O ensino de Ciências: o uso da metodologia por investigação

Edilene Karla Tavares Cruz

Graduada em Ciências Naturais-Biologia (UEPA), pós-graduada em Gestão Ambiental (Facudade de Tecnologia Darwin), especialista em Biologia Celular e Molecular (Prominas), mestra em Ciências Ambientais (Proficiamb/UFPA)

Sabemos que o processo educacacional, a  cada dia, passa por um movimento de transformações e desafios. No ensino de Ciências, os professores buscam novas metodologias  para  dinamizar  suas aulas, promovendo estímulos no  educando para o desenvolvimento de seu pensamento critíco, por meio do uso do processo de investigação dos conceitos cientificos, permitindo a eles serem protagonistas do processo de aprendizagem. Dessa forma, as escolas são um reflexo da sociedade em menor escala, proporcionando um ambiente onde os alunos podem experimentar diferentes situações sociais e adquirir conhecimentos que os prepararão para a vida. A compreensão desse papel das escolas é importante ao considerar a implementação de novas abordagens educacionais, como as metodologias ativas no ensino de Ciências.

Nessa perpesctiva do aluno protagonista, os professores buscam auxílio nas metodologias ativas que apresentam um conjunto de estratégias diferenciadas que contribuem na forma de ensinar e de aprender de forma mais participativa e dinâmica. Segundo Moran (2017, p. 2), as “metodologias ativas são estratégias de ensino centradas na participação efetiva dos estudantes na construção do processo de aprendizagem, de forma flexível, interligada, híbrida”.

As metodologias ativas são compreendidas como estratégias de ensino por meio das quais os alunos são protagonistas no processo de aprendizagem. Os professores assumem o papel de mediadores/facilitadores, apoiando, ajudando, desafiando, provocando e incentivando a construção do conhecimento. As metodologias ativas são abordagens pedagógicas que colocam o aluno no centro do processo de aprendizagem, permitindo que ele seja o protagonista do seu próprio desenvolvimento. Nesse contexto, os professores desempenham o papel de mediadores e facilitadores, oferecendo suporte, orientação e desafios para que os alunos construam ativamente o seu conhecimento. Essas metodologias incentivam a participação ativa dos estudantes, promovendo um aprendizado mais significativo e engajador. A aplicação dessas estratégias pode ser extremamente benéfica no ensino de Ciências, estimulando a curiosidade e a investigação dos alunos. (Fernandes et al., 2005 apud Stroher, 2018, p. 735).

Guimarães et al. ( 2022) evidenciam a importancia da utilização de metodologias ativas pelos professores no intituito delas contribuirem no desenvolvolvimento das habilidades e das compentências dos estudantes .

A formação de professores é essencial para possibilitar o aprendizado dessas novas metodologias e formas de ensinar, no intuito de promover e aplicar abordagens diferenciadas em diversos contextos. Segundo Nóvoa (1992, p. 13),

a formação deve estimular uma perspectiva crítico-reflexiva, que forneça aos professores os meios de um pensamento autónomo e que facilite as dinâmicas de autoformação participada. Estar em formação implica um investimento pessoal, um trabalho livre e criativo sobre os percursos e os projectos próprios.

Oliveira et al. (2023) observaram que o uso de metodologias ativas na prática docente contribui para a formação do professor reflexivo, permitindo mudanças na forma de ensinar e de aprender dos alunos, rompendo com o ensino tradicional .

O objetivo desse artigo é o de relatar um curso de formação continuada realizado com professores da área de Ciências do municipio de Redenção/PA, com enfase em uma metodologia ativa para um ensino por investigação.

Metodologia

Os participantes do Curso de Formação Continuada foram dezesseis professores da rede municipal de ensino da cidade de Redenção/PA. Todos possuem Licenciatura em Ciências, sendo quinze professoras e um professor, todos na faixa etária entre 40 a 59 anos. A formação continuada foi intitulada Oficina de Ensino de Ciências: o uso da metodologia do ensino por investigação.

A oficina foi estruturada e desenvolvida inicialmente como uma roda de conversa. Logo após foi apresentada aos participantes a seguinte questão: ‘quais são os desafios para os professores e o que é necessário para desenvolver a aplicar metodologias ativas em sala de aula?

As repostas poderiam ser dadas utilizando apenas duas palavras. Foi enviado aos participantes o link https://www.mentimeter.com/pt-BR/features/word-cloud para a formação de nuvens de palavras com as respostas dadas.

Figura 1: Nuvem de palavras com as respostas

Na etapa seguinte foi realizada uma apresentação de PowerPoint com slides que abordaram a justificativa e os objetivos da metodologia do ensino por investigação, assim como exemplos dessa aplicação aos Rs (resíduos sólidos).

Foi proposta a realização de uma atividade prática. Solicitou-se dos participantes  que escolhessem um conteúdo do compontente curricular de Ciências para que elaborassem um proposta baseda no ensino por investigação e aplicada uma atividades.

Figura 2: Apresentação

Figura 3: A assistência

Figura 4: Professores participantes

Figura 5: Após o evento

No final da oficina foi aplicado um questionário para que os professores pudessem avaliá-la. O questinonário foi estruturado com cinco questões fechadas e uma aberta.

A primeira questão relaciona-se ao conteúdo abordado. Doze professores responderam que foi ótimo e quatro professores consideraram muito bom. Na segunda questão, tratamos do material didático utilizado. Quinze professores responderam que foi ótimo e apenas um professor que foi bom. A terceira questão enfatizou a maneira/forma/metodologia adotada na condução da oficina. Doze professores responderam que foi ótima e quatro responderam que foi muito boa. Na quarta pergunta questionou-se a respeito do tempo gasto na apresentação e na discussão dos conteúdos. Todos concordaram que foi ótimo. A quinta questão abordou a satisfação dos professores em participar da oficina. Todos responderam que ficaram satisfeitos com a oficina aplicada.

Na última questão, foi solicitado que descrevessem as metodologias ativas que utilizam em sala de aula. Treze professores afirmaram não utilzar nehuma devido à superlotação das salas e três responderam que usam sala de aula invertida, pesquisa de campo e aulas de laboratório.

Considerações finais

O estudo realizado teve como metodologia o desenvolvimento de uma oficina de formação continuada acerca do ensino por investigação. Os resultados obtidos a partir do questionário aplicado ao final da oficina demonstram que os professores tiveram boa receptividade, indicando o sucesso da metodologia de ensino por investigação.

No entanto, é interessante observar que a maioria dos professores ainda não faz uso de nenhuma metodologia ativa em suas práticas pedagógicas, citando como razão a superlotação das salas. Esse fato demonstra uma lacuna e uma necessidade da Secretaria Municipal de Ensino realizar investimentos na formação continuada dos professores para a melhoria da qualidade do ensino de Ciências.

É necessário, assim, refletir sobre os desafios enfrentados pelos professores na busca de novas estratégias, como as metodologias ativas, necessários para a prática pedagógica e o avanço do ensino de Ciências na rede municipal de Redenção/PA.

Referências

GUIMARÃES, Eva Luciana de Moura; SOZO, Jessica Roberta; GUIDOTTI, Flávia Garcia. A inovação na educação a partir de metodologias ativas em tempos de pandemia: relato de uma experiência de formação de professores. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 22, nº 10, 22 de março de 2022. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/22/10/a-inovacao-na-educacao-a-partir-de-metodologias-ativas-em-tempos-de-pandemia-relato-de-uma-experiencia-de-formacao-de-professores

MORAN, José. Metodologias ativas e modelos híbridos na Educação. In: YAEGASHI, Solange et al. (org.). Novas tecnologias digitais: reflexões sobre mediação, aprendizagem e desenvolvimento. Curitiba: CRV, 2017. p. 23-35. Disponível em: http://www2.eca.usp.br/moran/wpcontent/uploads/2018/03/Metodologias_Ativas.pdf.

NÓVOA, António. Para uma formação de professores construída dentro da profissão. s/d. Disponível em: http://www.revistaeducacion.mec.es/re350/re350_09por.pdf. Acesso em: 30 abr. 2024.

OLIVEIRA, Francisco Lindoval; NÓBREGA, Luciano; CAVALCANTE, Marcele Alves dos Santos. O uso das metodologias ativas de aprendizagem na formação do professor: das universidades para a prática nas escolas. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 23, nº 8, 7 de março de 2023. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/23/8/o-uso-das-metodologias-ativas-de-aprendizagem-na-formacao-do-professor-das-universidades-para-a-pratica-nas-escolas

STROHER, J, N. et al. Estratégias pedagógicas inovadoras compreendidas como metodologias ativas. Revista Thema, Lajeado, v. 15, nº 2, p. 734-747, 2018.

Publicado em 16 de julho de 2024

Como citar este artigo (ABNT)

CRUZ, Edilene Karla Tavares. O ensino de Ciências: o uso da metodologia por investigação. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 24, nº 25, 16 de julho de 2024. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/24/25/o-ensino-de-ciencias-o-uso-da-metodologia-por-investigacao

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