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Baixada Fluminense!
Giovânia Costa
No dia 31 de março de 2006 a chacina da Baixada Fluminense completou um ano. Não é uma data de comemoração e, sim, de memória de atos que gostaríamos de não ter na lembrança, mas que é necessário marcar a passagem para que a reflexão se faça presente. Na data foi realizada uma missa na igreja da Sagrada Família da Posse, seguida de caminhada até uma escola municipal que passará a se chamar Douglas Brasil de Paula. Douglas estudava nessa escola e foi uma das pessoas assassinadas.
Noticias de violência é o que costumamos ler e ouvir sobre a Baixada. Poucos, fora de lá, sabem como os moradores vêm se organizando. A criação da Associação de Familiares e Amigos das Vítimas de Violência na Baixada Fluminense é um exemplo disso. Há uma mobilização de organizações da sociedade civil em prol da luta pela paz e contra a violência, que se chama Fórum de Entidades Reage Baixada. Esse fórum, segundo entrevista do Padre Roy ao Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), "tem desenvolvido propostas de políticas públicas nos campos econômico, social e cultural. O Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social do Ministério do Desenvolvimento está cuidando disso conjuntamente com as organizações. O Reage Baixada criou uma comissão que estudou e apresentou propostas ao sistema de justiça e segurança pública. A comissão já finalizou o relatório Impunidade na Baixada sobre a violência na região", explicou o Padre Roy.
Iniciativas como essa são urgentes e necessárias para mudarmos a imagem da Baixada, não somente fora de lá, mas no que toca a autoestima dos moradores da região.
Na busca de mudança da imagem da Baixada uma importante exposição aconteceu durante o Fórum Mundial de Educação, que transformou Nova Iguaçu na capital mundial de Educação.
A Exposição BAIXADA EM ALTA aconteceu no Centro Cultural do Sesc de Nova Iguaçu. E da Baixada irá para Londres e Nova York.
Oito repórteres fotográficos, de veículos internacionais acostumados a mandar para o mundo imagens da Baixada Fluminense pelo enfoque da violência e dos problemas sociais, foram convidados e aceitaram o desafio de descobrir o que tem de bonito e positivo nos 13 municípios que compõem essa parte do estado do Rio de Janeiro. Os fotógrafos registraram espaços públicos, aspectos de arte, cultura, meio ambiente, turismo e economia, além do povo das cidades de Nilópolis, Duque de Caxias, São João de Meriti, Nova Iguaçu, Mesquita, Queimados, Belford Roxo, Seropédica, Itaguaí, Japeri, Paracambi, Magé e Guapimirin.
Os belos ensaios somam ao todo 50 trabalhos dos fotógrafos: Michel Ende (alemão, da Agência Bilderberg Foto); Douglas Engle (norte-americano, da Wold Picture News); Peter Feibert (brasileiro, da Agência Getty Images); Sonja Kovacs (sérvia/autríaca, da Agência Tanjug); Renzo Gostoli (argentino, da Agência AP); John Maier (norte-americano, NoLie Productions); Giuseppe Bizzarri (italiano, da Agência de Notícias Europa); e Zoran Milich (sérvio/canadense, da revista Maclean's). Todos residem no Rio de Janeiro. A curadoria é de Peter Feibert.
Os profissionais passaram três dias registrando o que há de belo no cotidiano de vários municípios da região. As 50 fotos mostram desde a natureza intocada até o sorriso de moradores de bairros carentes. A experiência para esses profissionais deve ter sido fantástica e o resultado causa um impacto muito positivo no público.
O que percebemos, por intermédio da exposição, é que a Baixada Fluminense é uma região rica em cores e vida. E é assim que gostaríamos que ela fosse conhecida e divulgada no mundo, sempre! Quem nos dera vermos resolvidos os graves problemas que sabemos que são frequentes na região. Mas sabemos que a vida em qualquer canto é paradoxal e o povo lindo e guerreiro da Baixada merece a exposição que vai percorrer a Europa e ajudar a desfazer preconceitos e melhorar a autoestima dos seus moradores.
Com certeza, as imagens que vi contribuem para desmistificar a marca da violência e mostram a riqueza de elementos positivos da região.As fotografias registram a vida e o belo, em contraste com o estigma dos problemas sociais e da violência na região de Nova Iguaçu. Como fala Padre Roy: "a mudança de imagem da Baixada já é uma realidade".
E assim partimos para uma outra data: no dia 30 de abril é comemorado oficialmente o Dia da Baixada Fluminense, de acordo com o Decreto Estadual de nº 3.822.
A intenção de comemorar o Dia da Baixada Fluminense é a de celebrar os valores da região e discutir os problemas atuais, com a participação consciente de toda a sociedade. A ideia de instituir o Dia da Baixada Fluminense surgiu e foi aprovada no em 9/12/2000, em encontro da Comunidade Cultural da Baixada, realizado na Faculdade de Educação da Baixada Fluminense, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (FEBF/Uerj).
Essa data comemorativa refere-se à inauguração da primeira Estrada de Ferro construída no Brasil, em 1854, que ligava o Porto de Mauá (Estação Guia de Pacobaíba) à região de Fragoso, no pé da Serra de Petrópolis. A partir daí foram construídas outras ferrovias na região e a Estrada de Ferro tornou-se um marco histórico da ocupação urbana, dando novo perfil à ocupação do solo. Foi o começo do fim dos portos fluviais de navegação pelos rios e dos caminhos de tropeiros, e o início do processo de surgimento de vilas e povoados que se organizaram em torno das estações ferroviárias, origem das atuais cidades da Baixada Fluminense.
E garanto a todos que a "viagem" até lá, hoje em dia, é moleza. Para chegar até Nova Iguaçu, por ex., basta pegar o Metrô, Linha 2, até a Pavuna, estação terminal, e lá mesmo, um dos ônibus que passam pela Via Light. O pessoal de Nova Iguaçu está bem treinado para receber os visitantes. O FME, afinal, colocou o município na pauta do mundo.
Publicado em 25 de abril de 2006
Publicado em 25 de abril de 2006
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