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Educação com prazer

Cláudia Dias Sampaio

O ensino lúdico é tema constante nas discussões sobre educação. Paulo Freire, Jean Piaget, Lino de Macedo, Celso Antunes e Rubem Alves estão entre os teóricos que já se ocuparam do tema. E qual professor ou aluno não deseja uma aula animada, em que circule energia positiva?

A disposição para o encontro parece ser um bom caminho na formação intelectual e, principalmente, numa educação comprometida com a vida. Levar essa incumbência a sério é tarefa árdua, mas compromisso e desenvolvimento existencial são “formas vivas” que não combinam com uma seriedade protocolar, burocrática.

Por mais complexa que seja a situação, a leveza e a brincadeira são indispensáveis na construção das relações realmente verdadeiras. É no ambiente dessas relações, carregadas de afetividade, que realizamos a possibilidade de ampliar horizontes, aprofundar os encontros e produzir conhecimento.

Trazer a dimensão lúdica para a sala de aula é, para o professor, uma oportunidade de repensar sua prática e criar discussões que, além de propiciar a integração da turma, abram novas veias por onde possa circular o conteúdo das disciplinas.

Lúdico é “o que se faz por gosto”, e o impulso para o jogo é, segundo o filósofo Schiller, que propôs uma educação pela estética, a atividade formadora do sujeito. Seguir essa ideia significa, portanto, ter a beleza como parâmetro das relações.

Uma turma integrada, que tenha o conhecimento por objetivo comum, e um professor estimulado soam como cena utópica diante dos tantos percalços que sabemos fazer parte do cotidiano da escola. Mas, como bem propôs a poeta Cecília Meireles, devota incondicional da reflexão sobre a educação, há no ofício do professor uma afinidade com a poesia. Essa dimensão poética da educação tem a ver com a beleza, com o desejo pela intensidade dos encontros, a devoção quase missionária e o risco de transitar pelo desconhecido.

Outro ofício que se afirma nesse lugar de beleza e fé na vida é o do palhaço, ícone da ludicidade. Em entrevista à revista do Anjos do Picadeiro, festival internacional de palhaços que acontece no Brasil desde 1986, o ator Luiz Carlos Vasconcelos, o palhaço Xuxu, fala que “ser palhaço é uma pulsão de vida” e cita um trecho da Carta da Paraíba – escrita por palhaços de todo o mundo durante O Riso da Terra, evento organizado por ele em 2001 –, que se afina com a ideia de uma educação movida pelo respeito à diversidade:

“Nós, palhaços do mundo, não podemos deixar de dizer aos homens e mulheres de nosso tempo, de qualquer credo, de qualquer país: cultivemos o riso, cultivemos o riso, mas não o riso que discrimine o outro por sua cor, etnia, gostos e costumes; cultivemos o riso para celebrar as nossas diferenças. Um riso que seja como a própria vida: múltiplo, diverso, generoso. Enquanto rirmos, estaremos em paz.”

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Publicado em 10 de março de 2009

Publicado em 10 de março de 2009

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