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Consciência ecológica
Ivone Boechat
“O homem é a coroa da criação”. O ser humano tem o sabor do oceano na lágrima. Na composição química do seu corpo estão todos os preciosos metais que compõem a natureza. Ele tem a mesma proporção de líquido do planeta Terra no seu corpo. Na formação de sua estrutura física e espiritual estão presentes os estados sólido, líquido e gasoso: natureza e homem são universo-único verso de Deus!
Para Roger Garaudy, “crer que somos separados é que é ilusório. Os homens somos como galhos de uma mesma árvore ou como ondas de um mesmo oceano”. Roger denuncia, em sua obra Apelo aos vivos, que “o homem violou três infinitos. O infinitamente pequeno, ao domar o átomo e liberar a sua fantástica energia. O infinitamente grande, ao transpor as barreiras da Terra, viajando pelo cosmo. O infinitamente complexo, através da cibernética”. Muito angustiado pelo avanço tecnológico, sem compromisso com a vida, ele desabafa: “Optar pela energia nuclear é assassinar nossos netos”.
Xamã, um pajé americano, diz que ensina assim ao seu povo: “Primeiro, a arte de escutar. Segundo: que tudo está ligado com tudo. Terceiro: que tudo está em transformação. Quarto: que a terra não é nossa, nós é quem somos da terra”.
Jesus exclamou: “Olhai os lírios do campo, como eles crescem; não trabalham nem fiam... e nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles”.
O Mestre aponta para a serenidade das flores do campo como um atalho na busca do equilíbrio ecológico espiritual. As flores dão nomes a mulheres, homens, lugares, rios, países. As flores são alimentos e curam, também! Esse equilíbrio da alma é conseguido na medida em que brotarem nos canteiros do respeito as sementes da paz interior, da compaixão por si mesmo, pelo outro e pelo universo.
Preservar é não desistir de lutar pela vida, é ajudar a garantir às próximas gerações a dádiva de viver! O cidadão comprometido com a vida é capaz de interagir e ajudar a deter o poder de destruição ao redor, mesmo sem ter nas mãos as prometidas verbas públicas. Ele pode exercer a cidadania de forma pacífica, inteligente e gratuita: indignar-se.
Para preservar, é preciso formar cidadãos sentinelas da vida, que saibam intervir no momento certo para evitar o desperdício, o mau uso, o abuso; mas, sobretudo, que saibam formar o educador do meio ambiente, capaz de ensinar “a tempo e fora de tempo” como viver sem deixar rastro de morte por onde passa.
É preciso formar educadores para assessorar a sociedade na administração do que herdou. O Brasil pode dar ao mundo um grande exemplo de fraternidade ao propor um programa de reciclagem de vidas e a restauração do homem.
O homem, quando desperdiça água, luz, árvores, pensamentos positivos, oportunidade de preservar-se, inteligência para interagir na preservação do planeta, está adubando com a própria lágrima o terreno da morte para se destruir. Quando distribui lixo político, social, espiritual, emocional e toda espécie de ações inconsequentes está infectando o espaço, semeando transtornos. São crimes hediondos contra a vida.
A juventude recebeu de herança dos maus governantes, dos currículos indecentes, dos “educadores” dormentes e dos pais omissos, um grande e riquíssimo patrimônio... mal administrado, mal conservado, mal amado. É urgente que se enfrente o maior desafio de todos os tempos: formar os valores que vão substituir as mentes destruidoras por aquelas que têm sensibilidade para amar e preservar. O slogan poderia ser: adote seu planeta como bichinho de estimação. É um desafio educacional.
Afinal, "embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode recomeçar agora e fazer um novo fim".
Publicado em 10 de março de 2009
Publicado em 10 de março de 2009
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