Explorando a interseção entre autismo, tecnologia e ciências: uma revisão bibliográfica

Quésia Carolina de Oliveira Sardinha

Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ensino das Ciências e Saúde (PPGECS/Unigranrio), professora da SME/DC

Haydéa Maria Marino de Sant’Anna Reis

Professora titular do PPGHCA e do PPGECS da Unigranrio Afya/RJ

Beatriz Brandão dos Santos

Professora titular do PPGHCA e do PPGECS da Unigranrio Afya/RJ

Márcia de Melo Dórea

Professora titular do PPGECS da Unigranrio Afya/RJ e do Centro Universitário LaSalle/RJ

A compreensão do transtorno do espectro autista (TEA) representa um desafio constante para educadores e profissionais da saúde, dada sua complexidade e as múltiplas manifestações. Nesse contexto, é essencial não apenas conhecer o transtorno, mas também identificar seus primeiros sinais.

A presente pesquisa explora a história do autismo, desde os primeiros relatos de Leo Kanner e Hans Asperger até a inclusão escolar e o papel da tecnologia na educação de pessoas com autismo, visto que a tecnologia tem se mostrado uma ferramenta poderosa para promover a inclusão e o desenvolvimento desses indivíduos, oferecendo oportunidades únicas de aprendizado e de interação.

Com base no Censo Escolar da Educação Básica de 2022, houve um significativo crescimento no número de crianças com TEA matriculadas nas escolas atualmente (Brasil, 2022). Esse fenômeno não apenas coloca desafios diante do sistema educacional, mas também enfatiza a necessidade de entender e abordar o autismo de maneira eficaz. O conhecimento sobre o transtorno possibilita que as escolas criem um ambiente inclusivo, no qual cada criança, independentemente de suas diferenças, possa aprender e crescer.

À vista disso, um aspecto notável dentro do contexto educacional, que necessita se tornar mais acessível e centrado — em contraste com abordagens mais artificiais do passado — é a aprendizagem de Ciências por parte das crianças com autismo. Santos et al. (2019) asseguram que a maior parte do conhecimento de Ciências é especulativo e inalcançável e, geralmente, é apresentado de forma expositiva, pouco visível, estabelecendo, assim, uma barreira entre o aluno e o saber. Diante dessa realidade, os autores sugerem um ensino envolvente, a fim de proporcionar uma aprendizagem mais espontânea, dinâmica e palpável.

Compreender as necessidades específicas das crianças com TEA e adaptar estratégias de ensino são ações fundamentais para promover a inclusão no ensino de Ciências. Esses passos contribuem para ampliar a acessibilidade e garantir que todas as crianças desenvolvam plenamente suas habilidades.

É nesse ponto que os recursos pedagógicos tecnológicos desempenham um papel primordial. Aplicativos, jogos educativos e softwares interativos podem ser adaptados para atender às necessidades específicas das crianças com autismo, tornando o aprendizado de Ciências mais acessível e envolvente.

Definindo o autismo

Autismo é uma expressão utilizada a fim de designar pessoas com o transtorno do espectro autista (TEA), e este vem sendo um contratempo para educadores e profissionais da saúde por suas complexidades e por seus conceitos extensos. Sendo assim, tornam-se indispensáveis o compreender do transtorno e o reconhecer dos primeiros indícios.

A origem da palavra autismo vem do grego autos, que significa “de si mesmo” (Sanches; Silva Taveira, 2020). Também de origem grega, o sufixo “ismo” era utilizado na transformação de verbos em substantivos de ação, segundo Ribeiro (1889). Logo, o autismo – em seu sentido amplo – pode referir-se a um estado de ação, no qual o indivíduo existe para si próprio, vivendo submerso em seu próprio mundo.

O Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), da Associação Psiquiátrica Americana (APA, 2014), em sua quinta edição (DSM-5), modificou a classificação do autismo de transtorno global do desenvolvimento para transtorno do neurodesenvolvimento, sendo utilizada pela primeira vez a expressão “transtorno do espectro autista”.

No entanto, o que exatamente é o autismo? Segundo Conde (2024), ao examinar o DSM-5 (APA, 2014), são destacados dois critérios principais para o diagnóstico de autismo: déficits na comunicação social e padrões de comportamento que costumam ser estáveis e recorrentes.

Conforme uma notícia publicada pelo Ministério da Saúde (Brasil, 2022, s/p),

o TEA é um distúrbio caracterizado pela alteração das funções do neurodesenvolvimento, que podem englobar alterações qualitativas e quantitativas da comunicação, seja na linguagem verbal ou não verbal, na interação social e do comportamento, como: ações repetitivas, hiperfoco para objetos específicos e restrição de interesses.

Diante disso, é possível compreender o autismo como uma disfunção do desenvolvimento neurológico — neurodesenvolvimento — caracterizada por uma variedade de particularidades, incluindo dificuldade na comunicação verbal e não verbal, complexidade na interação social, ecolalia, movimentos repetitivos e hiperfoco.

Um breve histórico

Até atingir a nomenclatura “transtorno do espectro autista”, apresentada na quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais em 2014, muitos estudos e embasamentos teóricos buscaram explicar o autismo ao longo da história.

No meio médico, a palavra “autismo” foi usada e inserida pela primeira vez em 1911 pelo psiquiatra suíço Eugen Bleuler para descrever casos de esquizofrenia infantil, apontando aquele como um dos principais sintomas dela (Brasil, 2015). De acordo com Kopelovich e Romé (2020), o psiquiatra indicava uma ruptura das relações entre as crianças esquizofrênicas e autistas e o mundo exterior.

Na década de 1940, dois médicos apresentam os primeiros relatos descritivos mais inovadores da época: Leo Kanner e Hans Asperger. O médico psiquiatra austríaco Leo Kanner em 1943 publica o artigo Autistic Disturbances of Affective Contact após estudar as psicoses infantis na Johns Hopkins University, em Baltimore, nos Estados Unidos, onde trabalhava desde 1924.

A partir da análise do quadro clínico de onze crianças que manifestavam comportamentos incomuns, com grave patologia e condições peculiares, ímpares e fascinantes, Kanner define o autismo infantil, inicialmente denominado como distúrbio autístico do contato afetivo — tradução livre de autistic disturbances of affective contact (Kanner, 1997). As principais características comportamentais descritas por Kanner em 1943 eram: perturbações das relações afetivas com o meio, solidão autística extrema, inabilidade no uso da linguagem para comunicação, presença de boas potencialidades cognitivas, aspecto físico aparentemente normal, comportamentos ritualísticos, início precoce e incidência predominante no sexo masculino (Kanner, 1997).

Um ano após Kanner, Hans Asperger (1991) — pediatra e psiquiatra austríaco — constitui um distúrbio chamado psicopatia autística infantil. Em sua tese, originalmente publicada como Die Autistischen Psychopathen im Kindesalter, Asperger relata casos atendidos na Clínica Infantil da Universidade de Viena, nos quais o transtorno na interação com o ambiente era o principal problema.

Segundo Uta Frith (1991), as quatro crianças observadas e detalhadas por Asperger apresentavam bons níveis de inteligência e linguagem, apesar da dificuldade de se relacionarem, e os sinais se manifestaram após o terceiro ano de vida, diferindo das descrições de Kanner. Hans Asperger caracteriza essas crianças como peculiares e interessantes, reivindicando um tratamento educativo adequado para seres humanos atípicos:

Todas as crianças que apresentarei têm em comum uma perturbação fundamental que se manifesta em sua aparência física, funções expressivas e, de fato, em todo o seu comportamento. Esta perturbação resulta em graves [...] dificuldades de integração social. [...] os problemas sociais são tão profundos que ofuscam todo o resto. [...] Com o tipo de transtorno de personalidade apresentado aqui, podemos demonstrar [...] que seres humanos excepcionais devem receber tratamento educacional excepcional, tratamento que leve em conta suas dificuldades especiais (Herman, 2019, n.p.).

De acordo com o Ministério da Saúde (Brasil, 2015), as características das crianças autistas descritas por Asperger apareciam a partir dos dois anos e envolviam relações sociais incomuns tanto com pessoas quanto com objetos (ignoravam determinados objetos ou fixavam-se excessivamente em outros), ausência de expressões faciais (com falas artificiais ou pedantes) e gestuais (podendo ou não haver movimentos repetitivos), dependência de regras e de leis claras no cotidiano e extremo egocentrismo.

A inclusão escolar

Segundo o Censo Escolar da Educação Básica de 2022, elaborado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), “o percentual de alunos com deficiência, transtornos do espectro autista ou altas habilidades matriculados em classes comuns tem aumentado gradualmente para a maioria das etapas de ensino” (Brasil, 2022, p. 37). O mesmo Censo (Brasil, 2022, p. 37) afirma que as “etapas da Educação Básica apresentam mais de 90% de alunos incluídos em classes comuns em 2022”.

É correto, então, afirmar que esse aumento se dá pela perspectiva da Meta 4 do PNE (Brasil, 2014), a qual tem por objetivo

universalizar, para a população de quatro a dezessete anos com deficiência, transtorno do espectro autista (TEA) e altas habilidades ou superdotação, o acesso à educação básica e ao atendimento educacional especializado (AEE), preferencialmente na rede regular de ensino, com a garantia de sistema educacional inclusivo, de salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou conveniados (Brasil, 2014, p. 55).

Tenente (2024) afirma que, entre os anos de 2022 e 2023, houve um aumento de quase cinquenta por cento no número de crianças e de adolescentes brasileiros com TEA matriculados em salas de aula regulares. A autora informa que esse número subiu de 405.056 alunos para 607.144 durante esse período.

Gráfico 1: Quantidade de alunos com autismo nas escolas brasileiras

Fonte: Tenente, 2024.

Esse aumento sugere um movimento positivo em direção à inclusão desses indivíduos no sistema educacional, refletindo uma maior conscientização e esforços para promover uma educação mais inclusiva e acessível para todos.

Redirecionando essas informações para a esfera municipal de Duque de Caxias/RJ, cidade desta pesquisa, o site QEdu informa que em 2020 havia quase 2.000 alunos com TEA ou superdotação/altas habilidades matriculados nos anos iniciais do Ensino Fundamental no município.

Tabela 1: Alunos incluídos nos anos iniciais em Duque de Caxias em 2020

Alunos sem TEA ou superdotação/altas habilidades 37490
Alunos com TEA ou superdotação/altas habilidades 1958

Fonte: Plataforma QEdu.

Observa-se que, em Duque de Caxias, o autismo é correlacionado com superdotação/altas habilidades devido à diversidade do espectro autista, que inclui uma ampla gama de características e de níveis de funcionamento. Além disso, algumas pessoas com TEA apresentam habilidades excepcionais em áreas específicas, como Matemática, Música ou Arte, o que pode ser interpretado como superdotação/altas habilidades.

Tecnologia, educação e autismo

A tecnologia tem surgido como uma ferramenta poderosa para auxiliar no desenvolvimento e na comunicação de indivíduos com autismo. Por meio de uma variedade de aplicativos, softwares e dispositivos específicos, ela oferece oportunidades únicas para adaptar o ambiente de aprendizado e social, promovendo inclusão e desenvolvimento para essas pessoas. As tecnologias podem desempenhar um papel significativo na sala de aula, pois o aumento das plataformas tecnológicas proporciona oportunidades para criar suportes visuais que beneficiam os estudantes, incluindo aqueles com transtorno do espectro autista (Coelho Neto et al., 2017).

De acordo com Leahy (2021), atualmente, os robôs estão sendo utilizados em terapias com crianças com autismo, oferecendo uma abordagem menos intimidante para as interações sociais e ajudando a desenvolver habilidades de comunicação e interação.

Os estudos pioneiros no campo da tecnologia e educação têm suas bases nos trabalhos de Seymour Papert (1928–2016). Segundo Massa, Oliveira e Santos (2022), Papert foi um dos primeiros na área de inteligência artificial e liderou avanços significativos no campo das tecnologias educacionais. Papert acreditava que os computadores desempenhariam um papel fundamental como ferramentas essenciais no processo de ensino-aprendizagem, tornando-se facilitadores do aprendizado e impulsionando a criatividade das crianças (Massa; Oliveira; Santos, 2022).

Naquela época, Papert (1985) reconheceu que os computadores tinham o potencial não apenas de fornecer informações e instruções, mas também de capacitar as crianças a experimentar, explorar e expressar suas ideias. Contudo, “o computador não deve ser utilizado de forma que ele ensine a criança, e sim a criança é que deve ensinar o computador, programando-o” (Massa; Oliveira; Santos, 2022, p. 115).

Em concordância, Passerino (2005, p. 303) afirma que

o uso do computador e em especial de ambientes digitais de aprendizagem acompanhado de estratégias de mediação adequadas e adaptadas aos sujeitos mostraram-se relevantes e importantes no desenvolvimento e na promoção da interação social de sujeitos com autismo levando em consideração o grau de autismo e as próprias características pessoais dos sujeitos.

Nesse contexto, a tecnologia na educação pode ser ajustada para atender às necessidades individuais dos alunos com autismo. Os programas de software educacional podem ser adaptados para abordar as preferências, as habilidades e os ritmos de aprendizagem únicos de cada aluno, contribuindo para a criação de um ambiente de aprendizagem mais inclusivo e eficaz.

Além disso, os computadores possuem a capacidade de simular e visualizar conceitos de maneira tangível. Para pessoas com autismo, que frequentemente são aprendizes visuais, tais ferramentas podem ser particularmente benéficas. Simulações e modelagens podem auxiliar na compreensão de conceitos abstratos, promovendo assim a compreensão e a aprendizagem.

De acordo com Passerino (2005), em 1973 o pesquisador Kenneth Colby foi um dos primeiros a utilizar computadores na educação de pessoas com autismo. Ele desenvolveu um programa de computador destinado a estimular a linguagem oral em indivíduos com autismo que não se comunicavam verbalmente.

Atualmente, uma ampla gama de tecnologias é empregada no ensino de pessoas com autismo, oferecendo suporte às suas necessidades individuais e fomentando o desenvolvimento em diversas áreas. Alguns exemplos comuns de tecnologias incluem: aplicativos de comunicação aumentativa e alternativa (CAA); programas de software educacional personalizados; jogos e aplicativos educativos, entre outros.

Metodologia

Este estudo possui natureza básica, voltada para a ampliação do entendimento teórico e conceitual acerca de um fenômeno específico. De acordo com Bogdan e Biklen (1994), a pesquisa básica tem como propósito aprofundar a compreensão das características, causas e consequências de um tema, neste caso, o autismo e a tecnologia.

A abordagem metodológica adotada nesta pesquisa é qualitativa. Isso implica enfatizar a compreensão detalhada e a interpretação dos fenômenos sociais, humanos e comportamentais em seus contextos naturais. A pesquisa qualitativa busca capturar a complexidade e a riqueza das experiências humanas, explorando significados, perspectivas e relações sociais (Bogdan; Biklen, 1994).

O estudo consistiu em revisão bibliográfica, realizada por meio de uma busca sistemática em bases de dados acadêmicas, periódicos científicos e outras fontes relevantes, com o objetivo de identificar estudos, teorias e conceitos pertinentes ao tema de interesse.

Pesquisas sobre estratégias pedagógicas e adaptativas

As pesquisas na área de ensino de Ciências e tecnologia são fundamentais para impulsionar o progresso e a inovação nos campos do conhecimento. Por meio da investigação e da análise sistemática, os pesquisadores conseguem desvendar novos fenômenos, desenvolver tecnologias avançadas e encontrar soluções para os desafios contemporâneos. Sendo assim, alguns projetos serão abordados neste capítulo.

O estudo de Coelho Neto et al. (2017, p. 1) com crianças com autismo destaca “que as tecnologias touch apresentam uma interface mais atrativa e de fácil utilização” do que o notebook, por exemplo. Segundo o autor, o tablet — por ser touch — proporciona versatilidade para ser utilizado em diversas situações e posições, sendo amplamente considerado adequado para diferentes necessidades e preferências dos usuários. O autor também observa que há poucas pesquisas em português referentes ao uso de tecnologias por parte das pessoas com autismo no contexto escolar. No entanto, abordagens em outros ambientes, como clínicas, têm demonstrado resultados positivos na aplicação dessas tecnologias, evidenciando diversas possibilidades de uso dos dispositivos touch.

O trabalho de Lima, Ayres e Sousa (2022) destaca a importância de estratégias pedagógicas bem planejadas para que os professores alcancem os objetivos estabelecidos. Os principais desafios enfrentados incluem criar situações que facilitem a comunicação e a interação, promovendo a aprendizagem e a formação continuada.

A pesquisa evidencia que as professoras do atendimento educacional para alunos com TEA priorizam o uso de recursos lúdicos e materiais concretos, planejando atividades que favoreçam a comunicação e a interação. Elas reconhecem a importância da formação continuada e do autocuidado dos professores para aprimorar o processo de aprendizagem dos alunos autistas.

De acordo com o estudo de Gonçalves, Kauark e Nunes Filho (2020), conclui-se que o modelo tradicional de aula tende a dificultar o interesse e o desenvolvimento dos estudantes com autismo. A pesquisa ressalta que, além do desenvolvimento do conhecimento curricular, é possível estabelecer processos inclusivos de sociabilização com maior aproveitamento por parte desses estudantes.

Observou-se que as potencialidades são ampliadas quando são proporcionados momentos pedagógicos diversos, com o apoio de sequências didáticas planejadas e adaptadas às necessidades dos estudantes autistas.

Por fim, o trabalho de Xavier e Rodrigues (2021) destaca a importância da alfabetização científica para os alunos da educação especial, não apenas como forma de introduzi-los às Ciências desde tenra idade, mas também por possibilitar uma melhor compreensão dos eventos ao seu redor. Isso os incentiva a formular hipóteses, estimulando a busca por conhecimento e o desenvolvimento do pensamento crítico desde a infância.

Considerações finais

As pesquisas abordadas destacam a importância das estratégias pedagógicas e do uso de tecnologias para promover a inclusão e o desenvolvimento dos alunos com autismo no contexto escolar. Os estudos evidenciam que as tecnologias touch, como os tablets, oferecem uma interface mais atrativa e de fácil utilização, possibilitando versatilidade e adequação às diferentes necessidades dos alunos com TEA.

Também é enfatizada a relevância de estratégias pedagógicas bem planejadas, considerando os desafios enfrentados pelos professores para facilitar a comunicação, a interação e a aprendizagem desses estudantes. Além disso, os estudos mostram que o modelo tradicional de aula pode dificultar o interesse e o desenvolvimento dos alunos com autismo, ressaltando a importância de estabelecer processos inclusivos de sociabilização e de oferecer momentos pedagógicos variados, com apoio de sequências didáticas adaptadas às suas necessidades.

Por fim, destaca-se a importância da alfabetização científica para os alunos da educação especial, incluindo aqueles com transtorno do espectro autista (TEA), como forma de introduzi-los às Ciências desde cedo, incentivando a busca por conhecimento e o desenvolvimento do pensamento crítico. Essas considerações reforçam a necessidade contínua de pesquisa e de implementação de práticas pedagógicas inclusivas e tecnologias acessíveis, com vistas ao desenvolvimento pleno dos alunos com autismo no contexto educacional.

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Publicado em 27 de agosto de 2025

Como citar este artigo (ABNT)

SARDINHA, Quésia Carolina de Oliveira; REIS, Haydéa Maria Marino de Sant'Anna; SANTOS, Beatriz Brandão dos; DÓREA, Márcia de Melo. Explorando a interseção entre autismo, tecnologia e ciências: uma revisão bibliográfica. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 25, nº 32, 27 de agosto de 2025. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/25/32/explorando-a-intersecao-entre-autismo-tecnologia-e-ciencias-uma-revisao-bibliografica

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