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Rosa

Karla Hansen

Rosa estava assim toda rosa, cor-de-rosa. Saia rodada, blusa, sapatinhos baixos, meias finas, sombra nos olhos. Um rosa clarinho em tudo era o rastro que ela deixava por onde passava. O ar, até mesmo o ar, algo enfumaçado, uma bruma rosa claro vestia, perfumava. Talvez fosse, imaginava, uma jovem fada diáfana, com sorriso de flor, por ali, só de passagem, em visita à Terra, a espiar os humanos, em seus modos tão esquisitos.

Mas que fada que nada!", ela ria, ralhava consigo. Gostava mesmo era de imaginar, enquanto saltitava entre o meio fio e a calçada. E estava outra vez, imaginando em príncipes, princesas e fadas, em mundos não existentes, como os de antigamente... Como os que existiam dentro dos livros de capas duras e ilustrações caprichadas. O Gato de Botas, A Bela Adormecida, A Rapunzel. Quem os tinha inventado? Ou se não eram inventados, se fossem só de outra verdade? Quem sabe ela, também, não era de outra verdade?

Lá ia Rosa para sua primeira festa à fantasia e um leve tremor teve o seu coração. Estava para ser, para se tornar uma grande novidade. Não era mais a mesma naquela roupa nova, embora muito tenha se esmerado em merecê-la. Quem era, então, aquela outra ali, no espelho da vitrine?

Dentro da mão apertou com mais força ainda a medalhinha dourada, presente da mãe: "para dar coragem". Passo curto, coração batendo mais acelerado. Silenciosamente, o vento sopra um segredo em seu ouvido: "tem medo não, Rosa! Sonho pode, sim, virar realidade". E saiu levantando as franjas do cabelo dela.

Pubicado em 25/4/2006

Publicado em 25 de abril de 2006

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