Perspectivas e potencialidades dos saberes populares no ensino de Ciências da Natureza
Laura Maria das Chagas Bernardo
Natália Deus de Oliveira Crespo
Doutora em Biociências e Biotecnologia (UENF), professora do IFFluminense
O processo de colonização brasileira foi estabelecido com a contribuição de diferentes povos, tornando o Brasil um país extremamente diverso, miscigenado e possuidor de inúmeras nuances socioculturais. Parte de toda essa miscelânea de informações e costumes é acoplada na forma de saberes (Xavier; Flôr, 2015). Esses conhecimentos podem ser difundidos por meio de dialeto, culinária, crenças e culturas presentes em diferentes relações estabelecidas socialmente (Gondim, 2007; Xavier; Flôr, 2015). Os saberes populares transmitem-se pelos indivíduos por meio de ações, linguagem verbal e gestos e são modificados ao longo do tempo (Gondim, 2007). Entretanto, por mais que eles sejam repletos de caráter científico, permitindo inúmeras possibilidades quanto à sua utilização, seu uso voltado para a ciência ainda é pouco explorado (Soares et al., 2016).
Segundo Vygotsky (Lucci, 2006; Velardi, 1997), o ser humano aprende e se desenvolve a partir de interações obtidas entre ele e o ambiente onde está inserido. De tal maneira, o homem é constituído assim com base na relação que estabelece com seus semelhantes (Martins, 1997; Neves; Damiani, 2006). Dessa forma, os saberes populares, por permearem a sociedade e estarem presentes nas atividades rotineiras, favorecem as práticas investigativas e a argumentação científica no ambiente escolar, que é essencial para o estabelecimento de sentenças necessárias para uma conduta cidadã (Soares et al., 2016). Nesse panorama, é possível pensar no ensino de ciências como uma forma de alcançar o letramento científico e de desmistificar conceitos; os saberes populares são uma importante ferramenta para alcançá-los. Uma vez que a cultura e seus conhecimentos estão presentes nos currículos de ciências, esses saberes podem ser utilizados para a contextualização entre os conteúdos aprendidos em sala com os eventos rotineiros, possibilitando que sejam utilizados meios locais para elaboração de questionamentos (Gondim; Mol, 2008) e para a demonstração das práticas científicas (Soares et al., 2016). É notável que a aproximação entre os saberes populares e o ensino de ciências constitui-se como ferramenta que possibilita integrar conceitos e tornar possível a concretização de conteúdos abstratos, dando a eles maior sentido (Gondim; Mol, 2008).
A utilização dos saberes populares associados ao currículo escolar permite relacionar as diferentes peculiaridades socioculturais pertencentes a uma comunidade (Xavier; Flôr, 2015) a um ensino contextualizado. A contextualização manifesta-se como importante ferramenta para o processo de ensino-aprendizagem, pois possibilita efetivar as relações entre os conteúdos escolares e os saberes aprendidos cotidianamente, auxiliando o alcance de uma formação cidadã, permitindo novas descobertas e o entendimento do indivíduo como um ser capaz de atuar e realizar transformação do meio onde vive (Morin, 2002).
Além disso, essa forma de trabalhar os conteúdos também poderia contribuir para um ensino pautado na interdisciplinaridade, uma orientação da Base Nacional Comum Curricular – BNCC (2018), que leva a organização dos componentes curriculares a realizar interdisciplinaridade, tornando-se um meio de otimização da aprendizagem pela integração de diferentes disciplinas, mostrando-se portanto uma importante ferramenta na integração e comunicação dos saberes escolares e dos conhecimentos pertencentes aos docentes e discentes (Bonatto et al., 2012).
A escola é um ambiente promotor de saberes (Gondim, 2007), por isso é necessário a ela atribuir propostas de ensino que relacionem e associem os saberes populares, que cotidianamente fazem parte dos conhecimentos trazidos pelos discentes, aos saberes formais (Gondim; Mol, 2008); tendo como premissa que criatividade, comunicação, criticidade e autonomia fazem-se indispensáveis à formação humana contemporânea, é necessário adequar esses conceitos a uma educação integral, como sugerido pela BNCC (Brasil, 2018). Para alcançá-la é necessária, portanto, que os professores estejam aptos para a realização de um fazer docente pertinente e efetivo que permita a obtenção dessa formação integrada e a intervenção dos indivíduos na sociedade (Rodrigues et al., 2017; Silva, 2009). Inteirar-se desses saberes permite aos professores, portanto, contribuir para uma educação transformadora, contextualizada e que possibilite a emancipação discente, opondo-se assim a uma educação bancária conforme mencionada por Freire (Nascibem; Viveiro, 2016).
A questão que norteia este trabalho é: a utilização dos saberes populares pode contribuir no ensino de Ciências da Natureza? Para responder a essa indagação, foi realizada digitalmente uma pesquisa qualitativa, de cunho documental, em domínios de busca com objetivo geral de coletar e analisar bibliografias cuja abordagem dos saberes populares esteja relacionada aos conteúdos de Ciências da Natureza estabelecidos na BNCC (Brasil, 2018). Os objetivos específicos foram: (i) mapear e elencar quais saberes populares apresentam-se com maior frequência entre a sociedade, de maneira a (ii) relacioná-los com conceitos teóricos, e currículos de Ciências da Natureza (biologia, física e/ou química). Além disso, propõem-se (iii) a produção e a divulgação de material didático-pedagógico que auxilie professores na utilização dos saberes populares em suas práticas educativas, realizando a promoção de um ensino contextualizado, reflexivo e interdisciplinar.
Cabe ressaltar que esta pesquisa se justifica pelas potencialidades educativas dos saberes populares para o ensino de Ciências da Natureza, uma vez que essa relação ainda possui lacunas nas obras brasileiras, requerendo mais reflexões e ações teórico-práticas acerca da temática.
Procedimentos metodológicos
O presente trabalho estabeleceu-se com uma pesquisa qualitativa de caráter documental (Godoy, 1995; Siqueira et al., 2006) com a finalidade de explorar os saberes populares presentes na bibliografia relacionados ao conteúdo científico e o ensino de Ciências da Natureza. A metodologia empregada para a estruturação da pesquisa foi pelo processo de busca de conhecimento de dados ou knowledge discovery in databases (KDD), que, segundo Galvão e Marin (2009), “pode ser definida como o processo de extração de informação a partir de dados registrados numa base de dados”. A aplicação dessa metodologia divide-se em cinco etapas, tendo início com a extração primária dos dados, seguida por sua padronização, mineração e, por fim, a avaliação da informação. O KDD resulta na transformação de volumes de dados em conhecimentos (Brachman; Anand, 1994; Moreira et al., 2021).
As ações iniciais do trabalho, entre outubro de 2021 e março de 2022, consistiram na seleção de materiais publicados digitalmente em um período temporal inicialmente não delimitado, no idioma português, em sete domínios de busca on-line: Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD), Scientific Electronic Library Online (SciELO - Brasil), Portal de Domínio Público, Portal de Periódicos e Catálogo de Teses da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Portal Brasileiro de Publicações Científicas em Acesso Aberto (Oasis-BR) e GoogleAcadêmico.
No período de outubro a dezembro de 2021 foram mapeados eletronicamente materiais no GoogleAcadêmico. As demais extrações ocorreram em janeiro de 2022 no banco de dados da BDTD, em fevereiro de 2022 no Portal de Periódicos e de Teses da Capes, além do Portal Domínio Público e SciELO -Brasil e, no mês de março de 2022, quando mineraram-se dados no Portal Brasileiro de Publicações Científicas em Acesso Aberto (Oasis-BR).
A fim de direcionar a busca, foram utilizadas associações de palavras-chave como: saberes populares e ensino de ciências, saberes populares e revisão de literatura, revisão de literatura e educação popular e saberes populares e educação popular. As buscas iniciavam-se na primeira guia disponível; o número de guias analisadas se findava a partir do momento em que não fosse encontrada alguma publicação relacionada à temática. Os dados obtidos nessa coleta prévia tinham como objetivo mapear e elencar os saberes populares que se apresentam com maior frequência na sociedade, para que posteriormente fossem relacionados aos currículos e conceitos teóricos do ensino de Ciências da Natureza, numa perspectiva didático-pedagógica que integrasse os saberes populares à sociedade.
Nessa primeira etapa, as produções bibliográficas selecionadas foram sujeitas a uma análise e seleção manual textual, realizada a partir de leitura, na íntegra, para identificar a presença de saberes populares. Quando identificada, os dados passaram por nova avaliação com base no caráter científico e na abordagem dos saberes populares alusivos aos conteúdos e ensino de Ciências da Natureza. Os resultados obtidos nessa primeira mineração foram organizados em categorias: (I) Agricultura/extrativismo, (II) Alimentos e bebidas, (III) Limpeza, (IV) Planta medicinal/medicina popular e (V) Multicategoria.
Num segundo momento, dada a organização categórica dos dados, foi possível se aprofundar em questões ligadas aos aspectos dos conteúdos das publicações e avançar nas averiguações desses dados, tecendo considerações sobre eles para obtenção de conhecimentos. Por meio de leitura analítica, avaliou-se a distribuição temporal dos dados minerados, verificando a existência ou não de similaridades de tema entre eles e a associação dos saberes populares detectados com os conteúdos escolares de Ciências da Natureza em nível médio, tendo como suporte a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) (Brasil, 2018). Como desdobramento das avaliações, almejou-se produzir e divulgar material didático-pedagógico estruturado como cartilha ilustrativa visando ampliar as perspectivas relacionadas às possibilidades contextualizadas de aplicações dos saberes populares no ensino de Ciências da Natureza.
Resultados
A extração de dados das produções bibliográficas relacionadas aos saberes populares e conteúdos de ciências resultou na seleção de 27 publicações. Detectou-se nas obras mineradas que 62,96% delas eram artigos científicos (n=17), 18,51% eram dissertações (n=5), 7,4%, monografias (n=2) (sendo uma de especialização), 3,7%, teses (n=1) e 3,7%, trabalhos de conclusão de curso (TCC) (n=1). Os dados referentes aos achados por domínios de busca consultados estão presentes na Figura 1, que relaciona também a quantidade de associações de palavras-chave, guias analisadas e o quantitativo de produção extraída para análise.
Figura 1: Quantitativo das produções bibliográficas relacionadas aos saberes populares extraídos de domínios de busca on-line
A partir dessa coleta dos dados foi possível tecer algumas considerações acerca dos conteúdos presentes nas obras mineradas pelo uso das palavras-chave. Com relação à BDTD, somente duas publicações passaram pela seleção. Entretanto, após leitura e análise posterior, ambas foram descartadas, pois não se encaixaram como saber popular e sim como propostas de intervenções relacionadas com os saberes populares. Dessa forma, as informações e associações não partiram diretamente dos indivíduos e sim das pesquisas dos autores.
No portal de Periódicos da Capes, por mais que o banco de dados analisado contasse com um grande quantitativo de publicações relacionadas à temática das palavras-chave “saberes populares e ensino de ciências”, a maioria (n=90) das publicações extraídas não se enquadrou aos requisitos desta pesquisa. No portal da Capes, no Portal Domínio Público e no banco de dados da SciELO - Brasil foram utilizadas as mesmas associações de palavras-chave utilizadas nos outros bancos de dados on-line (saberes populares e ensino de ciências); além disso, foram realizadas outras associações de termos, como saberes populares e revisão de literatura; saberes populares e educação popular; e revisão de literatura e educação popular. Utilizou-se maior quantitativo de palavras-chave, a fim de aumentar as chances de aquisição de publicações que pudessem ser avaliadas nesta pesquisa, entretanto não se obteve sucesso em nenhum desses bancos de dados, já que não foram encontradas publicações que se relacionassem à temática analisada.
No banco de dados da SciELO – Brasil, usando as mesmas palavras-chave citadas, não foi encontrada qualquer publicação que se encaixasse no perfil da pesquisa. Com base em tal dificuldade e a fim de otimizar a procura, buscou-se a associação de mais grupos de palavras-chave, como: saberes populares e revisão de literatura, revisão de literatura e educação popular e, por fim, saberes populares e educação popular. Por vez, cada uma das associações de palavras-chave foi utilizada separadamente de modo que, apenas fazendo uso das combinações das palavras “saberes populares e educação popular”, foi encontrada uma publicação com potencial para análise neste trabalho; essa publicação já havia sido analisada no banco de dados da Capes e, por isso, tal resultado não foi novamente contabilizado.
Visando avançar nas análises, verificou-se que as publicações relacionadas aos saberes populares e conteúdos de Ciências da Natureza extraídas nos bancos de dados on-line estavam mais distribuídas temporalmente entre 2006 e 2021. Verificou-se aumento do número de obras relacionadas à temática a partir de 2014, tendo 2016 e 2019 quatro materiais selecionados. Acredita-se que esse aumento pode decorrer do fato de que no campo educacional é crescente a preocupação dos pesquisadores e educadores pela alfabetização cidadã discente e contextualização, de modo que os conteúdos lecionados em aula não apenas contemplem o currículo do ensino de ciências mas que permitam também a ampliação do entendimento dos alunos como seres ativos na sociedade, capazes de transmitir conhecimentos e realizar transformações no meio onde vive (Pires, 1996; Gondim; Mol, 2008; Venquiaruto et al., 2011; Silva; Milaré, 2018; Rodrigues et al., 2020).
Outro indicativo do aumento dessas produções pode estar na publicação de leis como a nº 10.639/03 e a nº 11.645/08, que preveem o ensino e estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena, já que esses povos, além de exerceram forte influência sociocultural na formação do país, possuem conhecimentos e costumes acoplados no formato de saberes tradicionais e populares (Goulart et al., 2021; Ndlovu, 2017; Córdula; Nascimento; Nascimento, 2014). Outra questão que pode ser sugerida com a análise da distribuição temporal das publicações encontradas, baseada no declínio existente a partir do ano de 2019, é o impacto da pandemia da covid-19 nas pesquisas e na escrita científica, ocorrido devido às modificações que afetaram diretamente todos os segmentos da sociedade durante o período pandêmico.
Após a verificação da distribuição anual das produções mineradas nos bancos de dados, outra questão que emergiu no decorrer desta pesquisa documental foi: “existem relações entre o conteúdo/tema do saber popular de Ciências da Natureza e a data da publicação?”. A fim de melhor compreender essa questão, os conteúdos das 27 publicações foram avaliados. Por conseguinte, foi possível verificar que parte das publicações tinha relação entre si, sendo elas as publicadas em 2016, 2017, 2019 e 2021, enquanto a outra parcela das obras, publicada em 2014, 2015, 2018 e 2020, trata de saberes populares diversos, os quais não exerciam qualquer tipo de diálogo. Observou-se que os dados publicados em 2016, 2017, 2019 e 2021, isto é, os que exercem comunicação uns aos outros, são aqueles que de certa forma dirigem-se à temática voltada aos saberes populares relacionados às plantas, o que demonstra que esses saberes possuem certa similaridade durante seu processo de compartilhamento sociocultural (Siqueira et al., 2006). Das quatro publicações analisadas de 2016, duas abordam saberes referentes ao plantio agrícola (Nascibem; Viveiro, 2016) e o uso de cinzas como fertilizante do solo (Mattos, 2015), enquanto duas tratam da utilização de plantas medicinais e alimentos, como o sal, para o tratamento de doenças (Zanotto et al., 2016). Entre elas, a única similaridade observada foi em relação à utilização de vegetais e materiais cotidianos para o exercício da medicina popular.
Entre as três obras publicadas no ano de 2017, foram encontradas similaridades entre duas delas à medida que em ambas os saberes populares abordados tratam da temática da utilização das plantas medicinais (Silveira Filho, 2017; Moreno; Silva, 2017). O mesmo foi observado no ano de 2019 quanto à presença de conteúdo relacionado a chás e plantas medicinais em duas publicações (Pinho, 2019; Xavier et al., 2019) e, em 2021 no que concerne ao manejo de plantas para uso diversos, entre eles o medicinal, conforme verificado nas duas obras analisadas (Albuquerque et al., 2021; Goulart et al., 2021).
Com base no tratamento e na exploração dos dados, foram observadas proximidades conceituais entre determinadas temáticas dos saberes populares, sendo possível agrupar as 27 publicações mapeadas em cinco categorias:
- Agricultura/extrativismo,
- Alimentos e bebidas,
- Limpeza,
- Planta medicinal/medicina popular e
- Multicategoria.
Para cada uma das categorias destacadas, almejou-se propor reflexões relacionadas às potencialidades de intervenções pedagógicas no ensino de ciências.
Com base nas publicações mapeadas, criou-se a categoria (I) Agricultura/extrativismo, na qual foram selecionadas três publicações: uma referia-se a saberes populares relativos ao curtimento artesanal de pele animal (Medeiros, 2020) e as demais a saberes relacionados à agricultura (Nascibem; Viveiro, 2016; Crepalde et al., 2019), sendo estes os saberes mais divulgados nesse grupo.
Segundo Nascibem e Viveiro (2016), historicamente os indivíduos se relacionam com o solo, manejo e cultivo. Dessa forma, emergir sobre os saberes populares envoltos na agricultura torna a abordagem de seus conceitos científicos mais contextualizada e atrativa. Muitas práticas de plantio e colheita são norteadas empiricamente pelos agricultores com base nas fases da Lua. A influência lunar no meio rural e agrícola vem sendo estudada por muito tempo, e alguns eventos ainda não possuem total comprovação científica (Simiano Júnior, 2021). Entretanto, o tema relacionado às fases lunares e práticas sociais relacionadas podem ser trabalhadas no ensino de ciências em assuntos como o Sistema Solar, as estações do ano e a condução de seiva. A análise da temática fomenta discussões, reflexões e a valorização dos saberes locais, de modo a promover diálogos entre os indivíduos e a comunidade (Crepalde et al., 2019).
Para a categoria (II) Alimentos e bebidas, foi encontrada a maior quantidade de obras: doze publicações contendo diversos saberes populares elencados. Delas, foi observado o aparecimento de saberes relacionados a diferentes atividades culinárias exercidas cotidianamente (Silva, 2020) e distintos alimentos e/ou bebidas, como queijo (Prigol, 2008; Martins, 2018), vinho (Venquiaruto, 2012; Venquiaruto et al., 2011; Faria, 2015), chás (Pinho, 2019), mel (Almeida et al., 2018), cachaça (Venquiaruto, 2012), sal (Moura, 2017), doces (Xavier, 2014), tucupi (Rodrigues et al., 2020) e diferentes saberes presentes cotidianamente em atividades culinárias (Silva, 2020).
É interessante observar que, em algumas das obras analisadas (Venquiaruto, 2012; Xavier, 2014; Moura, 2017; Silva, 2020), o sal e o limão aparecem ocupando funções diversas – como conservante, tamponante e atuante para limpeza. Um dos saberes populares mais difundidos encontrados nesta categoria é relacionado à produção de pão (Venquiaruto et al., 2011; Venquiaruto, 2012; Faria, 2015), sendo esse o tema selecionado para discussão na categoria.
O pão é um alimento muito presente no cotidiano dos brasileiros; sua produção é dotada de inúmeros eventos que o relacionam ao ensino de ciências e que muitas vezes passam despercebidos pela população (Faria, 2015). Os saberes populares socialmente compartilhados referentes à produção do pão contemplam inúmeros outros conteúdos, como densidade, fermentação, velocidade das reações, concentração, cinética química e demais conceitos que auxiliam na contextualização do conteúdo científico (Venquiaruto et al., 2011; Venquiaruto, 2012) e são capazes de despertar maior interesse, compreensão e participação ativa dos estudantes, contribuindo para a melhora do processo de ensino-aprendizagem (Faria, 2015).
Dada a popularização dos meios digitais de informação, muitos conteúdos e conceitos científicos são compartilhados entre a sociedade por meio de recursos tecnológicos, como as redes sociais (Silva; Milaré, 2019). Assim sendo, a categoria (III) Limpeza, refere-se somente a uma publicação mapeada, Silva e Milaré (2019), que trata de saber socialmente difundido e tecnologicamente disseminado entre os indivíduos sobre o uso de substâncias e alimentos com a finalidade de realizar limpeza doméstica. Um dos saberes retratados na obra selecionada relacionou-se à utilização do bicarbonato de sódio para a limpeza de diferentes objetos. O bicarbonato é amplamente usado entre os brasileiros como substância capaz de atuar na limpeza e remoção de manchas. Além do bicarbonato de sódio, alguns alimentos são comumente utilizados para esse fim, como vinagre e limão (Silva; Milaré, 2019).
No ensino de ciências, a abordagem dos saberes relacionados a produtos de limpeza fomenta contextualizações científicas diversas, tornando possível trabalhar com os conteúdos de reações químicas, reações de oxirredução, soluções, misturas, solubilidade, pH e funções inorgânicas, além das propriedades dos alimentos utilizados e as interações intermoleculares existentes (Silva; Milaré, 2019). Ademais, esses conhecimentos são capazes de favorecer o estabelecimento de criticidade, autonomia e alfabetização científica, de modo que os indivíduos sejam céticos com base nos conteúdos que acessam (Pires et al., 2016).
Embora a utilização das plantas medicinais venha recebendo crescente destaque nas pesquisas das últimas décadas (Albuquerque et al., 2021), por vezes a temática segue ignorada pela medicina oficial e até mesmo pela ciência. Em contrapartida, as práticas populares relacionadas à saúde seguem sendo difundidas cotidianamente na sociedade (Siqueira et al., 2006).
Observou-se, com a categorização dos resultados, que a medicina popular e as plantas medicinais estão entre os temas de grande perpetuação dos saberes populares. Assim sendo, a categoria (IV) Planta medicinal/medicina popular elencou nove publicações contendo saberes. Entre essas publicações, uma aborda exclusivamente a utilização do boldo como agente medicinal (Alves et al., 2009), uma trata do uso tópico da cebola para o tratamento de machucados (Zanotto et al., 2016) e oito referem-se ao uso de diferentes plantas com finalidade medicinal (Albuquerque et al., 2021; Xavier et al., 2019; Nascibem; Viveiro, 2016; Siqueira et al., 2006; Sousa, 2016; Moreno; Silva, 2017; Silveira Filho, 2017).
Com relação às plantas medicinais, o boldo aparece na grande maioria (66,67%) das publicações. No Brasil, oito espécies de plantas, de diferentes origens, são popularmente conhecidas como boldo (Fernandes et al., 2021). São amplamente conhecidas e utilizadas, principalmente com finalidades fitoterápicas nos distúrbios gástricos e digestivos devido às propriedades anti-inflamatória, digestiva e hepática, conforme descrito na literatura (Nascibem; Viveiro, 2016).
É descrito que parte do alunado demonstra dificuldade no processo de aprendizagem de conteúdos botânicos dada a complexidade deles (Xavier et al., 2019). Dessa forma, a associação dos saberes escolares aos saberes populares relacionados ao boldo e demais plantas conhecidas popularmente por seu uso medicinal permite amplas intervenções pedagógicas relacionadas ao ensino de Botânica, de modo a atrair a atenção dos discentes e favorecer o ensino de conteúdos botânicos, como morfologia vegetal, nomenclatura científica das plantas e demais aspectos científicos e culturais relacionados a eles (Albuquerque et al., 2021). Atrelado a isso, quando trabalhada a temática de chás medicinais, forma na qual o boldo e demais plantas são comumente utilizados, outras intervenções pedagógicas tornam-se possíveis, como é o caso de reações químicas, misturas, separação de misturas, soluções e temperatura (Pinho, 2019), além de diversos conceitos físico-químicos, como temperatura, cinética de reação, pressão de vapor, difusão e osmose, entre outros (Moreno; Silva, 2017).
Ao fim da categorização das 27 publicações analisadas, duas obras (Mattos, 2015; Goulart et al., 2021), por tratarem de saberes populares diversos e distintas possibilidades de abordagens para o ensino de ciências, não se adequaram a nenhuma das categorias já existentes, sendo criada então a categoria denominada Multicategoria (V).
Na obra de Mattos (2016), inserida na categoria (V), foram abordados, entre outros saberes, a utilização de alimentos como o sal na conservação alimentícia e fins medicinais, fomentando o diálogo com conteúdos científicos tais quais o processo de osmose, mudança de estado físico, propriedades coligativas e funções/ligações químicas. A obra trouxe ainda saberes relacionados ao uso do leite para o combate fúngico das plantas, favorecendo a contextualização com conteúdos como carboidratos, proteínas, aminoácidos, sais minerais e o cálculo do pH e a utilização da cinza da madeira para adubar o solo, permitindo um trabalho em sala de aula que aborde funções químicas, separação de misturas, elementos químicos e cálculo do pH. Os saberes populares trazidos por Mattos (2016) demonstram a presença da ciência em produtos, substâncias e atividades exercidas cotidianamente. A valorização desses saberes no ambiente escolar faz com que os alunos tenham maior interesse e participação ativa nas atividades propostas (Mattos, 2015), proporcionando reflexões e integração entre atividades cotidianas e os conteúdos curriculares (Martins, 2018).
Dado o estabelecimento do processo de colonização brasileira com a contribuição de diferentes povos, o Brasil constituiu-se como país extremamente diverso e miscigenado (Xavier; Flôr, 2015). Observa-se, na pluralidade desses povos, destaque ao povo africano, no qual informações, costumes e atividades culturais trazidos por eles seguem sendo permeados e compartilhados entre a sociedade na forma de saberes até a atualidade (Goulart et al., 2021). Apesar disso, 10 anos após a promulgação da Lei nº 10.639/03, que tornou obrigatório o trabalho com a temática história e cultura afro-brasileira e africana, poucas ações educativas no ambiente escolar relacionadas a essa temática são promovidas efetivamente (Silva, 2018).
Goulart et al. (2021), acomodados na categoria (V), teceram questões relacionadas à Etnobotânica das religiões afro-brasileiras, que traz saberes populares relacionados à utilização de plantas para uso medicinal, antisséptico, cicatrizante, inseticida, vermífugante, decorativo, culinário e religioso, comunicando-se com conteúdos científicos botânicos, como conceitos anatômicos e morfofisiológicos das plantas.
Com a análise das obras e dos conteúdos distribuídos nas cinco diferentes categorias, foi possível a observação de que os saberes populares abordados permeiam diversas áreas e níveis de ensino (Silva, 2020), sendo uma ferramenta para o trabalho da interdisciplinaridade, meio que fomenta a contextualização e a ligação entre as matérias (Cavaglier; Messeder, 2014). A observação da interdisciplinaridade existente entre os saberes populares difundidos socialmente auxilia no processo de ensino-aprendizagem, já que por vezes percebe-se a dissociação existente entre tal grupo de disciplinas. Quebrar as compartimentações e o isolamento das disciplinas dos currículos escolares (Pires, 1996), na área da ciência torna o aprendizado mais efetivo e favorável à abstração dos conteúdos, de modo a contribuir para o entendimento da complexidade (Bonatto et al., 2012).
No processo de ensino-aprendizagem, o professor torna-se figura central, capaz de mediar a transformação do conhecimento espontâneo em conhecimento científico (Martins, 1997). É dele também a responsabilidade por fazer uma educação crítica cujo objetivo não seja reduzido apenas à transmissão de conhecimentos já existentes (Chassot, 2000). Frequentemente as metodologias e práticas docentes são modificadas e passam por atualizações na área das Ciências da Natureza, com ainda mais notoriedade devido ao caráter mutável que possui. À vista disso, é necessário que conhecimentos e técnicas docentes sejam atualizados frequentemente para que haja melhora nos processos educativos (Delors et al., 2003). Dessa forma, toda extração e análise de dados obtidos por esta pesquisa levaram à construção de um quadro integrando os saberes populares aos científicos, de modo a associá-los aos conteúdos escolares estabelecidos na BNCC (Brasil, 2018), com suas possíveis intervenções pedagógicas. Este quadro on-line organiza o mapeamento realizado em todas as obras obtidas com relação aos saberes populares e possíveis associações com conteúdos escolares.
Espera-se, com tal organização, destacar as potencialidades relacionadas aos saberes populares e auxiliar no acesso a materiais de suporte que integrem os saberes populares ao ensino de ciências de forma a contribuir para que ocorram a atualização e a inserção de professores à malha de saberes populares. Posto isso, almeja-se com esta produção alcançar a motivação e o engajamento dos discentes, de modo que eles sejam capazes de agir como divulgadores científicos, integrando os saberes populares aos conhecimentos escolares.
Como desdobramento dos resultados extraídos e compilados dos bancos de dados on-line e objetivando produzir um material didático-pedagógico para divulgação dos achados da extração dos dados desta pesquisa e com propósito de auxiliar os docentes com a associação entre os saberes populares aos conhecimentos escolares e divulgar as potencialidades educativas presentes nessa temática, foi estruturada a cartilha Saberes populares e o ensino de Ciências da Natureza. A cartilha é de acesso livre.
O uso das cartilhas no ensino de ciências é cercado de potencialidades para os docentes; sua utilização permite romper com os modelos pedagógicos formais de ensino e compartilhamento de informações, criando um ambiente dinâmico e diverso para a troca e compartilhamento do conhecimento (Souza et al., 2020). Busca-se pela linguagem simplificada estruturada na cartilha Saberes populares e o ensino de Ciências da Natureza e, com sua atratividade e fácil acesso, motivar os docentes para utilizá-la com seu público-alvo. Sua produção foi voltada para fomentar a apropriação geral dos indivíduos em relação aos saberes populares, de forma a tornar esses conhecimentos mais próximos da sociedade de maneira contextualizada e exemplificada, tendendo para colaborar com o estabelecimento autônomo da aprendizagem e tornar-se um facilitador do processo de ensino (Senna et al., 2006).
Considerações finais
A aplicação da metodologia de busca de conhecimento em banco de dados (knowledge discovery in databases) foi promissora para minerar obras que relacionassem saberes populares e ensino de ciências; os achados destacam que os saberes populares englobam diferentes áreas e níveis de ensino, estabelecendo-se como meio para contemplar a interdisciplinaridade e a contextualização no ensino de Ciências da Natureza. Com relação às suas áreas, observaram-se maiores associações entre os saberes populares presentes nos currículos de Biologia e Química quando comparados à Física; o saber relacionado ao uso medicinal do boldo foi o mais frequentemente encontrado nas publicações. Evidenciou-se com a organização temporal das publicações que essa temática está sendo mais abordada e, consequentemente, publicada; isso pode sugerir íntima interação entre esses conhecimentos, dialogando entre o espaço social e o escolar. É possível perceber ainda, pelas características destacadas nesta pesquisa, que os saberes populares fazem parte de um processo sociocultural de compartilhamento de informações dotadas de caráter científico, sendo portanto um caminho potencial para a alfabetização científica e um meio de expandir os conteúdos científicos para além do ambiente escolar.
Espera-se que a cartilha Saberes populares e o ensino de Ciências da Natureza tenha ampla utilização pelos docentes, servindo como catalisador para diversas perspectivas que incitem diferentes estratégias didáticas e pedagógicas relacionadas à aplicação dos saberes populares nas práticas educativas. Conclui-se, assim, que a temática de saberes populares e ensino de Ciências da Natureza ainda possui lacunas, sendo pouco presente nas publicações brasileiras, apesar de suas vantagens na promoção de um ensino contextualizado, reflexivo; são necessárias mais ações teórico-práticas acerca dessa temática.
Referências
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Publicado em 26 de novembro de 2024
Como citar este artigo (ABNT)
BERNARDO, Laura Maria das Chagas; CRESPO, Natália Deus de Oliveira. Perspectivas e potencialidades dos saberes populares no ensino de Ciências da Natureza. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 24, nº 43, 26 de novembro de 2024. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/24/43/perspectivas-e-potencialidades-dos-saberes-populares-no-ensino-de-ciencias-da-natureza
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