A formação continuada mediada pelas novas tecnologias digitais em parceria com as famílias no ambiente escolar

Andréa Brito de Araújo

Mestranda em Novas Tecnologias Digitais na Educação (UniCarioca), especialista em Gestão Escolar, Supervisão e Coordenação Escolar (UCB), graduada em Pedagogia (UCB), professora da Educação Infantil (SME/RJ)

Sheila da Silva Ferreira Arantes

Doutoranda em Informática (UFRJ), professora do Mestrado em Novas Tecnologias Digitais na Educação (UniCarioca), pós-graduada em Planejamento, Implementação e Gestão da Educação a Distância (UFF), em Gestão Escolar (UBM) e em Psicopedagogia Institucional (UCB), graduada em Pedagogia (UniverCidade)

André Cotelli do Espírito Santo

Doutorando em Informática (UFRJ), professor do mestrado em Ciências e Tecnologia Nucleares (IEN), graduado em Ciência da Computação (UGF)

Antônio Carlos de Abreu Mól

Doutor em Engenharia Nuclear (UFRJ), mestre em Engenharia Nuclear (UFRJ) e graduado em Engenharia Eletrônica (UFRJ)

Ana Paula Legey Siqueira

Pós-doutora em Divulgação Científica (CNEN), doutora em Ciências (IOC/Fiocruz), coordenadora adjunta do Mestrado em Novas Tecnologias Digitais na Educação na UniCarioca

Cada vez mais é notória a necessidade de conviver com as tecnologias de informação e comunicação (TIC) na educação; faz-se necessário analisar e refletir sobre os benefícios, as mudanças e os conhecimentos indispensáveis à adequada aplicação dessas tecnologias na formação continuada dos docentes e na participação das famílias de forma mais dinâmica, interativa na transformação do ambiente escolar.

Sabemos que as mudanças nas formas de comunicação e de informação de conhecimentos desencadeadas pelo uso cada vez mais presente das tecnologias digitais nos distintos âmbitos da sociedade contemporânea demandam uma reformulação das relações de ensino e aprendizagem, tanto no que diz respeito ao que é feito nas escolas quanto à participação das famílias nesse ambiente educacional de forma mais ativa e democrática.

Na concepção de Bortolini (2013), no atual cenário de uma educação democrática e participativa, cabe ao diretor escolar possibilitar e motivar a participação coletiva de todos os segmentos da comunidade escolar, articulando as diversas ações administrativas e pedagógicas, a fim de alcançar o principal objetivo: uma educação de qualidade.

Entende-se que o trabalho educacional, por sua natureza, demanda esforço compartilhado, realizado a partir da participação coletiva e integrada de todos os envolvidos e principalmente buscando resoluções de problema em que a família é mais um agente que contribuirá nesse processo democrático. Precisamos então começar a pensar no que realmente pode ser feito a partir da utilização das novas tecnologias, particularmente na participação das famílias nesse processo educativo mais dinâmico e interativo.

Nessa perspectiva, é preciso envolver toda a comunidade, num processo de integração global; estabelecer um diálogo real entre os envolvidos no processo, criando condições para troca de informações contínua e recíproca, conduzindo à participação e integração de todos; e que se tenha clareza de que o planejamento participativo não pode estar sujeito a regras ou atividades preestabelecidas (Silva et al., 2022).

Para atingir o sucesso coletivo, a escola deve superar dificuldades diversas. Ouvir a comunidade escolar, conhecer e entender alunos e professores e compartilhar responsabilidades, competências fundamentais para transformarmos a escola do século XXI. De acordo com Lévy (2001), todos possuem competências e habilidades que podem contribuir para um processo mais ameno no planejamento das ações e da aprendizagem. Para isso, é necessário compreender quais são suas especificidades técnicas e seu potencial pedagógico.

Nesse sentido, com a finalidade de garantir a participação efetiva de alunos, responsáveis, docentes e demais equipes nas ações promovidas pela unidade escolar, dando a oportunidade de um espaço democrático de cidadania e autonomia permeado pelo uso das tecnologias de comunicação e informação, este estudo tem como objetivo compreender o papel dos professores na implementação das práticas pedagógicas utilizando as tecnologias da informação e comunicação (TIC) como recurso na participação das famílias na transformação do ambiente escolar de forma consciente e democrática, garantindo a promoção do protagonismo familiar com a participação coletiva.

Formação continuada mediada pelas novas tecnologias digitais

A pandemia chegou de forma repentina, as medidas de isolamento foram criadas de forma emergencial e isoladas; a educação foi um dos campos que mais precisou se organizar de maneira rápida e com ações efetivas, a fim de manter os vínculos de estudantes e famílias com a as novas tecnologias digitais como ferramenta aliada nesse processo de ensino-aprendizagem e trazendo grandes desafios. Tornando urgente a forma de repensar a formação dos docentes em parceria com as famílias de maneira mais efetiva, garantindo a promoção de uma aprendizagem dinâmica e mais significativa (Silva, 2022).

Almeida et al. (2020) destacam que é fundamental, diante do novo cenário, que professores invistam em formação continuada para uma prática mais atuante, de forma especial no que se refere aos profissionais e estudantes, que, repentinamente, se depararam com uma nova dinâmica de ensino-aprendizagem mais atrativa e interativa; além da formação inicial diferenciada pelas novas tecnologias digitais, também serão exigidas novas habilidades e competências dos estudantes para que gerenciem com autonomia e sucesso o seu processo de aprendizagem. 

Segundo a pesquisa preliminar, inicialmente realizou-se um período de inscrição de 20 dias durante o mês de agosto de 2022, apoiada por um questionário, composto por nove perguntas, elaborado no Google Forms e divulgado pelos grupos de WhatsApp, Instagram e convite da palestrante. Os participantes tiveram prazo de dez dias para responder. Com base nos dados coletados, foi traçado um levantamento que serviu para o desenvolvimento das demais etapas, visando à promoção do curso de capacitação pedagógica da disciplina Metodologia e Prática com Uso das Novas Tecnologias Digitais, da Unicarioca, do Rio de Janeiro, e promovido pela professora mestra Sheila Arantes Ferreira da Silva, com o tema A Importância da Formação Continuada Conectada com as Novas Tecnologias Digitais. Com as inscrições encerradas, obtive o resultado da formação básica dos profissionais da Educação registrado no Gráfico 1.

Gráfico 1: Divulgação do curso de capacitação pedagógica

Gráfico 2: Nível de formação dos profissionais da Educação

Gráfico 3: Tempo de formação dos profissionais da Educação

Gráfico 4: Experiência dos profissionais da Educação quanto a recursos tecnológicos

Desta forma, é possível concluir, pela pesquisa realizada, que 30,4% dos profissionais não utilizam recursos digitais na sua prática pedagógica, mostrando que necessitam urgentemente de mudanças em sua formação continuada proveniente das transformações tecnológicas; a educação formal deve se comprometer com o desenvolvimento de cidadãos que saibam lidar com as TIC, auxiliando no processo de inclusão digital (Oliveira; Lima, 2015). De acordo com Silva, Jambeiro, Lima e Brandão (2005), a inclusão digital tem como ponto central a educação para a informação.

Assim, incluir as tecnologias de informação e comunicação no ambiente escolar não significa apenas apresentar os recursos tecnológicos as famílias, estudantes e ensinar a eles habilidades básicas para o uso de computadores e da internet, mas auxiliá-los na construção de conhecimentos para utilização dessas mídias a favor dos interesses e necessidades individuais e comunitários, com responsabilidade e senso de cidadania (Takahashi, 2000).

Atividades e práticas pedagógicas que contemplem o uso das TIC tornam-se importantes aliados num processo de ressignificação do ensino-aprendizagem tradicional, pois com essas mudanças a construção do conhecimento passa a ganhar um caráter mais reflexivo e consciente. No trabalho com essas tecnologias inseridas no ambiente escolar, todos os envolvidos desenvolvem autonomia, criticidade e capacidade para ir em busca de suas próprias conquistas. Assim, podemos nos deparar com um sujeito mais independente e dono de si. Aliar tecnologia, metodologias e práticas em prol da construção de uma educação inovadora seria, de fato, trabalhar uma visão de ensino-aprendizagem com inúmeras possibilidades na produção de saberes.

Metodologia

O presente estudo se baseou no curso de capacitação pedagógica na cidade do Rio de Janeiro, com o objetivo de analisar e refletir sobre os benefícios, as mudanças e os conhecimentos indispensáveis à adequada aplicação dessas tecnologias na formação continuada dos docentes, numa gestão democrática e na participação das famílias de forma mais dinâmica, interativa e significativa na transformação do ambiente escolar, que se realizou de forma híbrida, distribuída em quatro encontros, sendo um encontro presencial em uma escola na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro e três encontros de forma on-line pela plataforma Google Meet, com certificado de dez horas.

As plataformas e aplicativos digitais Padlet, Google Forms, Jamboard, Mentimenter, WhatsApp e Canva, Wordwall e Karrot são ferramentas dinâmicas, interativas e de fácil aprendizado; com eles surgiu a reflexão de como contribuir de forma significativa na participação familiar, promovendo a integração das novas práticas da equipe pedagógica e de uma gestão escolar mais democrática na transformação do ambiente escolar.

A partir desses aspectos, a pesquisa tem como indagação: “como as plataformas digitais podem contribuir com as práticas pedagógicas em parceria com as famílias na transformação do ambiente escolar de forma efetiva e de uma gestão democrática, inclusiva e de qualidade?”.

A abordagem foi qualitativa como técnica de coleta de dados, produzindo uma entrevista estruturada com 25 participantes por meio de questionário no Google Forms como instrumento para análise do estudo, a ser respondida pelos profissionais da Educação de diversos segmentos e escolas diferentes, e uma pesquisa bibliográfica para levantamento de materiais e pesquisas em apoio ao trabalho. O objetivo foi coletar dados que apontassem o olhar de cada profissional da Educação em relação às TIC e a troca de informação como fator relevante à formação continuada, à aprendizagem significativa das famílias e a uma gestão mais democrática. Como resultados, aponta-se que:

  1. A formação dos profissionais da Educação necessita urgentemente de mudanças na sua formação continuada provenientes das transformações tecnológicas;
  2. Os profissionais participantes do estudo têm uma visão significativa sobre a prática pedagógica mediada pelas novas tecnologias digitais;
  3. É no âmbito da escola pública que deve acontecer uma participação ativa e dialógica para que as famílias tenham maior comprometimento, mediada pelas novas tecnologias digitais, e estabeleçam melhorias com ações coletivas na transformação do ambiente escolar.

As TIC como ferramenta digital em parceria com as famílias

A introdução da TIC no contexto familiar provocou alteração das dinâmicas das famílias e passou de certa forma a obrigar a uma readaptação quando da chegada desse “novo elemento” da família (Carvalho; Francisco; Relvas, 2015).

Dessa forma, ao longo dos tempos valores vão sendo modificados e as pessoas devem se apropriar de novas informações e maneiras de viver para continuar se desenvolvendo na sociedade. Nesse sentido, novas transformações acontecem de acordo com as necessidades que vão ocorrendo na vida cotidiana, com direcionamento para as modificações e transformações de uma vida melhor. As pessoas precisam adaptar-se a essas mudanças sociais para ter a possibilidade de colaborar com a transformação do meio em que estão inseridas (Wieczorkievicz; Baade, 2020).

Portanto, cabe ressaltar que a aproximação de família e escola é fundamental para que juntas construam canais de diálogo e busquem, a cada dia, alternativas para melhorar o processo de ensino-aprendizagem. A escola e a família precisam entender que trabalhando juntas, em parceria, existindo respeito mútuo entre ambas as partes, em um ambiente de colaboração e participação, com democracia, com oportunidades de conversas, os alunos compreenderão melhor como são importantes e que serão os responsáveis pelo seu futuro, o que influenciará indiretamente no futuro de outras pessoas também (Arantes, 2011).

Para que as famílias participem, exponham seus saberes e incertezas, elas precisam pertencer a um grupo e sentir-se aceito nele. Essa aceitação permitirá que assumam a autoria de ideias, formem convicções, estabeleçam diálogos com o outro por meio da aprendizagem significativa. As famílias de hoje encontram-se em um tempo de multiplicidade de informações, ora descobertas na escola, ora pelos meios de comunicação, permeadas pelas novas tecnologias digitais, que se tornam cada vez mais um instrumento de ensino-aprendizagem.

Logo, o papel da escola é propor estratégias que favoreçam a participação, a comunicação, a interação e o confronto de ideias das famílias, promovendo o desenvolvimento de habilidades e valores necessários para assim compreender o agir no mundo em que vivem, capazes de ter uma vida social correta e responsável, ressignificando os conteúdos adquiridos, transformando e aplicando, nos diferentes contextos sociais e humanos, buscando alternativas de superação da realidade (Arantes, 2011).

Portanto, cabe à gestão escolar atuar como mediadora, facilitadora, incentivadora, desafiadora, investigadora do conhecimento, da própria prática e da aprendizagem significativa do espaço escolar, mediada pelas novas tecnologias digitais. Nessa abordagem, aprendizagem significativa compreende ideias ou conhecimentos expressos de forma simbólica pela interação de maneira substantiva (não literal) e não arbitrária com aquilo que o aprendiz já sabe ou detém. Não arbitrária compreende algum conhecimento ou informação relevante já presente na estrutura cognitiva do indivíduo que aprende (Ausubel, 1963; 2000).

Dessa forma, o acesso às tecnologias de informação e comunicação está relacionado com os direitos básicos de liberdade de expressão; portanto, os recursos tecnológicos são as ferramentas contributivas ao desenvolvimento social, econômico, cultural e intelectual. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) propõe uma prática educacional adequada à realidade do mundo, ao mercado de trabalho e à integração do conhecimento. Logo, a utilização efetiva das tecnologias da informação e comunicação na escola é uma condição essencial para inserção mais completa do cidadão nessa sociedade de base tecnológica.

De acordo com Valente (2015), grande parte da sociedade está passando por um processo de progressão e conversão em busca da autonomia. Assim, como uma das principais transformações são as tecnologias de informação e comunicação, esses desafios impostos pela sociedade atual levam a escola a refletir sobre sua prática e a necessidade de mudança para responder às demandas dessa sociedade que se caracteriza, sobretudo, conforme mencionado, pela velocidade no acesso à informação, através dos diversos meios existentes (internet, rádios, celulares e computadores).

Nesse contexto, a escola representa o espaço de formação de todos, possibilitando o domínio de conhecimentos necessários para uma melhor qualidade de vida e um espaço possível de integração e articulação de todas as pessoas conectadas com tudo que é oferecido pelo espaço digital, utilizando e criando tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva de toda comunidade escolar; torna-se, portanto, extremamente importante para a promoção de um processo de aprendizagem mais significativo.

Segundo Martins e Almeida (2020), as tecnologias podem potencializar as práticas pedagógicas colaborativas, deixando pistas de que não se trata apenas da inclusão das tecnologias em ambiente escolar, mas sim de uma transformação de pensamento sobre o ato educativo. Sendo assim, as atividades podem trazer a interatividade, a colaboração, o estar junto, produzindo conjuntamente conhecimento.

A plataforma Padlet é um diário de bordo, em que as famílias são convidadas a pesquisar e expor suas criações em janelas temáticas colaborativas ou individuais. Com a facilidade de inserção de ideias, imagens, textos e vídeos, temos um diário de bordo interativo. Para Monteiro (2020, p. 3), “o Padlet é destacado como uma ferramenta que permite a congregação de diferentes conteúdos por intermédio de links, consolidando-se como um novo modelo de organização de conteúdo hipertextual na web”.

A ferramenta Forms possui duas funções; uma envolve a pesquisa de opinião dos responsáveis, que eles irão preencher de forma objetiva e subjetiva sobre temáticas da sequência didática; a outra função é avaliativa, como afirma Sousa (2020, p. 33): "o Forms gera um questionário sobre cada questão, mostrando a resposta de cada família de forma individual e coletiva".

O Mentimenter permite envolver a comunidade escolar através da interatividade, pois aguça a curiosidade dos participantes, já que, após a participação, os resultados aparecem anonimamente, o que encoraja as famílias a interagir sem medo dos julgamentos, e a direção tem em tempo real a resposta e a verificação do que foi realmente aprendido ou não, podendo fazer colocações e explicações de conceitos que não ficaram claros (Pereira; Oliveira, 2018).

Segundo Bouhnik & Deshen (2014), “o WhatsApp permite às pessoas acessar uma grande quantidade de informações rapidamente, tornando-se um programa acessível a uma variedade de pessoas de diferentes idades e conhecimentos”.

Com a ferramenta Jamboard, que é uma lousa digital interativa on-line que pertence às ferramentas da Google, é possível criar aulas interativas, salvar trabalhos na nuvem automaticamente, salvar em PDF, compartilhar tela com os alunos pelo Google Meet, permitindo que eles editem o frame (quadro) colocando ideias e trocando opiniões sobre determinado assunto das unidades curriculares em estudo; assim, usa-se a ferramenta de reconhecimento de formas e de escrita, fácil de ler, interagir, desenhar e pesquisar, como se estivesse usando um quadro branco.

Wordwall é um site de atividades interativas que permite aos profissionais criar atividades personalizadas, em modelo gamificado, utilizando apenas poucas palavras. Embora seja ideal para aplicação com alunos em fase de alfabetização, a plataforma é versátil e há multiplicidade de atividades que podem ser criadas, abrindo espaço para uso em diversas disciplinas (Nunes, 2022).

O Kahoot é um software que permite criar questionários que podem ser respondidos por usuários que estejam conectados à internet por meio de smartphones ou computadores. É importante ressaltar que as “tecnologias inseridas no cotidiano escolar servem como alicerce e permitem a realização de diferentes atividades de aprendizagem, contribuindo para uma educação inovadora” (Nogaro; Cerutti, 2016).

Gráfico 5: Ferramentas digitais na aprendizagem familiar

Quadro 1: Aspectos positivos e negativos digitais que favorecem ou dificultam a utilização dos recursos digitais na escola

Aspectos positivos

Aspectos negativos

Os recursos tornam as aulas mais dinâmicas e lúdicas.

Dificuldade no acesso à internet e nos recursos na unidade escolar, sem que precisemos levar de casa para a escola.

Internet disponível facilita contato mais didático com as famílias.

Salas cheias, com crianças incluídas e poucos funcionários para mediar o fazer pedagógico. Falta de estrutura nas escolas.

Contribui positivamente para quem tem dificuldade com as tecnologias.

 Nem todo lugar tem internet disponível.

É atual e universal.

As escolas na maioria das vezes demoram para se atualizar.

Aproximação da família.

Falta de material.

Tudo que for favorecer o aluno em sua aprendizagem é positivo.

Dificulta quando a internet não funciona.

Todos deveriam ter acesso às tecnologias nas escolas.

A falta de recursos em escolas públicas diminui o acesso a esses recursos.

Comunicação e informação mais rápidas.

Dificuldade da escola perante isso, que será o grande fluxo de mensagens que terá.

Famílias mais participativas e colaboradoras.

Não tem.

Ajudam na aproximação dos grupos, na interação escola-família.

As famílias ainda não possuem acesso suficiente para interagir nas plataformas.

Aprendizagem significativa.

Nem todas as famílias possuem acesso à internet ou a smartphone.

Resultados e discussões

Nesta pesquisa, trazemos à discussão as concepções dos docentes sobre as possibilidades de uso das tecnologias digitais da informação e comunicação em parceria com as famílias, pois supomos que a integração das TIC na prática pedagógica tem relação com essa concepção. “As concepções formam-se num processo simultaneamente individual (como resultado da elaboração sobre a nossa experiência) e social (como resultado do confronto das nossas elaborações com as dos outros)” (Ponte, 1992).

Procuramos analisar se os métodos utilizados no decorrer desta pesquisa foram efetivos. Realizamos uma análise da descrição do olhar dos profissionais da Educação acerca da importância da formação continuada para inovação de suas práticas, propiciando produção de conhecimento tanto para as famílias como para os professores na unidade escolar; analisamos também o uso de tecnologias digitais na promoção da integração, participação e promoção do protagonismo das famílias.

Buscamos garantir a autenticidade da pesquisa e assegurar o sigilo dos participantes; todos foram informados no início da pesquisa pelo grupo de WhatsApp e pela exibição do curso presencial e on-line que todos os dados e informações coletados, físicos ou digitais, seriam sigilosos e armazenados sob a responsabilidade da pesquisadora e posteriormente excluídos.

Em relação ao perfil dos 25 participantes do questionário aplicado na primeira etapa, nas questões 1, 2, 3 e 4 pode-se afirmar que todos atuam no cenário atual da formação básica dos profissionais da Educação como professores, estagiários e mediadores da rede pública e particular do município do Rio de Janeiro. A maior parte dos profissionais da Educação tem formação; mais especificamente 41,7% têm graduação, 33,3% têm graduação ou estão em formação, 25% têm pós-graduação lato sensu) e nenhum cursa ou concluiu mestrado e doutorado.

Identificamos no Gráfico 5 que 30,4% dos participantes nunca utilizaram qualquer ferramenta digital na sua prática no ambiente escolar; podemos registrar no Quadro 1 as principais dificuldades encontradas na utilização dos recursos digitais na escola; destacamos alguns relatos dos profissionais de Educação: dificuldade no acesso à internet na unidade escolar e em casa; falta de infraestrutura e recursos nas escolas públicas, pois nem todas as famílias possuem acesso à internet ou smartphone etc.

Quanto ao uso dos recursos tecnológicos, podemos destacar diversos interesses dos segmentos no processo de ensino-aprendizagem em parceria com as famílias. Encontramos que 83% dos participantes consideram que o uso dos recursos tecnológicos contribui na aprendizagem das famílias, 61% que torna as reuniões mais atrativas para as famílias, 55,6% que favorece o sentimento de pertencimento no ambiente escolar, 61,1% que promove parceria e envolvimento na informação e comunicação com as famílias, 77,8% que torna as reuniões mais lúdicas e prazerosas e 61,1% que contribui para o fomento da aprendizagem significativa na transformação do ambiente escolar.

Os resultados obtidos comprovam que grandes são os desafios dos profissionais de Educação em parceria com as famílias no ambiente escolar; contudo, vale ressaltar que as possibilidades de uso das tecnologias digitais da informação e comunicação numa perspectiva de construção e reconstrução de conhecimentos dos docentes se torna cada vez mais urgente, sendo uma formação com viés na tendência crítico-reflexiva, na qual deve-se incentivar a formação dos professores rumo à autonomia e a uma prática mais reflexiva em parceria com as famílias.

Conclusão

O que é particularmente fascinante nas novas tecnologias disponíveis hoje, em especial na internet, não é que, com sua ajuda, seja possível ensinar remotamente, a distância, mas, sim, que elas nos ajudam a criar ambientes ricos em possibilidades de aprendizagem nos quais todas as pessoas interessadas e motivadas podem aprender de forma simples, mas significativa.

No mundo contemporâneo, com as tecnologias digitais, o acesso às informações está mais facilitado e a escola deixou de ser o único lugar de legitimação do saber (Martín-Barbero, 2000). Nossos alunos, professores e toda comunidade escolar estão cada vez mais conectados, pesquisando, assistindo, postando, jogando e comunicando-se com seus pares, tudo ao mesmo tempo, de qualquer lugar, a qualquer momento.

Nesse sentido, vale destacar que a pesquisa realizada com base na participação dos professores na formação continuada no período de agosto a setembro de 2022 teve como objetivo consolidar a importância das novas tecnologias digitais na formação continuada em parceria com as famílias; compreende-se que é por meio da participação, de modo a propiciar a articulação da família com a comunidade escolar, estabelecendo relações mais próximas, que as famílias desenvolvem suas identidades em diferentes esferas de convivência, habilidades e principalmente na transformação escolar.

Dessa forma, as escolas deveriam investir mais em formação continuada dos profissionais de Educação, no uso das novas tecnologias digitais como mediadora em parceria com as famílias, numa gestão mais democrática, dentre outros espaços de participação, de modo a propiciar a articulação da escola com as famílias, estabelecendo relações mais próximas. A adoção de estratégias que permitam aos pais acompanhar as atividades curriculares da escola beneficia tanto a escola quanto a família. As investigações de Keller-Laine (1998) e de Sanders e Epstein (1998) enfatizam que é necessário planejar e implementar ações que assegurem as parcerias entre estes dois ambientes, visando à busca de objetivos comuns e de soluções para os desafios enfrentados pela sociedade e pela comunidade escolar.

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Publicado em 04 de julho de 2023

Como citar este artigo (ABNT)

ARAÚJO, Andréa Brito de; ARANTES, Sheila da Silva Ferreira; ESPÍRITO SANTO, André Cotelli do; MÓL, Antônio Carlos de Abreu; SIQUEIRA, Ana Paula Legey. A formação continuada mediada pelas novas tecnologias digitais em parceria com as famílias no ambiente escolar. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 23, nº 25, 4 de julho de 2023. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/23/25/a-formacao-continuada-mediada-pelas-novas-tecnologias-digitais-em-parceria-com-as-familias-no-ambiente-escolar

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