O uso da tecnologia no ensino da Matemática: contribuições do software GeoGebra no ensino da função do 1º grau

Edvaldo Ramalho de Oliveira

Pós-graduando em Ensino de Ciências e Matemática (IFPB/UAB)

Douglas da Silva Cunha

Pós-graduando em Ensino de Ciências e Matemática (IFPB/UAB)

O uso das tecnologias na sala de aula, hoje em dia, é um assunto bastante discutido. Percebe-se que a tecnologia, além de fazer parte do cotidiano das pessoas, está também fazendo parte das salas de aula, seja com o uso do Datashow, da TV, do notebook, do celular, entre outros. Sabe-se também das dificuldades encontradas nas escolas quanto ao uso de tecnologias, seja pela falta de um laboratório de informática, de recursos que possam ser utilizados pelos professores e, muitas vezes, falta até formação para que os educadores possam usufruir desses recursos em suas aulas. Para Sá e Machado,

o uso das tecnologias na sala de aula vem se tornando uma ferramenta de grande importância, pois consegue auxiliar tanto o professor quanto o aluno na explicação e na compreensão dos conteúdos. Com a tecnologia na aula os alunos sentem-se mais motivados a aprender e a partir disso o docente consegue ensinar de forma mais dinâmica e criativa (Sá; Machado, 2017, p. 1).

O uso de um recurso didático nas aulas leva os alunos a aprenderem o conteúdo de uma forma dinâmica e pensativa e não de uma forma já pronta e acabada, pois o recurso dispõe da capacidade de pensar do aluno, ou seja, é o momento em que o estudante coloca a mente para funcionar. O uso da tecnologia na sala de aula faz com que o aluno se sinta motivado a aprender de maneira dinâmica e que traga resultados positivos.

Para Ferreira, Campos e Wodewotzki (2013, p. 163), “a tecnologia é essencial no processo de visualização, e ela, por sua vez, ocupa um papel pedagógico fundamental na compreensão de conteúdos matemáticos”. Assim se percebe a importância do estudo das tecnologias no ensino do componente curricular Matemática, uma vez que, existem muitos obstáculos que impedem os professores a usarem os recursos tecnológicos, dentre eles é a não formação especifica e também pelo fato de a escola não disponibilizar laboratório de Informática. E o pior são as escolas públicas que têm infraestrutura básica péssima, muitas vezes até sem energia elétrica, o que torna realmente inviável a produção de aulas com recursos tecnológicos.

O software educativo proporciona aos alunos uma melhor visualização do conteúdo abordado levando o mesmo a pensar e refletir sobre o que está sendo trabalhado naquele momento em sala de aula, isso faz com que o aluno tire suas próprias conclusões sobre o conteúdo exposto e que ele aprenda a pensar e não espere que o professor já venha com suas respostas prontas e acabadas, e as metodologias ativas chegaram para que se pudesse repensar a forma tradicional de da aula, e por meio da gamificação, que é uma metodologia ativa, o aluno tem a oportunidade de aprender de forma participativa e lúdica e o professor não será mais o centro do processo de aprendizagem, e sim o aluno. A gamificação é uma metodologia que permite o uso de jogos (virtuais ou presenciais) para a transmissão de conhecimento. Por se tratar de uma forma mais “divertida”, gera mais engajamento dos colaboradores. O software educativo proporciona aos professores a trabalharem com campos conceituais, facilitando a aprendizagem de conceitos matemáticos. A esse respeito, Lima (2009, p. 36) afirma que,

ao considerar as possibilidades de ensino com o computador, o que pretendo destacar é a dinamicidade desse instrumento que pode ser utilizado para que os alunos trabalhem como se fossem pesquisadores, investigando os problemas matemáticos propostos pelo professor construindo soluções ao invés de esperarem um modelo a ser seguido.

O GeoGebra é um software que é trabalhado no computador e que tem a possibilidade de levar os alunos a investigarem problemas matemáticos que podem ser abordados pelo professor quando, por exemplo, tiverem trabalhando o conteúdo de função do 1º grau, podendo até ser problemas do dia a dia do aluno. Nesse sentido, surge a seguinte questão: quais as principais contribuições que o GeoGebra proporciona no ensino da função do 1º grau?

Para realização deste trabalho foi desenvolvida uma pesquisa bibliográfica com abordagem qualitativa cujo objetivo principal é analisar as contribuições do software GeoGebra no ensino de função do 1º grau. Para as reflexões teóricas e realização do trabalho, foram utilizados como aporte autores como Sá e Machado (2017), Ribeiro e Paz (2012), Rêgo (2000) e Lima (2009), entre outros.

Deste modo, para melhor compreensão deste estudo, este artigo apresenta em sua arquitetura textual a seguinte organização: além desta introdução, o texto traz uma seção teórica, na qual fazemos uma abordagem sobre as tecnologias no ensino da Matemática, discute-se sobre as contribuições do GeoGebra para o ensino do referido componente curricular; em seguida, descreve-se a metodologia empregada; e, por fim, apontam-se as considerações finais.

Referencial teórico             

As tecnologias chegaram para contribuir com a educação, e sabendo que os alunos de hoje estão sempre conectados, é de grande importância que os educadores façam o uso dessas tecnologias já utilizadas pelos alunos para contribuir com o ensino aprendizagem da Matemática, que é um componente temido por muitos, na maioria das vezes. Este capítulo estará dividido em duas seções, a primeira é “Tecnologia no Ensino de Matemática”, que vai abordar um pouco de como está sendo trabalhado o uso da tecnologia no ensino da Matemática; e a segunda seção é a “Contribuições do software GeoGebra para o ensino de Matemática”, que traz um recorte de como esse aplicativo pode contribuir para a aprendizagem dos alunos no ensino da Matemática.

Tecnologia no ensino da Matemática      

O trabalho com tecnologia na sala de aula vem sendo bastante discutido nos dias atuais. Os professores estão cada vez mais se aperfeiçoando e trazendo novos recursos para suas aulas, principalmente nas aulas de Matemática, a qual necessita de uma grande atenção. Sabe-se que não é de agora que a tecnologia chegou ao ensino da Matemática, e segundo Ribeiro e Paz (2012, p.15), “O surgimento das Novas Tecnologias na Educação Matemática teve início no ano de 1970 por meio de programas implantados pelo Ministério da Educação e Cultura com o intuito de promover inovação e evolução no ensino”. A BNCC em sua competência 5 fala da importância do uso das tecnologias digitais na vida escolar dos alunos: “Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva”. Logo, percebe-se que o ensino por meio da tecnologia chegou para ficar e somar, mesmo encontrando pedras no caminho.

A realidade com novas metodologias na sala de aula necessita ser utilizada nas escolas pelos professores para contribuir com a aprendizagem dos educandos, pois de acordo com a BNCC os alunos precisam “exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva”. (Brasil, 2018, p. 9). E assim como relataram Ribeiro e Paz, todos precisam mudar os pensamentos para o uso de novas metodologias, e se tratando das tecnologias que estão bem presentes hoje em dia, é necessário que elas sejam aceitas, principalmente, pela escola, pois há uma certa dificuldade de compreender que a tecnologia é um recurso importantíssimo na sala de aula e, mesmo com essas dificuldades, “os professores reconhecem a importância de um ensino informatizado, isso é fato” (Ribeiro; Paz, 2012, p. 16).

Contudo, o professor muitas vezes tem se reconhecido pouco capacitado mediante tantas novidades, tal como afirma Simon (2013, p. 26):

O professor também está se percebendo pouco capacitado para abranger todas estas novidades, sendo alguns motivos como: a falta de cursos de aperfeiçoamento e o pouco tempo que eles têm disponível. Está lhe faltando incentivo das grandes autoridades da educação para que possam aperfeiçoar seus conhecimentos.

Mesmo os professores reconhecendo a importância que tem o uso de um recurso tecnológico na sala de aula, eles também ficam preocupados com a falta de capacitação para aprenderem a usar esses recursos na sala de aula. Diante das falas dos autores referidos anteriormente, pode-se compreender que há uma falta de capacitação para os professores para que assim eles possam se aperfeiçoar mais. Sabe-se que a Matemática é um dos componentes curriculares em que os alunos apresentam mais dificuldades na aprendizagem de certos conteúdos, assim, cabe ao professor procurar o melhor meio de poder contribuir. Compreende-se que hoje existem diversos recursos que podem ser utilizados na sala de aula com o intuito de promover uma aula mais dinâmica, participativa e com maior aprendizagem no conteúdo trabalhado, sendo a tecnologia um desses recursos, e hoje já faz parte da sala de aula de muitas escolas. Pereira e outros autores falam que:

estudar Matemática, na maioria das escolas, é considerado um desafio pelos estudantes. Enquanto alguns se destacam, muitos têm dificuldades para compreender determinados tópicos e desenvolver habilidades necessárias para a resolução de problemas, à medida que esses vão ficando mais complexos e exigindo mais do estudante. Assim, o principal objetivo de incorporar as tecnologias de informação, nesse processo, é minimizar as dificuldades proporcionando o entendimento dos temas apresentados com ferramentas alternativas. (Pereira et al., 2012, p. 7).

Pode-se observar na fala dos autores citados que o objetivo de utilizar tecnologias nas aulas de Matemática é o de auxiliar os alunos nos conteúdos que eles apresentam grande dificuldade. Pereira et al. (2012, p. 3) ainda abordam que “há diversas possibilidades de aliar a tecnologia à educação, mas para isso é necessário que o professor possua o conhecimento e o domínio do meio utilizado, além de criatividade para desenvolver atividades e entretenimentos para os alunos”. Importante essa fala dos autores, pois é sabido que alguns professores ainda não possuem o conhecimento necessário para poderem trabalhar com tecnologias na sala de aula e por esse motivo acabam não fazendo o uso desse recurso. “O papel do professor é bem maior do que propriamente dito, pois ele não deve apenas explicar o conteúdo, mas sim tornar o aluno um cidadão com a visão mais crítica do conhecimento” (Simon, 2013, p. 7). 

O aluno gosta do novo, de novidades, e quando o professor busca contribuir com as aulas é certo que a aprendizagem dos alunos só tem a crescer. Cada dia é uma oportunidade de o professor incentivar o aluno a aprender, e sabe-se que o educando só aprende se for motivado a isso.

De acordo com Simon (2013), o ambiente da sala de aula é um lugar apropriado para transferir o saber, ou seja, tanto o aluno aprende com o professor quanto o professor com o aluno, portanto, deve acontecer uma troca de aprendizagem, experiências e conhecimentos e com isso todos só têm a ganhar e a contribuir.

Percebe-se que, se não houver a troca de conhecimento e experiências na sala de aula, o professor enfrentará muitas dificuldades para poder fazer o seu melhor papel em sala de aula. Contudo, na maioria das vezes as escolas não disponibilizam os materiais necessários para eles ministrarem suas aulas da melhor forma possível, assim “é de suma importância que o professor saiba utilizar a sua prática e as estratégias pedagógicas adequadas em cada situação, de modo a levar o aluno a reconstrução do conhecimento” (Simon, 2013, p. 13).

A tecnologia é essencial para a educação e deve sim estar presente nas aulas de Matemática. “A forma de a educação preparar as pessoas para o mundo tecnológico é fazer do aluno um sujeito reflexivo, que domine a técnica, que tem cultura geral e visão crítica para utilizar a tecnologia como sabedoria” (Simon, 2013, p. 16). Assim, tanto o professor quanto o aluno devem ter muita sabedoria para fazer um bom uso das tecnologias, pois, como já foi mencionado no corpo do trabalho, é de grande importância o seu uso.

Se o uso da tecnologia for realmente usado de maneira adequada e organizada, assim como mencionou Simon, a educação sem dúvidas irá caminhar para frente. Como a Matemática é um dos componentes curriculares mais temidos pela maioria dos alunos, conforme já mencionado no decorrer do artigo, é importante que os professores possam sempre inovar suas aulas, para tentar diminuir as dificuldades dos alunos. A esse respeito, Sá e Machado (2017, p. 3) afirmam que,

no ensino de Matemática, observa-se que novos métodos são sempre bem-vindos, uma vez que a dificuldade em aprender a disciplina é constante, o que gera medo e receio em aprendê-la. Diante dessa realidade, cabe ao professor inovar na forma de ensinar. Procurando tornar o ensino mais dinâmico e interessante.

Compreende-se diante do exposto até aqui que a tecnologia no ensino de Matemática é de total importância para a aprendizagem, sem tantas dificuldades para os discentes. Percebe-se ainda que é através do uso de alguma tecnologia que se pode superar as dificuldades que os alunos apresentam em determinados conteúdos, ensinando-se então de uma forma que eles possam aprender. Sá e Machado (2017, p. 5) comentam que

a utilização da tecnologia é muito significativa no ambiente escolar. Mais ainda quando se direciona no ensino de matemática, já que há diversos softwares que permitem ao aluno melhor compreensão e visualização do conteúdo, além de proporciona-los vários meios de resolução. No estudo de funções, destaca-se o software GeoGebra que possibilita uma aprendizagem mais atraente e divertida, além de provocar a curiosidade do aluno em aprender mais. O software oferece uma visão ampla de todas as etapas da resolução e ainda facilita o encontro e a correção de seu erro, fazendo com que o aluno construa seu próprio conhecimento, caracterizando um bom rendimento.

A Matemática, como se sabe e como exposto aqui, é o componente curricular em que os alunos apresentam mais dificuldade na aprendizagem dos conteúdos, logo fazer uso de um software que mostre ao aluno que aquele conteúdo pode sim ser compreendido por ele, torna-se bem significativo, além de atrair, divertir, ainda leva o aluno a querer aprender mais. Assim, percebe-se que o componente de Matemática, com o uso da tecnologia, será mais compreendido pelos alunos. Isso significa que cabe ao professor encontrar a melhor forma de contribuir com a sua aula e principalmente com a aprendizagem dos alunos.

Contribuições do software GeoGebra para o ensino da Matemática

“O GeoGebra é um software de matemática dinâmica, que reúne Álgebra e Geometria. É desenvolvido para aprender e ensinar matemática nas escolas por Markus Hohenwarter e uma equipe internacional de programadores” (Pacheco, 2019, p. 199). Pacheco relata que,

com o uso do GeoGebra, é possível dinamizar e enriquecer as atividades no processo de ensino e aprendizagem da matemática, pois é um software de Geometria Dinâmica, onde são contempladas as construções de pontos, vetores, segmentos, retas e secções cônicas. Através do GeoGebra é possível analisar equações, relacionar variáveis com números, encontrar raízes de equações. Permite ainda associar uma expressão algébrica à representação de um objeto da Geometria.

O GeoGebra é um software bastante utilizado pelos educadores no ensino da Matemática, pois, em um só aplicativo, são trabalhados assuntos de Álgebra e Geometria, ou seja, uma variedade de conteúdos pode ser trabalhada com o uso do software GeoGebra. Por isso, ele vem contribuindo bastante com a aprendizagem dos alunos. Na Figura 1, visualiza-se a tela principal quando se abre o software.

Figura 1: Tela inicial do software GeoGebra

Além das contribuições já referidas, um conteúdo bastante utilizado no cotidiano dos alunos são as funções. Função polinomial do 1º grau, também conhecida como função afim, é um conteúdo estudado por todos os alunos no Ensino Fundamental II e que requer um pouco de atenção para uma melhor aprendizagem e compreensão.

O conceito de função é muito importante para a compreensão de muitos outros conceitos matemáticos. Definimos uma função como toda relação entre A e B, onde A e B são grandezas de natureza distintas, que associa todo elemento da grandeza A com um único elemento da grandeza B. Uma função é definida por meio de pares ordenados, por meio de uma tabela, por meio de um gráfico, ou ainda, por meio de uma equação também chamada de lei de formação da função (Farias; Alves, 2013, p. 5).

Utilizando o software GeoGebra associado ao estudo dessas funções, percebe-se que há um despertamento na curiosidade dos alunos e os motiva a aprenderem, pois eles gostam de novidades e tudo que vem a contribuir com a aprendizagem do aluno é bem-vindo. Na Figura 2 está representada a função polinomial do 1º grau f(x)= x+3.

Figura 2: Representação da função f(x) = x+3

Alguns autores enfatizam tal estudo por intermédio do GeoGebra para colaborar de forma significativa o processo de ensino aprendizagem, como por exemplo, Rêgo:

As principais vantagens dos recursos tecnológicos, em particular o uso de computadores, para o desenvolvimento do conceito de funções seriam, além do impacto positivo na motivação dos alunos, sua eficiência como ferramenta de manipulação simbólica, no traçado de gráficos e como instrumento facilitador das tarefas de resolução de problemas. A utilização de computadores no ensino provocaria, a médio e longo prazo, mudanças curriculares e de atitude profundas uma vez que, com o uso da tecnologia, os professores tenderiam a se concentrar mais nas ideias e conceitos e menos nos algoritmos (Rêgo, 2000, p. 76).

O computador é um recurso tecnológico que possibilita aos alunos uma aprendizagem significativa sendo usado com um software adequado, como, por exemplo, o GeoGebra, que possibilita aos alunos a aprendizagem de alguns conteúdos de maneira dinâmica, como já mencionado. De um modo geral, sabe-se que para o estudo das funções em diversos segmentos são encontradas muitas dificuldades de ensino e aprendizagem, muitas vezes ocasionado pela falta da construção e visualização dos gráficos, então os alunos acabam memorizando regras sem fazer contextualização com a definição de função. 

O software GeoGebra é muito conhecido pelos professores de Matemática, pois proporciona que os alunos sejam mais ativos na sua aprendizagem e traz uma aproximação entre o professor e o aluno na busca do conhecimento dos conteúdos, como, por exemplo, das funções. O GeoGebra é um software de Matemática dinâmica, gratuito, uma multiplataforma para todos os níveis de ensino, que combina Geometria, Álgebra, tabelas, gráficos, estatística e cálculo numa única aplicação.

De acordo com Nóbrega e Araújo (2010), o GeoGebra sozinho não ensina coisa alguma, pois para existir aprendizagem será essencial que o aluno reflita durante a realização das atividades. Para tanto, é necessário que o professor tenha formação adequada e esteja preparado para planejar as situações de aprendizagem. O GeoGebra ainda torna a Matemática agradável e atrativa para os alunos, conforme as metodologias usadas pelos professores.

Muitas tecnologias existem no meio da Educação, mas existem aquelas que contribuem de maneira específica para determinado conteúdo, como o caso do software GeoGebra no ensino das funções polinomiais do primeiro grau. Ferreira, Campos e Wodewotzki (2013, p. 162) ponderam:

Vemos a tecnologia como parte de uma estratégia colaboradora na medida em que, graças à implementação de algoritmos, viabiliza o trabalho com problemas diversos que envolvem diferentes níveis de complexidade algébrica e grande quantidade de dados. A tecnologia é também facilitadora, já que, ao possibilitar uma ampla visualização de imagens, contribui tanto para a melhor aprendizagem de conceitos e de algoritmos quanto para aplicações da Matemática.

Quando Ferreira, Campos e Wodewotzki relatam que a tecnologia é facilitadora, uma vez que ela traz várias possibilidades de aprender os conteúdos, é fácil concordar com eles, porém, além de facilitadora, a tecnologia é contribuidora para o desenvolvimento dos alunos. Para tal, devem os professores criar algumas estratégias para que os alunos venham a se tornar críticos em suas atividades matemáticas e resolvam grandes desafios, para que assim a aprendizagem do aluno se torne uma aprendizagem de qualidade. Percebe-se que os professores têm grande responsabilidade na aprendizagem dos alunos e os autores citados no decorrer desse trabalho mostram o que pode ser feito para que os alunos aprendam de forma significativa e parem de temer a Matemática.

De acordo com Moran (2004, p. 4), para o planejamento didático,

predomina a organização no planejamento didático quando o professor trabalha com esquemas, aulas expositivas, apostilas, avaliação tradicional. O professor que dá tudo mastigado para o aluno, de um lado facilita a compreensão; mas, por outro, transfere para o aluno, como um pacote pronto, o nível de conhecimento de mundo que ele tem.

Então, diante do exposto, o professor deve sempre colocar o aluno para pensar de forma positiva para facilitar o entendimento do conteúdo trabalhado em sala de aula. A fala de Moran mostra claramente como os professores podem contribuir ou não com a aprendizagem dos alunos. Assim, o aluno deve ser incentivado a pensar e apresentar suas próprias conclusões sobre o conteúdo abordado. Para Martins e outros autores,

a discussão a respeito do uso de tecnologias com a finalidade de auxiliar no processo de ensino e aprendizagem está presente em diferentes encontros científicos que buscam novos caminhos para a educação, em particular, para a educação matemática do século XXI. Está também nos jornais, revistas, periódicos, na internet, nos blogs, nas redes sociais e nos livros (Martins et al., 2015, p. 2).

Esses mesmos autores relatam o conceito de função na Matemática, como se pode visualizar logo a seguir, visto que esse conteúdo é estudado por todos os alunos e todo professor de Matemática ministra aulas sobre o estudo de função no fundamental II, assim é um conteúdo que os alunos começam a ver desde cedo na sala de aula.

Foi na Antiguidade que possivelmente o conceito de função matemática teve sua procedência, “quando cientistas, filósofos e demais estudiosos de diferentes ramos das ciências buscavam compreender formas que permitissem descrever os fenômenos naturais que tanto os intrigavam” (Martins et al., 2015, p. 4). Assim, com a busca que os estudiosos de antigamente fizeram, eles possivelmente iniciaram a descoberta do conceito de função, e hoje existem muitos conceitos de diferentes autores que mencionam em seus trabalhos e pesquisas o que seja uma função tanto de 1º grau quanto a função de 2º grau.

O que Souza (2016) fala a respeito do conceito de função é que os alunos começam a ver a introdução do que seja uma função desde cedo, pois, esse conteúdo começa a ser trabalhado pelos educadores de Matemática logo no último ano do ensino fundamental, e eles continuam vendo também no ensino médio e chegam a ver até na universidade, dependendo do curso superior que escolherem cursar para sua profissão. “Seu conceito é de extrema utilidade e aplicabilidade, sendo encontrado nas atividades mais corriqueiras do dia a dia”. Assim, em várias atividades do dia a dia se pode encontrar esse conteúdo matemático, por exemplo, quando se está fazendo compras no supermercado, no pagamento de contas, como luz ou táxi, também quando se calcula o tempo para se chegar a um destino, ou quando se compra um lanche na cantina da escola entre tantos outros exemplos. Percebe-se que é um conteúdo muito importante e por isso começa a ser trabalhado em sala de aula desde cedo. Na Figura 3, pode-se observar um exemplo de função polinomial do 1º grau resolvida sem o auxílio do software GeoGebra; na Figura 4, uma atividade com o uso do aplicativo.

Figura 3: Representação da função polinomial do 1º grau

Fonte: YouTube, 2020. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=ioE0LkFwjL0>.

Figura 4: Representação da função polinomial do 1º grau no GeoGebra

Fonte: Google, 2020. Disponível em: https://images.app.goo.gl/ay4N5Wgn3cy4F4EC9.

“Ao fazer uso do software GeoGebra, o professor poderá possibilitar a solução de problemas ligados à vivência do aluno por meio de Tendências Metodológicas, podendo o aluno, dessa forma, realizar análises, debates, conclusões, questionamentos etc.” (Marchetti; Klaus, 2014, p. 6).

Diante disso, compreende-se a importância de se trabalhar com ferramentas tecnológicas na sala de aula. É importante sempre ministrar aulas com o auxílio de um recurso que possa contribuir para que os alunos aprendam de maneira prazerosa, pois, conforme Marchetti e Klaus (2014, p.11), “O GeoGebra, quando utilizado de maneira planejada, favorece o desenvolvimento de diversas habilidades por parte dos alunos, permitindo que construam, experimentem e conjecturem”. É fácil perceber que o GeoGebra só tem a contribuir com a aprendizagem do aluno, pois leva o aluno a pensar e a compreender o conteúdo abordado e o leva à construção do próprio objeto de estudo, que nesse caso é a função afim do 1º grau.

Metodologia

O desenho metodológico escolhido para o desenvolvimento desta contribuição foi a pesquisa bibliográfica de natureza qualitativa delimitada em artigos científicos com recorte temporal estipulado que buscou cobrir o período de 2015 a 2019, efetuada na base de dados da Edubase (Bibliotecas), SciELO e Google Acadêmico.

Gil (2008) comenta que a leitura para a realização de pesquisa bibliográfica é feita, sobretudo, em artigos científicos que são encontrados em sites de internet ou mesmo em livros que são elaborados por vários autores e com vários artigos e além disso em livros que relatem apenas o conceito do que seja uma pesquisa bibliográfica. Sabe-se que para realizar uma pesquisa é necessário fazer a leitura de muitos artigos e livros para se poder ter embasamento teórico e assim poder escrever, logo, para todo e qualquer tipo de pesquisa, é necessário usar a pesquisa bibliográfica como uma das fontes de pesquisa, todavia existe a pesquisa que é baseada apenas na leitura de outros trabalhos unicamente por meio de fontes bibliográficas. “Parte dos estudos exploratórios podem ser definidos como pesquisas bibliográficas, assim como certo número de pesquisas desenvolvidas a partir da técnica de análise de conteúdo” (Gil, 2008, p. 50). Sobre a pesquisa com abordagem qualitativa, Godoy (1995, p. 21) afirma que:

Considerando, no entanto, que a abordagem qualitativa, enquanto exercício de pesquisa, não se apresenta como uma proposta rigidamente estruturada, ela permite que a imaginação e a criatividade levem os investigadores a propor trabalhos que explorem novos enfoques. Nesse sentido, acreditamos que a pesquisa documental representa uma forma que pode se revestir de um caráter inovador, trazendo contribuições importantes no estudo de alguns temas. Além disso, os documentos normalmente são considerados importantes fontes de dados para outros tipos de estudos qualitativos, merecendo, portanto, atenção especial.

Como localizadores dos artigos foram utilizados descritores que tivessem uma relação mais próxima com a temática a ser estudada. Foram eles: tecnologia, ensino de Matemática, software GeoGebra, função do 1º grau.

Na realização da leitura dos artigos, selecionaram-se aqueles que privilegiassem os descritores mencionados, sendo analisados com a finalidade de ordenar e sistematizar as informações contidas nas fontes de forma que os mesmos possibilitassem a obtenção de resposta ao problema da pesquisa.

Considerações finais              

Confirmou-se que a tecnologia no ensino de Matemática é um recurso que só tem a contribuir com a aprendizagem dos alunos e que pode levar o aluno a aprender o conteúdo de maneira dinâmica e participativa, fugindo totalmente do tradicional, que é o uso da lousa e do livro didático.

O uso do software GeoGebra nas aulas de Matemática na aprendizagem do ensino de função é muito eficaz, levando o aluno a pensar e aprender de forma dinâmica e construtiva. O GeoGebra é um aplicativo que só tem a contribuir, além de disponibilizar uma variedade de ferramentas e possibilidades de visualização do conteúdo trabalhado. É importante a troca de conhecimento que o GeoGebra possibilita na aprendizagem dos alunos, assim se percebe a importância que faz o professor fazer o uso do GeoGebra nas aulas de Matemática.

Uma das contribuições mais relevantes do uso do software GeoGebra que se pode identificar depois da leitura do material que se utilizou como referência para realização dessa pesquisa foi o dinamismo do software com o conteúdo função e a forma de visualização que só é possível para os alunos mediante o uso do aplicativo, pois o livro dispõe apenas da imagem, o aluno não tem a oportunidade de construir de forma dinâmica e atrativa apenas com o uso do livro didático. De tal modo, o uso do software GeoGebra proporciona contribuições que auxiliam o aluno a entender as propriedades do gráfico de uma função, a notar e determinar seus pontos graficamente, a compreender de forma dinâmica o comportamento do gráfico, entre outras possibilidades que só com o uso do software GeoGebra é possível.

Os autores que foram apresentados no corpo desse trabalho mostraram em suas falas que o software GeoGebra, por ser um aplicativo lúdico, leva os alunos a aprender mais facilmente o conteúdo de função do 1º grau.

A partir das leituras realizadas, se compreende que o ensino da Matemática com a utilização de recursos tecnológicos como o software GeoGebra no ensino de função do 1º grau só tem a contribuir para a aprendizagem dos alunos.

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Publicado em 28 de setembro de 2021

Como citar este artigo (ABNT)

OLIVEIRA, Edvaldo Ramalho de; CUNHA, Douglas da Silva. O uso da tecnologia no ensino da Matemática: contribuições do software GeoGebra no ensino da função do 1º grau. Revista Educação Pública, v. 21, nº 36, 28 de setembro de 2021. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/21/36/o-uso-da-tecnologia-no-ensino-da-matematica-contribuicoes-do-isoftwarei-geogebra-no-ensino-da-funcao-do-1-grau

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1 Comentário sobre este artigo

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IVAN MAGALHAES TEIXEIRA • 1 ano atrás

Eu gostei do tema e acho que ele pode ser bem desenvolvido em uma pesquisa acadêmica. No entanto, eu também acho que é preciso considerar alguns aspectos ao abordar esse tema, como:

A formação dos professores para o uso pedagógico do GeoGebra, pois eles precisam dominar tanto os aspectos técnicos quanto os didáticos do software .
A disponibilidade e o acesso dos alunos ao GeoGebra, pois eles precisam ter condições de usar o software em sala de aula ou em casa .
A avaliação dos alunos sobre o uso do GeoGebra no ensino da função do 1º grau, pois eles precisam expressar suas opiniões, dificuldades e sugestões sobre essa experiência .

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Este artigo e os seus comentários não refletem necessariamente a opinião da revista Educação Pública ou da Fundação Cecierj.