A diversidade de culturas no Brasil: como valorizá-las na prática educativa da sala de aula?

Manoel Messias Gomes

Mestre em Ciências da Educação (Instituto Superior de Educação de Brasília), doutorando (Unigrendal)

No Brasil, há diversas tradições culturais; algumas mais popularizadas, outras pouco respeitadas. Como compreender os elementos comuns e as singularidades entre as culturas? Como lidar com a diversidade cultural e a questão de gênero na sala de aula? Nesse sentido, é muito importante que as questões relacionadas às tradições culturais sejam discutidas não só na sala de aula, mas em toda a comunidade escolar, na família e na sociedade como um todo, para que alunos, pais e a sociedade possam compreender e respeitar as tradições culturais em nossa sociedade. Compreender que nenhuma cultura é melhor ou pior que a outra, é apenas diferente, e essa diferença tem que ser respeitada, de maneira que todos possam aprender a lidar com a diversidade de culturas existentes, respeitando e procurando conviver com essa diversidade.

A questão de gênero deve ser discutida em sala de aula e na sociedade para que os alunos e as pessoas em geral possam compreender e respeitar a opção de cada um, já que etnocentrismo, estereótipo, preconceito e discriminação são ideias e comportamentos que negam humanidade àqueles e àquelas que são suas vítimas. A situação tem melhorado graças à atuação dos movimentos sociais e de políticas públicas específicas. E é nessa perspectiva que o professor deve procurar contribuir para a mudança da situação, levando o assunto para ser discutido em sala de aula, de modo que os alunos possam refletir e manifestar as suas opiniões e, dessa forma, enriquecer o debate sobre as questões relativas a etnocentrismo, estereótipos, preconceitos e discriminação, de forma que os estudantes possam compreender e respeitar as pessoas, suas escolhas e opções, discutindo de forma que possamos todos juntos contribuir para o esclarecimento e a diminuição desse tipo de atitude em relação ao outro, de modo que se crie um ambiente de respeito e de convivência pacífica com o diferente e com as diferenças.

Diversidade cultural, respeito e tolerância em relação às representações culturais

A diversidade de culturas é vital para um saudável dinamismo cultural. Diversidade demanda respeito, pois a diversidade cultural é uma realidade presente em nosso país. Portanto, temos de ter uma atitude de respeito e de aceitação em relação às representações culturais. Porém respeito e tolerância podem até ser palavras parecidas, podem até parecer sinônimas, mas, em minha opinião, respeito e tolerância não são sinônimos, já que eu posso tolerar certas coisas, mas posso não ter o devido respeito por essa coisa ou vice-versa. Portanto, percebe-se uma conotação negativa no conceito de tolerância, pois pode-se até tolerar certas atitudes sem ter o devido respeito por elas, podendo tolerar certas manifestações culturais, sem ter-lhes o devido respeito.
Nesse sentido, compreende-se que não se faz educação de qualidade sem uma educação cidadã, uma educação que valorize a diversidade. Reconheça-se, porém, que a escola tem uma antiga trajetória normatizadora e homogeneizadora que precisa ser revista.

O ideal de homogeneização levava a crer que estudantes negros/as, indígenas, transexuais, lésbicas, meninos e meninas deveriam se adaptar às normas e à normalidade. Com a repetição de imagens, linguagens, contos e repressão aos comportamentos “anormais” (ser canhoto, por exemplo) se levariam os “desviantes” à integração ao grupo, passando da minimização à eliminação das diferenças (defeitos). E o que seria normal? Ser homem-macho? Ser mulher feminina? Ser negro quase branco? Ser gay sem gestos “afetados”? Qual o conceito ou definição de “normal” e “anormal”? Qual seria o “modelo” de sujeito “normal” e de sujeito “anormal”? O conceito de sujeito normal deve ser o conceito de sujeito que age de acordo com suas convicções e concepções. Ser gay, ser lésbica, transexual etc. deve ser uma questão de opção de cada um e essa opção deve ser respeitada. O modelo de sujeito “anormal” é o sujeito que discrimina, que é homofóbico, que é intolerante e que não respeita a opção sexual dos outros. Esse, sim, é o modelo de sujeito “anormal”.

De que modo é possível aproveitar a diversidade cultural como forma significativa de ensinar os conteúdos de sala de aula numa abordagem socioconstrutivista e interacionista? Percebe-se que é possível aproveitar a diversidade cultural para ensinar uma cultura de paz, uma cultura de respeito à diversidade e à convivência com as diferenças; mediar a produção dos conhecimentos do aluno valorizando o seu conhecimento de senso comum ou os seus conhecimentos prévios, na interação com outras culturas, respeitando a diversidade de pensamentos, opiniões e jeitos de ser de todos que frequentam a escola e até fora dela.

A pesquisa como meio de repensar o ensino numa perspectiva interdisciplinar

Como um grupo de professores pode fazer da pesquisa um meio significativo de repensar o ensino numa perspectiva (inter)disciplinar? Nesse sentido, é importante perceber que esse grupo de pesquisadores poderá repensar o ensino de forma significativa, com ênfase em uma formação docente de qualidade, que torne o professor competente em seu fazer diário da sala de aula e que lhe dê o suporte pedagógico necessário para ser o mediador entre os saberes que os alunos trazem do seu meio social, isto é, os seus conhecimentos prévios, e os conhecimentos científicos que eles precisam adquirir para que se tornem cidadãos de fato e de direito e possam dar solução para os problemas do seu contexto social, problemas estes que a cada dia se tornam cada vez mais complexos, transnacionais e globais, como afirma Morin (2003).

No entanto, quais dificuldades existentes no contexto escolar podem ser discutidas com alunos, pais e comunidade, de modo que os avanços sejam coletivos e os resultados vislumbrados por todos os envolvidos? Nessa perspectiva, entende-se que as dificuldades existentes no contexto escolar que podem ser discutidas e compartilhadas com os alunos, pais e a comunidade em geral são problemas que precisam de discussão e de solução compartilhada, como: o problema das drogas, que se tornou um problema local, nacional e mundial, tão presente em todas as sociedades e que dizem respeito a todos nós; a homofobia, também presente na escola e fora dela; a intolerância, seja ela de que forma for; os problemas sociais como desemprego, consumismo, falta de perspectiva, a cultura do salve-se quem puder e muitos outros assuntos que merecem e precisam ser discutidos e solucionados pela escola e pela sociedade.

Pois a escola deve ser uma instância de formação de cidadãos críticos, criativos, conscientes e competentes para solucionar os problemas do seu meio social. Ou seja, a escola deve formar para a vida. No entanto, o que se percebe é que ela tem sido, ao longo do tempo, um mero engodo. Ela tem formado para tudo, menos para a vida. Pois, como afirma Althusser (s/d), ela tem se tornado ao longo do tempo um aparelho ideológico do Estado, responsável pela inculcação da ideologia da classe dominante, isto é, a classe que está no poder.

Porém professores e educadores têm de lutar para transformá-la numa instância em que se forme para a vida. Nesse sentido, acredita-se que, nessa direção, ao assumir aqueles princípios fundamentais com que a civilização assegurou a sua evolução nos últimos séculos, baseados nos ideais de universalidade, igualdade, progresso e justiça social, a educação em seu sentido mais amplo possa contribuir efetivamente para a emancipação humana, sinalizando estar além do compromisso de seus atuais projetos pedagógicos com os novos paradigmas baseados nos ideais econômicos. É nesse sentido que a cidadania é o exercício dos direitos e deveres civis, políticos e sociais estabelecidos na constituição de um país e cidadão é o indivíduo que vive de acordo com um conjunto de estatutos pertencentes a uma comunidade política e socialmente articulada. Porém, na educação, esses termos precisam ser postos em prática, uma vez que percebemos que no âmbito escolar nossos alunos ainda não são tratados como verdadeiros cidadãos quando convivemos, na prática escolar, com um ensino carente de qualidade e que a cidadania dos que frequentam a escola ainda não é respeitada quando convivemos com os altos índices de evasão e de reprovação desses alunos, principalmente na escola pública.

O papel da escola na formação crítica do aluno

A escola poderá ter um papel preponderante principalmente no momento em que ela puder formar alunos esclarecidos e críticos, que possam saber a importância do seu voto como cidadão de direitos para a democracia, que possam saber escolher os seus candidatos com sabedoria, autonomia e autoridade, de maneira esclarecida, fortalecendo a democracia. Essa mesma escola também poderá contribuir decisivamente com seus alunos para uma cultura da paz e de respeito às diferenças; somente assim ela poderá contribuir para a diminuição de comportamentos antissociais, dando uma educação de qualidade aos alunos que a frequentam. E poderá também contribuir para que os alunos, de maneira consciente, possam ter uma atitude de cidadãos frente à política, seja de que tipo de política que for. Também ela poderá contribuir para uma cultura de respeito, de atitudes positivas frente às relações inter-raciais, principalmente, primando pelo respeito e a convivência pacífica com as diferenças, contribuindo também para que o aluno possa compreender-se como cidadão de fato e de direito, e com a renovação cívica.

A escola não deve resolver os problemas sociais. Ela não é a instância com autoridade para tal especificidade. Entretanto ela deve preparar cidadãos competentes para que possam resolver os problemas de sua comunidade, do seu contexto social, pois a escola, como instância educativa e educadora, deve preparar cidadãos competentes e conscientes de seus direitos e responsabilidades com ferramentas necessárias, ou seja, com conhecimentos significativos, de forma que estejam preparados para resolver os problemas que aparecerem no seu contexto social, problemas esses que, sabemos, são cada vez mais complexos, nacionais e globais, como afirma Morin (2003).

A escola, além de colaborar de forma a aprimorar a educação familiar, pode proporcionar os conhecimentos científicos, formais e necessários que nem a família nem o trabalho podem proporcionar. Essa Educação pode tornar o ser humano protagonista do seu destino. Pode preparar para o trabalho, para a convivência em sociedade. Também pode formar cidadãos responsáveis e competentes para serem sujeitos de suas vidas. É nesse sentido que a escola, por seu corpo docente, poderá oportunizar aos jovens – tanto os que a frequentam como os outros do seu entorno – projetos ou cursos de cidadania para o meio social no qual ela está inserida, contribuindo inclusive para a conscientização dos problemas sociais que a cercam, preparando os cidadãos para a resolução desses problemas.

É nesse sentido que se percebe que direitos e responsabilidades são as duas faces de uma mesma moeda. De acordo com a Constituição de 1988, os brasileiros possuem uma série de direitos, como: direitos fundamentais; direitos iguais; liberdade de expressão; ser tratado com humanidade etc. Porém, com relação às crianças, jovens e idosos, além dos direitos previstos na constituição, esse coletivo também é amparado por leis específicas previstas em seus estatutos. Com relação aos deveres, existe uma série deles que o cidadão é obrigado a cumprir: cumprir as leis; respeitar o direito alheio; educação, sustento e saúde dos filhos etc.. Portanto, direitos e responsabilidades são importantes para o cidadão tanto na família quanto na sociedade. E a escola tem por obrigação zelar pelo direito de todos que a frequentam e exigir que todos cumpram com as suas responsabilidades.

Nessa perspectiva, o cidadão tem cada vez mais que se responsabilizar por si próprio, pela sua formação e pelo desenvolvimento de competências, por todos os atos e atitudes que vai tomando ao longo da vida. Ele não pode estar à espera do Estado ou de qualquer outra organização para resolver seus problemas.

É legítimo a escola encorajar o exercício da cidadania a todos que a frequentam, pois é muito importante que os alunos se tornem sujeitos do processo de aprendizagem e que a escola incentive a criatividade, a criticidade e a atuação de todos eles como sujeitos de seus destinos, porque a cidadania deve ser ensinada na escola para que as crianças, jovens e adultos que a frequentam se tornem sujeitos do processo educativo, para que possam conhecer e exigir os seus direitos tanto na escola, quanto na sociedade. E também possam respeitar o direito do outro.

Como entender as relações entre educação e cultura?

As relações existentes entre educação e cultura vêm provocando a necessidade de reflexões a respeito do multiculturalismo em nível global. Apesar de o Brasil apresentar uma configuração própria e característica do seu povo, como uma população miscigênica, tal hibridação de culturas, conhecimentos, etnias e costumes enraizados no povo brasileiro deve-se aos muitos povos que migraram para cá, que, mesmo descaracterizados, demonstraram sua resistência, firmando suas identidades. No entanto, percebe-se que o multiculturalismo tem passado despercebido frente às sociedades, as suas marcas vêm deixando um respaldo bastante positivo na história brasileira, que deve admitir o reconhecimento da grandeza dessa fusão de conhecimentos adquirida ao longo dos séculos, visto que não se pode negar que em cada indivíduo haja um pouco de conhecimento provindo dos povos que constituíram este país.

Percebe-se, entretanto, que numa sociedade multicultural como a nossa a igualdade de oportunidades deixa de existir integralmente para todos, ficando excluídos ou à sua margem grupos minoritários, como homossexuais, negros, índios e pessoas de determinadas áreas ou regiões, havendo, assim, a necessidade de uma política que favoreça a integralidade de todos, dando ênfase ao reconhecimento das diferenças.

Porém, de acordo com McLaren (1997 apud Pansini; Menezes, 2008, p. 35), existem quatro vertentes de multiculturalismo:

  • o conservador, que almeja a construção de uma cultura comum, embasada na cultura branca;
  • o liberal por ingenuidade, que prega a igualdade natural entre as diversas culturas;
  • o liberal de esquerda, que admite a diversidade cultural, possibilitando a participação de outros grupos nas discussões; e
  • o crítico, que considera os anseios voltados aos movimentos culturais.

Sabe-se a escola é o mais apropriado sistema aberto da estrutura social, pois fazem parte dela crianças, jovens e adultos pertencentes aos diversos grupos e classes sociais de distintos aspectos físicos, costumes e práticas sociais. Essa instituição está incumbida de disseminar meios que propiciem a diminuição do preconceito ou da discriminação cultural, já que a discriminação e o preconceito excluem as pessoas da sociedade, privando-as dos direitos que lhes são devidos, despersonalizando o cidadão.

O processo educacional é a principal via de acesso ao resgate da igualdade social, efetivação da cidadania e do reparo das imagens distorcidas, pois a escola é o instrumento que pode possibilitar a atenuação e a prevenção da exclusão; a educação e o multiculturalismo são dois fenômenos indissociáveis para a equidade social. De acordo com Moreira (2001), “a educação multicultural deve estar inserida no currículo pedagógico em todas as instituições de ensino, inclusive nas universidades”.

Nesse sentido, os professores devem ser formados por meio de currículos atuais tanto na formação inicial quanto na continuada, porque a educação multicultural oferece ao professor um melhor desempenho em sua tarefa pedagógica, valorizando a perspectiva do aluno e possibilitando a construção de um currículo mais próximo da realidade. Entretanto, somente por meio de uma formação sólida é que se pode desenvolver um espaço de novas identidades, novas posturas, novos saberes e renovadas estratégias para o reconhecimento do multiculturalismo, uma formação possibilite ao professor um questionamento capaz de reformular a sua prática docente, incluindo no seu currículo a fusão de culturas com vistas à minimização da marginalização dos grupos subalternos, possibilitando ao professor a intermediação entre a cultura do aluno e os conhecimentos hibridizados no espaço escolar.

As diferenças existentes entre os indivíduos sinalizam que ser diferente é pertencer a uma normalidade e devem ser levadas em consideração para a sua emancipação política, social e cultural. É necessário que haja uma formação docente pluralizada, construída por concepções diversificadas que almejem a superação universalizada dos costumes, dos hábitos e do senso crítico de cada indivíduo.

Como entender os diferentes sistemas de gênero no espaço escolar?

Os diferentes sistemas de gênero – masculino e feminino – e de formas de operar nas relações sociais de poder entre homens e mulheres são decorrência da cultura, e não de diferenças naturais instaladas nos corpos de homens e mulheres. Não faltam exemplos de que a hierarquia de gênero, em diferentes contextos sociais, é favorável ao masculino. De onde vêm as afirmações de que as mulheres são mais sensíveis e menos capazes para o comando?

A ideia de “inferioridade” feminina foi socialmente construída pelos próprios homens e pelas mulheres ao longo da história. A ideia de inferioridade feminina vem, ao longo da história, de uma sociedade machista, em que as mulheres sempre foram vistas como inferiores ao homem, com a desculpa de que a mulher é mais sensível e mais fraca fisicamente, sendo, portanto, inferior e deve ser subordinada ao homem. Tal cultura foi repassada de geração em geração, fazendo com que até mesmo as mulheres se sentissem inferiores e incapazes em relação aos homens. No entanto, nos últimos tempos, temos percebido a evolução e a revolução causadas pelas mulheres para mostrar o quanto são competentes, muitas vezes superiores aos homens em competência e responsabilidade.

Hoje vemos que mulheres e homens são iguais e muitas vezes temos encontrado mulheres em posição de comando, saindo-se bem melhor do que homens na mesma posição. Vemos hoje muitas famílias serem sustentadas por mulheres que mostram a cada dia o quanto são capazes e o quanto são dinâmicas em suas atitudes, em relação à profissão, à família e à sociedade.

São muito presentes ainda em nossa sociedade as ideias machistas que foram encasquetadas em nossas cabeças ao longo do tempo, no sentido de tratar meninos e meninas de formas diferentes; essa diferença era sempre no sentido de inferiorizar as meninas em relação aos meninos.

No entanto, temos visto e presenciado grandes avanços em relação às formas de educar nossos filhos, sejam homens ou mulheres. O mais importante é que sempre sejam educados para que respeitem as diferenças e as opções sexuais de cada um. Se educarmos nossos filhos para serem cidadãos respeitadores, tolerantes e para procurarem conviver com as diferenças respeitando-as, então tenho certeza de que os teremos educado adequadamente.

Ser mulher branca, negra, indígena, pobre ou rica, em minha opinião, não deve fazer diferença. O que importa é que sejam mulheres competentes, sensíveis, femininas ou feministas, sejam gays, lésbicas ou heterossexuais. O que importa é que sejam mulheres. Que tenham dignidade e que lutem com todas as forças pelos seus direitos e que sejam respeitadas em suas opções e decisões. Quanto à escolaridade, que lutem cada vez mais por escolaridade e por educação, pois, quanto mais conscientes elas forem, mais vão poder lutar pelos seus direitos e pelo respeito que merecem.

A escola e a família têm papel fundamental na luta contra o aumento do preconceito e da discriminação direcionados às mulheres e a todos aqueles que não correspondem a um ideal de masculinidade dominante. Qual a responsabilidade da escola e de educadores e educadoras na garantia do direito de cada pessoa ter uma justa imagem de si e de ser tratado com dignidade? Como educar meninos e meninas para a igualdade de direitos e oportunidades? A escola e a família têm esse papel fundamental, de educar as crianças, adolescentes e jovens para uma cultura de respeito às diferenças e para uma convivência pacífica e de respeito pelas opções de cada um.

É da responsabilidade da família e da escola, de educadores e educadoras, procurar garantir, seja na escola, na família ou na sociedade, o direito de cada pessoa poder ter uma justa imagem de si mesma e de ser tratada com a dignidade e o respeito que merece. Portanto, cabe a todos nós, pais e educadores, orientar nossas crianças, adolescentes e jovens para uma cultura de respeito à dignidade da pessoa humana e de respeito à diversidade de opiniões e de opções para a vida de cada um.

Se as mulheres são a maioria da população brasileira, nada mais justo do que elas serem a maioria na política. Isso mostra que a nossa sociedade ainda tem muito de uma visão machista da situação, pois, como se sabe, os partidos políticos devem guardar pelo menos 20% de sua representação política para o sexo feminino, o que sabemos que já é muito injusto. Sabemos que a representação política das mulheres é muito menor do que isso; percebemos que as mulheres ainda têm de lutar muito para que possam ser realmente reconhecidas como maioria da população; diante disso, nada mais justo do que elas possam, realmente, ser maioria na representação política da população em nosso país.

Na atualidade, é comum presenciar em nossa escola cenas de violência de gênero, principalmente de homofobia em relação a alunos homossexuais, tanto masculino quanto feminino, porém, isso nos desafia a levar para a sala de aula a questão e o debate sobre questões de gênero, o respeito que se deve ter pelas opções de cada um e a procura por conviver com as diferenças e com o diferente. Seria também muito importante que as questões sexuais e de gênero pudessem ser mais debatidas em nossa escola.

Com relação à disciplina e às diferenças de rendimento, percebemos que as meninas são mais comportadas e prestam mais atenção nas aulas, tirando notas melhores que os meninos, não porque sejam mais inteligentes, apenas são mais dedicadas. As meninas brincam mais no pátio e os meninos brincam mais na sala de aula; por isso, rendem menos do que as meninas.

Considerações finais

É fato que a violência nos dias de hoje atinge-nos a todos. Somos cotidianamente abordados por notícias assustadoras sobre a violência e suas várias facetas. A violência de gênero é aquela oriunda do preconceito e da desigualdade entre homens e mulheres; apoia-se no estigma de virilidade masculina e de submissão feminina.

Enquanto os rapazes e os homens estão mais expostos à violência no espaço público, garotas e mulheres sofrem mais violência no espaço privado. Isso quer dizer que a violência vem de casa? Será que a escola contribui para esses comportamentos? Será que estimula o uso da força física e da opressão por parte dos meninos e a submissão por parte das meninas?

A violência está presente em todos os espaços. E a escola não tem escapado. Muitas vezes, entretanto, percebemos que a violência é gerada na família, quando pais e mães não se respeitam e não respeitam os seus filhos. Muitas vezes presenciamos atos de violência na família quando os pais agridem as mães, física ou psicologicamente, na frente dos filhos, gerando situações de violência doméstica, e os filhos, assistindo a tudo isso, muitas vezes levam para o espaço da escola aquilo que presenciaram em casa, desrespeitando os colegas e os professores, que têm se tornado vítimas da violência gerada na sociedade e que se reflete também na escola. Tudo isso muitas vezes sob a visão de que os homens são superiores às mulheres e que elas devem se submeter inclusive a tudo isso que estamos presenciando na escola e na sociedade.

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Publicado em 19 de novembro de 2019

Como citar este artigo (ABNT)

GOMES, Manoel Messias. A diversidade de culturas no Brasil: como valorizá-las na prática educativa da sala de aula? Revista Educação Pública, v. 19, nº 30, 19 de novembro de 2019. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/19/30/a-diversidade-de-culturas-no-brasil-como-valoriza-las-na-pratica-educativa-da-sala-de-aula

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