ignorância ainda é uma das principais razões.

Por isso, o BioDiversitas foi escolhido como site da vez. Analisando e aplicando a experiência científica para conservar a diversidade biológica, a fundação, sediada em Belo Horizonte, acredita na interação do homem com seu ambiente, mas sabe também das dificuldades de conciliar esse convívio com necessidades econômicas e sociais. A partir desse conhecimento, o site foi dividido em assuntos, três deles servindo como declaração de intenções e como apoio às ações da fundação: conservação, planejamento e educação.

Conservação

Nesta seção do site, o monitoramento do status de conservação da fauna e da flora ajuda a apontar espécies ameaçadas de extinção através das “listas vermelhas” desde 1990. São dados levantados e sistematizados pela própria fundação. A divulgação dessas listas, feita em todo o país, orienta a criação de estudos biológicos, geológicos, geográficos, socioeconômicos, históricos e de ecoturismo, como a Aliança Brasileira para Extinção Zero, que tem por objetivo conjugar técnica, estudos e aplicações científicos, possíveis fontes financeiras e articulações políticas de organizações governamentais e não-governamentais para a conservação e recuperação das espécies ameaçadas de extinção.

A seção oferece ainda um resumo bastante abrangente de um Atlas da Biodiversidade em Minas Gerais, que pode ser adquirido através do site. De acordo com a BioDiversitas, “o conhecimento das áreas e ações prioritárias para a conservação do uso sustentável e para a repartição de benefícios da biodiversidade brasileira é um subsídio fundamental para a gestão ambiental”, daí o mapeamento feito e publicado de forma pioneira em Minas, que pôde a partir do atlas definir as necessidades relativas à conservação de suas espécies.

Na mesma linha, existe um estudo sobre espécies exóticas, especialmente as plantas invasoras de um determinado meio ambiente, consideradas grande ameaça às espécies originais pela sua capacidade de alterar a natureza local. Pode parecer estranho a um leigo que uma espécie deva ser erradicada de determinado espaço por ser exótica àquele habitat, mas essa espécie pode erradicar outras espécies originais e causar verdadeiros desastres ecológicos. Por isso existe, por parte do site, um esforço em oferecer capacitação técnica para controle e erradicação das plantas invasoras, através de conscientização da população local e implementação de sistemas de informação.

Em complemento ao estudo de espécies exóticas, o site oferece uma análise de plantas do futuro – a flora possível no Brasil. De acordo com a importância comercial dessa flora, o projeto se propõe a identificá-la e estudar seu potencial, visando aproveitar as espécies de modo sustentável, ou seja, sem riscos de sua extinção.

A seção ainda traz estudos sobre localidades e espécies da fauna e flora brasileiras, sempre com a preocupação de apontar modos de conservação e de conscientizar comunidades e indivíduos. A proteção e o manejo das espécies ameaçadas fazem parte do trabalho de conservação, sempre apoiado por pesquisas e aplicações dessas pesquisas com o fim de educar e capacitar pessoas ligadas a determinado meio ambiente. O uso sustentável é um dos possíveis resultados desses estudos orientados à conservação de fauna e flora.

Planejamento ambiental

Conhecer fauna e flora, analisar mapas de espécies e locais de risco de extinção, conscientizar o indivíduo e a sociedade, sensibilizar a classe política. Todas essas ações poderiam se perder se não tiver planejamento estratégico para que haja conservação e uso sustentável das espécies. É necessário, também, saber quais áreas e ações são prioritárias e que tipo de benefícios é esperado em cada uma dessas áreas. A seção de planejamento ambiental apresenta justamente essa preocupação, oferecendo oficinas para análise de áreas carentes e capacitação de pessoal nessas áreas. Por exemplo, a Mata Atlântica, o Pantanal, os Campos Sulinos e a Caatinga.

A comunidade adaptada às condições ecológicas de determinado local recebe auxílio e capacitação no mapeamento de sua biodiversidade e na técnica de definir prioridades nas ações para conservar seu ambiente. O Atlas da Biodiversidade é um exemplo de resultado desse trabalho de planejamento.

Educação

Conseguir conservar a biodiversidade passa por conscientizar a população e, por isso, passa por educar. A BioDiversitas prega a harmonia entre o homem e seu ambiente, e essa harmonia não se atinge sem um entendimento do “todo que nos cerca”, como diz o próprio site.

A instituição se propõe a traduzir o conhecimento científico para a linguagem social. Não adianta pesquisar, construir e acumular conhecimento científico se esse conhecimento estiver preso entre paredes acadêmicas e não for posto em prática através do ensino ao cidadão. Alguns cursos oferecidos estão descritos no site, como o de Capacitação para Guarda-Parques, que leva em consideração não apenas a tecnicidade da função mas também a valorização da ética e da qualidade desse tipo de trabalho. Os cursos se propõem a formar também multiplicadores das funções ensinadas.

Ainda na parte de educação, o site explica melhor o curso de Administração e Manejo de Unidades de Conservação, realizado em convênio com o Governo de Minas Gerais. O objetivo é formar pessoal para gerenciar as áreas protegidas (que áreas são essas também pode ser visto no site). Para a nova geração, existe também o Programa Terra da Gente, que tem a educação ambiental como alvo, formando professores e auxiliando na interação com alunos do ensino fundamental. A preocupação em formar e manter a consciência ambiental é clara em todo o site, e o acesso aos cursos e programas é aberto. Basta querer conhecer melhor o ambiente que nos cerca e que pode deixar de existir. Sociedade e meio ambiente devem interagir, e para isso a educação das comunidades é fundamental. Nenhuma planta ou animal aprende a valorizar a ética ambiental e ter consciência de preservar o lugar em que mora. Resta a nós nos deixarmos educar.

O site oferece download de algumas publicações e links para compra de outras. Sempre preocupada em conservar de forma inteligente e sustentável a biodiversidade, a BioDiversitas publica mapeamentos de áreas protegidas, espécies em extinção e manuais de gestão ecologicamente consciente. A ecologia posta em prática parece muito mais próxima de nós e muito mais animadora do que apenas reclamar da extinção de macacos ou baleias. As famílias que vão passar as férias no interior do Brasil deveriam, antes de escolher a pousada, passar no site da BioDiversitas e se animar com a possibilidade de conviver com um espaço a ser preservado e respeitado.

Publicado em 15 de dezembro de 2009

Publicado em 15 de dezembro de 2009

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