Pibid, Educação Física e pandemia: vivências e desafios em uma escola pública

Paulo Guilherme Brittiz Stral

Acadêmico (UFMS – Câmpus do Pantanal, Corumbá/MS)

Ethiene Silva de Oliveira Viana

Acadêmica (UFMS – Câmpus do Pantanal, Corumbá/MS)

Elielson Felipe Rodrigues Alves

Acadêmico (UFMS – Câmpus do Pantanal, Corumbá/MS)

Carlo Henrique Golin

Doutor em Educação Física (UCB), professor adjunto de Educação Física (licenciatura) e do Mestrado Profissional em Estudos Fronteiriços (MEF/UFMS – Câmpus do Pantanal, Corumbá/MS)

Roselene Lima Ayala Pacola

Especialista em Educação Física Escolar, professora de Educação Física da Rede Municipal de Corumbá/MS

Gilson Pacola

Mestre em Estudos Fronteiriços (UFMS – Câmpus do Pantanal, Corumbá/MS), professor de Educação Física da Rede Municipal de Corumbá/MS

Os acontecimentos da pandemia da covid-19, que acometeu diferentes setores no mundo, em especial a Educação, mostraram novas possibilidades de trabalho com a Educação Física Escolar. As recomendações restritivas de convívio social advindas de organismos internacionais, como da Organização Mundial da Saúde (OMS), impuseram em diversos países o fechamento das escolas, alterando de forma significativa a rotina de alunos e professores. Isso ensejou grande desafio aos professores, pois, mesmo sem a devida preparação, eles tiveram que repensar suas práticas pedagógicas (Barreto; Rocha, 2020).

Vale lembrar que no início muitos achavam que as restrições seriam passageiras e que logo as aulas voltariam à normalidade, mas não foi isso que ocorreu. As escolas permaneceram fechadas e os alunos em casa, fazendo com que os professores buscassem caminhos alternativos para o atendimento pedagógico. Ribeiro e Lima (2020) reconhecem que, diante dessa realidade, houve mudanças no emprego de recursos tradicionais na escola, onde normalmente existia o quadro e o giz, passando a utilizar salas virtuais, com diálogos a distância. Esse modelo estendeu-se para as aulas de Educação Física, que também passaram a usar recursos tecnológicos para o atendimento dos seus conteúdos escolares habituais.

Dentro dessa perspectiva, Skowronski (2021) acredita que as adaptações dos conteúdos às inovações nas metodologias de ensino construídas ao longo desse período pandêmico trouxeram importantes desafios aos professores de Educação Física, pois tiveram que ressignificar um “novo” caminho dentro do ambiente de trabalho.

Mesmo com esses percalços, Gois et al. (2021) consideram que o setor educacional conseguiu algum destaque graças à percepção coletiva de gestores e professores, que tiveram a capacidade de resiliência. Nesse sentido, Pérez (2021) entende que a abrupta mudança sofrida no setor educacional com a pandemia trouxe, de certa forma, alguns benefícios, como o engajamento dos professores para ampliar as suas práticas e a flexibilização de aprendizagem de forma autônoma.

Nesse caso, deve-se considerar que as aulas de Educação Física Escolar durante esse período pandêmico também tiveram um “ganho” pedagógico, especialmente devido à capacidade de alguns professores de modificar suas práticas e ampliar possibilidades ao preparar suas aulas remotas, por exemplo. Contudo, também houve aspectos negativos que não podem ser negligenciados, como a grande defasagem dos alunos, devido à longa interrupção das práticas corporais na escola, o que ocasionou reflexos significativos não só para a saúde, mas também para sua interação social com os outros alunos. Silva, Negreiros e Gonçalves (2021) corroboram essa lógica ao dizer que a Educação Física Escolar é uma disciplina fundamental para a formação escolar, possibilitando o desenvolvimento pleno do educando.

O reflexo dessas adversidades encontradas nas escolas ao longo desse período restritivo se estendeu às instituições de Ensino Superior, as quais também tiveram que adequar a rotina de seus programas de extensão universitária dentro do novo cotidiano de pandemia. Nesse caso, destaca-se o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid), financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e responsável pela gestão, execução e avaliação, além de realizar o pagamento de bolsas para os acadêmicos (pibidianos) e professores (supervisores) envolvidos no programa. Conforme o Decreto nº 7.219, de 24 de junho de 2010, o Programa “tem por finalidade fomentar a iniciação à docência, contribuindo para o aperfeiçoamento da formação de docentes em nível superior e para a melhoria de qualidade da Educação Básica pública brasileira” (Brasil, 2010, p. 4).

No caso deste relato de experiência, foram abordadas especificamente as experiências escolares dos estudantes pertencentes ao subprojeto Educação Física, núcleo do Pibid, programa vinculado à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) Câmpus do Pantanal, realizado em uma escola pública municipal de Corumbá/MS. Nessa oportunidade, os acadêmicos (pibidianos), juntamente com uma professora supervisora da área de Educação Física vinculada à rede pública (supervisora de área) e um representante da universidade (coordenador de área), estiveram imersos durante dezoito meses, entre 2020 e 2021, em ações pedagógicas na escola, integralizando desse modo a instituição formadora, a escola pública e a formação docente.

Este relato objetiva analisar as consequências da pandemia nas ações envolvendo as aulas de Educação Física Escolar, considerando o envolvimento do Pibid, apresentando as estratégias utilizadas na escola ao longo do período de restrições (ensino remoto) e após com o retorno das aulas no espaço escolar.

Metodologia

Este trabalho é sustentado em uma pesquisa descritiva com viés qualitativo, baseado nas experiências desenvolvidas pelos pibidianos, subprojeto Educação Física do Pibid, ocorrido na Escolar Municipal Pedro Paulo de Medeiros (escola-campo), todas registradas em diários de campo.

Para Cervo (2002), o estudo de natureza descritiva visa à busca do conhecimento de inúmeras situações e relações que ocorrem nos aspectos comportamentais em comunidades, descrevendo suas características, propriedades e relações existentes, por exemplo. O uso da abordagem qualitativa, segundo Gil (1999), propicia uma melhor intervenção na investigação das questões relacionadas às relações do fenômeno em estudo; esse tipo de metodologia possui a vantagem do contato direto com a situação estudada.

As ações foram desenvolvidas com alunos do Ensino Fundamental I (1º ao 5º ano); nelas foram observadas as dificuldades e as necessidades deles, especialmente para a elaboração dos conteúdos trabalhados durante o período de atividades remotas e presenciais na escola. As observações foram discutidas por meio de encontros e/ou reuniões (virtuais e presenciais) realizados entre os gestores da escola, pibidianos, supervisora e coordenação do subprojeto Educação Física.

O relato de experiência na escola

Com a crise causada pela pandemia, o Ministério da Educação (MEC) aprovou, logo na sequência (mês de março), a “substituição” das aulas presenciais por aulas remotas emergenciais, indicando o uso e o apoio dos diferentes meios digitais devido às medidas de afastamento social declaradas em diversos estados (Brasil, 2020).

Devido a esse cenário de restrições, veio uma série de desafios e superações para os sistemas de ensino. Consequentemente, as atividades do Pibid/Educação Física foram marcadas, inicialmente, pela necessidade de readequação pedagógica a partir do ensino remoto emergencial, pois “de imediato as escolas foram fechadas e os alunos mandados permanecer em casa, o corpo docente viveu a incerteza e a falta de informações sobre o que fazer” (Zaim-de-Melo; Golin; Rizzo, 2022, p. 119).

Diante da situação, a Rede Municipal de Ensino (Reme) de Corumbá/MS tentou, logo no início da suspensão das aulas, implantar um sistema com atividades pedagógicas de forma virtual, o qual os alunos, juntamente com seus pais e/ou responsáveis, deveriam acessar e preencher suas proposições pedagógicas de cada disciplina. Com isso, foram observados relatos de professores e professoras cujas turmas não estavam conseguindo acompanhar e realizar a rotina das atividades remotas, principalmente pela falta de conectividade (falta de equipamentos ou de conexão à internet de qualidade).

À vista disso, toda a Reme não teve outra opção a não ser adotar o método de impressão e entrega dos cadernos de atividades aos alunos, que os pais e/ou responsáveis buscavam e devolviam presencialmente na escola. Santos e Fernandes Neto (2021) reforçam que essa precariedade das famílias reflete muitas vezes suas condições financeiras, pois impede o acesso à internet nas casas. Os autores citam ainda que esse tipo de dificuldade também é recorrente dentro da escola devido à falta de equipamentos e de conhecimento por parte de gestores e professores de como utilizar as ferramentas virtuais.

Mesmo com a fragilidade ora relatada, a escola-campo do Pibid conseguiu adotar um caminho alternativo, sobretudo na tentativa de otimizar a comunicação interna da instituição, aproximando os pais/responsáveis das atividades escolares dos alunos, engajando-os por meio de conteúdos em diferentes formatos. Dessa forma, a unidade respaldou-se em uma ferramenta bem conhecida, o aplicativo WhatsApp. Nele foram criados grupos por salas (turmas), incluindo pais/responsáveis e alunos, sendo atualizado diariamente com informações pertinentes à rotina escolar.

Nesse contexto, as atividades propostas na disciplina de Educação Física pertencentes ao caderno de atividades ganharam um novo aliado para facilitar a interpretação dos conteúdos. Zaim-de-Melo, Golin e Rizzo (2022) reforçam que os recursos tecnológicos utilizados pelos professores não podem ser desmembrados de outros métodos tradicionais de ensino, mas sim aliados em sua prática. Assim, com esse “novo” recurso, a escola conseguiu se organizar inicialmente; a disciplina Educação Física conseguiu elaborar alguns vídeos explicativos que foram compartilhados em cada grupo de salas (turmas) do Ensino Fundamental I, conforme ilustrado nas Figuras 1 e 2.

Figura 1: Preparação de vídeo explicativo

Fonte: Relatório de campo Pibid/Educação Física.

Figura 2: Apresentação de vídeo explicativo

Fonte: Relatório de campo Pibid/Educação Física.

Devido a essa iniciativa de suplementar as informações das atividades remotas, foi possível perceber, por meio dos feedbacks de mensagens nos grupos de WhatsApp, melhor compreensão de pais/responsáveis e alunos sobre os conteúdos que estavam sendo abordados, oriundos do caderno de atividades da Reme. Dentre alguns exemplos das devolutivas, foram destaques: “Gostei do conteúdo com os vídeos, eles facilitaram minha vida” (aluno – 7o ano); “Achei bem legais e mais fáceis as atividades com esses vídeos” (aluna – 6o ano); “Parabéns pela iniciativa, gostei muito das explicações da Educação Física” (pai de aluno); “Muito legais os vídeos de Educação Física, ajudaram minha filha na apresentação do trabalho” (mãe de aluno). As Figuras 3 e 4 (prints) ilustram outras devolutivas.

Figura 3: Print de mensagem do grupo de WhatsApp da escola

Fonte: Relatório de campo Pibid/Educação Física

Figura 4: Print de mensagem do grupo de WhatsApp da escola

Fonte: Relatório de campo Pibid/Educação Física

Vale ressaltar que os vídeos, além da finalidade de auxiliar na resolução dos conteúdos presentes no caderno de atividades, tinha a proposição de que os alunos repostassem os resultados de suas experiências práticas por meio de vídeos ou fotos nos próprios grupos de WhatsApp. Foi percebido com isso relativo aumento na devolutiva dos trabalhos, tanto considerando o material impresso como o virtual, algo que evidenciou mais uma vez a importância e significância do uso adequado das ferramentas tecnológicas disponíveis. Page e Paiva (2021, p. 2) substanciam essa constatação e entendimento ao dizerem que “os vídeos se destacam como instrumentos pedagógicos úteis à aprendizagem dos conteúdos ministrados, desde que sejam utilizadas as metodologias pedagógicas necessárias para a sua boa aplicação”.

Também é importante destacar que durante o período restritivo, com aulas remotas, ocorreram alguns cursos de formação continuada para os professores da Reme, nos quais o núcleo do Pibid/Educação Física (UFMS/Cpan) também foi inserido. Essas capacitações aconteceram de forma virtual e foram organizadas pela Secretaria Municipal de Educação (Semed) ou pela escola. Com isso, foi possível orientar-se sobre “novas” medidas, protocolos e/ou possíveis ações a serem adotados na escola durante o regime de restrições na pandemia.

As diferentes capacitações oriundas da formação continuada abordaram temas relacionados a segurança, educação e saúde. Também foram debatidos e apresentados protocolos de biossegurança adotados pela Semed, além de elementos sobre o ensino híbrido, didáticas de aprendizagem com alunos, metodologias de ensino, inclusão dos alunos e a resolução do plano de estudo tutorado. Houve também cursos específicos para a disciplina de Educação Física, tendo como temáticas: Estudo e a Reorganização do Guia Curricular da Educação Física e Educação Física na Escola em Tempos de Pandemia.

É importante ressaltar que, além das capacitações ofertadas pela Semed, houve encontros promovidos pela UFMS direcionados especificamente ao núcleo do Pibid/Educação Física. Dentre os assuntos foram destaques: Reunião Técnica Virtual, que tinha o objetivo de promover a organização e o planejamento das ações do núcleo Pibid/Educação Física local (Corumbá/MS); Ciclo de Debates Pibid/UFMS, com a temática A Educação Física e o Pibid: Experiências em Tempos de Ensino Remoto nas Redes Públicas de Ensino de Campo Grande/MS e Corumbá/MS; além do simpósio intitulado Pibid/UFMS e Ensino Remoto Emergencial: Desafios e Perspectivas (2020 e 2021).

Em virtude da pandemia, a formação continuada especialmente voltada para as novas formas de ensino-aprendizagem e considerando o uso de diferentes tecnologias passou a ser mais do que essencial na vida da comunidade escolar; professores e gestores precisaram aprender as novas ferramentas, metodologias e práticas pedagógicas para serem utilizadas com os alunos. Além disso, as práticas devem ser permanentemente revisadas para estar alinhadas com as constantes transformações que o setor educacional vem passando. Menezes e Sousa Filho (2019) dizem que o compartilhamento de informações no setor educacional ajuda, por meio de orientações, sugestões e ideias, nas tomadas de decisões dos docentes na sala de aula.

No caso específico da disciplina Educação Física Escolar na escola-campo, as formações e/ou capacitações em serviço foram essenciais para amenizar os impactos causados durante as aulas remotas, porém isso não substitui a participação in loco do aluno nas aulas presenciais. Nessa mesma linha de pensamento, Zaim-de-Melo, Golin e Rizzo (2022) acreditam que, embora os recursos tecnológicos usados para a formação inicial dos professores de Educação Física tenham contribuído como suporte na superação das barreiras iniciais causadas pelo período de restrições da pandemia, a participação presencial do aluno é primordial, deixando claro que os meios virtuais sempre serão os aliados dessa prática.

Após convivermos um longo período com aulas remotas (março de 2020 a junho de 2021), com o surgimento da vacina e a comunidade escolar tendo adquirido um pouco de experiência com relação às medidas para combater o avanço do vírus, as escolas começaram a organizar, no segundo semestre de 2021, o retorno das atividades escolares. Assim surgiram as dúvidas: de qual forma a escola irá se preparar para esse retorno? Quais percalços a comunidade escolar enfrentará? Como as aulas de Educação Física serão organizadas para receber os alunos que estavam em casa?

A Semed adotou uma série de medidas de biossegurança, como ajuste de fluxo de pessoas nas escolas, sendo necessária a divisão das turmas para que fossem respeitadas as regras exigidas de distanciamento social, nas aulas e fora delas. Inicialmente, na escola-campo municipal (Pedro Paulo de Medeiros) foram adotados os seguintes procedimentos: metade dos alunos frequentavam as aulas em uma semana e na semana subsequente os outros 50%; os que ficavam em casa mantiveram a rotina das aulas remotas, ou seja, pegavam o caderno de atividades para serem desenvolvidos/entregues na escola para que os professores pudessem corrigir.

Com esse tipo de modelo de ensino (semipresencial), ao menos nessa escola-campo (lócus de atuação do Pibid), houve aumento substancial de serviços aos professores, pois eles tiveram que atender concomitantemente dois grupos distintos de alunos: um em casa (remoto) e outro no presencial. Os professores precisavam preparar conteúdos, entregar, receber e corrigir os cadernos de atividades impressos; preencher planilhas; alimentar o sistema virtual da Reme com planejamento, notas e conteúdos ministrados; dar uma devolutiva nas dúvidas que surgiam nos grupos de alunos e pais no WhatsApp; por fim, tinham que dar conta também das ações desenvolvidas na rotina das aulas presenciais.

É bom destacar que todas as ações realizadas pelos professores na escola-campo tiveram algum suporte dos acadêmicos do Pibid; mesmo assim, não foi percebido abrandamento na sobrecarga das tarefas diárias.

Frente a esse panorama, o trabalho de Barros et al. (2022) fortalece esses desafios encontrados, sobretudo ao discutir, no estudo, que a chegada da pandemia agravou a rotina de muitos professores, pois eles tiveram que se desdobrar para conseguir atender às demandas da escola, reuniões, preparação de aulas e materiais de apoio e atendimento aos alunos; até mesmo os afazeres domésticos fizeram parte dessa sobrecarga diária.

No que tange especificamente ao retorno das aulas presenciais de Educação Física, percebeu-se que o fardo de tarefas não foi diferente dos demais docentes, sendo necessário engendrar novas atividades, no caso focando um trabalho mais individualizado, visando atender às demandas da área e ao protocolo de biossegurança relacionados ao contato físico entre os alunos.

Nesse momento detectou-se outro desafio à Educação Física Escolar: a falta de materiais necessários e suficientes para garantir essas medidas de biossegurança aos estudantes sem perder as características lúdicas das aulas práticas. A escassez de recursos fez exteriorizar ainda mais a criatividade de docentes e pibidianos, sendo utilizados nas aulas diversos materiais alternativos: caixas de papelão, tecidos TNT, pneus e garrafas PET, entre outros. Tudo isso na tentativa de deixar a aula mais dinâmica, mesmo com os poucos recursos disponíveis.

Contudo, não se pode negar que a utilização de materiais alternativos já está bem consolidada na rotina dos professores de Educação Física no Brasil, pois em muitos casos sem a adoção desses “novos” aparatos, devido à escassez de recursos materiais na escola, as aulas poderiam estar comprometidas no sentido de garantir propostas inovadoras aos alunos (Sebastião; Freire, 2009).

Mesmo com as dificuldades relatadas, as aulas de Educação Física presenciais da escola-campo ocorreram “normalmente”. No início, as turmas eram compostas por poucos alunos devido ao rodízio semanal; além disso, a redução também ocorria por conta da insegurança que alguns pais/responsáveis ainda tinham, devido aos riscos da pandemia. Com o passar do tempo, o número de alunos foi aumentando, o que possibilitou ampliar as vivências pedagógicas, conforme demonstrado nas Figuras 5 e 6.

Figura 5: Práticas pedagógicas nas aulas de Educação Física Escolar

Fonte: Relatório de Campo Pibid/Educação Física

Figura 6: Práticas pedagógicas nas aulas de Educação Física Escolar

Fonte: Relatório de Campo Pibid/Educação Física

Durante as aulas práticas ou mesmo na circulação em outros ambientes da escola, o uso de máscaras era obrigatório para docentes e alunos; além disso, os materiais utilizados nas aulas eram periodicamente higienizados, assim como as mãos dos alunos. Dessa forma, a comunidade escolar foi tentando gradativamente retornar à sua normalidade. Essa aproximação (pais/responsáveis, alunos e escola) foi fundamental para que se pudesse chegar, mesmo com todo receio do retorno de novas ondas pandêmicas, ao final do ano letivo escolar de 2021 com alunos frequentando a escola e voltando às práticas corporais, tão importantes para seu desenvolvimento pleno, integral.

Considerações finais

Ao final deste relato de experiência, ficou constatado que as ações desenvolvidas pelo núcleo do Pibid/Educação Física da UFMS/Cpan no cotidiano de uma escola-campo municipal foi primordial no enfrentamento das adversidades ocasionadas pela pandemia da covid-19. Foi aprendido que as formações e/ou capacitações promovidas pela Semed e pela coordenação geral do Pibid contribuíram para o norteamento das ações desenvolvidas com os alunos durante as aulas remotas e/ou presenciais.

Podem ser percebidas de perto as mudanças na vida de toda comunidade escolar, principalmente os impactos causados pela repentina mudança de suas rotinas, desde o momento da suspensão das aulas até o seu retorno gradativo.

Ficou demonstrado nas observações de campo deste relato que a limitação de recursos tecnológicos para a utilização nas aulas remotas, o uso de espaços e equipamentos para as aulas presenciais e outras atribuições já existentes no cotidiano escolar trouxeram grande sobrecarga de tarefas aos professores de Educação Física. Ao mesmo tempo, foi notado que os envolvidos nas práticas pedagógicas durante esse período de restrições (docentes, pibidianos, coordenação e direção) foram capazes de superar os diferentes percalços, implantando criatividade e inovação na construção de materiais alternativos para dar suporte às aulas de Educação Física na escola-campo.

Assim sendo, conclui-se que o Pibid/Educação Física da UFMS/Cpan, em parceria com a instituição escolar pública municipal, somou experiências salutares para a formação acadêmica do licenciando, valorizando assim a carreira profissional do futuro professor. Além disso, o auxílio de bolsas remuneradas contribui para evitar a desistência dos pibidianos, promovendo permanente articulação entre o que se produz no Ensino Superior e o que se observa na realidade escolar.

Isso posto, as experiências vivenciadas ao longo de dezoito meses, em especial a oportunidade de imersão dos pibidianos em ações em uma escola pública, foram extremamente significativas, possibilitando intercâmbios quanto às novas estratégias de ensino-aprendizagem da Educação Física Escolar.

Referências

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Publicado em 04 de abril de 2023

Como citar este artigo (ABNT)

STRAL, Paulo Guilherme Brittiz; VIANA, Ethiene Silva de Oliveira; ALVES, Elielson Felipe Rodrigues; GOLIN, Carlo Henrique; PACOLA, Roselene Lima Ayala; PACOLA, Gilson. Pibid, Educação Física e pandemia: vivências e desafios em uma escola pública. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 23, nº 12, 4 de abril de 2023. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/23/12/pibid-educacao-fisica-e-pandemia-vivencias-e-desafios-em-uma-escola-publica

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