A transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental: uma revisão narrativa de literatura
Maria Aparecida de Menezes
Licenciada em Pedagogia (Unesa), gestora da UMEI Professor Nilo Neves, especialista em Educação Infantil (Unesa), mestranda em Novas Tecnologias na Educação (UniCarioca)
Simone Marques Costa
Licenciada em Ciências Biológicas (UERJ), professora do Colégio Pedro II, especialista em Psicopedagogia (UCAM) e em Dificuldades de Aprendizagem: Prevenção e Reeducação (UERJ), mestranda em Novas Tecnologias Digitais na Educação (UniCarioca)
Nicolas Krugel Siqueira
Licenciado em Química (Unitau), professor da rede estadual de Ensino (Sedu), especialista em Ensino de Química (Prominas), mestrando em Novas Tecnologias Digitais na Educação (UniCarioca)
Letícia D'Amato dos Reis Grigorovski
Licenciada em Pedagogia (UERJ), pedagoga, professora de apoio especializado da Escola Municipal Diógenes Ribeiro de Mendonça (FME Niterói/RJ), pós-graduada em Pedagogia Empresarial (AVM), mestranda em Novas Tecnologias Digitais na Educação (UniCarioca)
Walaci Magnago
Licenciado em Sociologia (Unitau), professor da Escola Municipal Caboclo Bernardo (Prefeitura Municipal de Linhares/ES), especialista em Formação de Docentes: Educação Infantil, Alfabetização e Educação Especial (Faveni), especialista em Educação em Direitos Humanos, Diversidade e Questões Étnico-Sociais ou Raciais (Prominas), mestrando em Novas Tecnologias Digitais na Educação (UniCarioca)
Paula de Castro Nunes
Graduada em Fisioterapia (Unesa), professora e orientadora do mestrado em Novas Tecnologias Digitais na Educação (UniCarioca), especialista em Docência em Ensino Superior (UGF), mestra em Saúde Coletiva (UFF), doutora em Bioética, Ética Aplicada e Saúde Coletiva (UFF), pós-doutora na Fiocruz
No Brasil, a Educação Infantil (pré-escola) se constitui no primeiro nível oficial de escolarização, com suporte e diretrizes legais, como a Constituição Brasileira, o Estatuto da Criança e do Adolescente e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Brasil, 1988; 1990; 1996). É nesse período que as crianças devem viver as delícias da infância por meio de interações e brincadeiras. As crianças passam grande parte de suas infâncias em instituições de ensino infantil, como as creches. Elas devem proporcionar atividades significativas que respeitem as crianças como cidadãs, em seus direitos de brincar, além de oferecerem cuidados, proteção e vivências que contribuam para a construção de conhecimentos e para a ampliação do conhecimento de mundo, pois crianças produzem cultura (Kramer, 2007).
Numa perspectiva não escolarizante, as atividades da Educação Infantil devem proporcionar às crianças experiências autônomas e autorais, valorizando toda a sua potência criadora. Nelas estão as atividades que favorecem o seu pleno desenvolvimento físico, psicológico, intelectual e social (Lei n° 9.394/96). De acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a Educação Infantil deve oferecer a oportunidade de interações com a natureza, com as mais variadas linguagens (textual, oral, musical, artística), respeitando a diversidade e garantindo o espaço e o tempo propícios à ludicidade, como ensejo à continuidade de suas aprendizagens (Brasil, 2017).
As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI) orientam que na Educação Infantil não há um caráter preparatório para uma próxima etapa de ensino. Assim, não se deve antecipar conteúdos do Ensino Fundamental, com sistematização e hierarquização deles. A Educação Infantil possui um currículo próprio, tendo como pressuposto as interações e brincadeiras, como mencionado, ou seja, formas de construção de novas aprendizagens pautadas no protagonismo das crianças (Brasil, 2009).
Ao término da Educação Infantil, as crianças passam à próxima etapa da Educação Básica: o Ensino Fundamental. A Lei n° 11.114/05 altera os Arts. 6º, 30°, 32° e 87° da Lei n° 9.394/96, ampliando o Ensino Fundamental para nove anos e tornando obrigatória a matrícula de crianças de seis anos na etapa. Crianças e familiares passarão por uma nova fase, um novo período de inserção e acolhimento para uma rotina escolar diferente, um período conhecido como transição (Brasil, 1996; 2005).
De um ano para o outro, as crianças, agora estudantes, deixam uma escola onde o espaço-tempo é organizado de maneira flexível para uma outra realidade de corpos imóveis e mesas enfileiradas. A música, as rodas de conversa, a hora da novidade, as atividades de pintura e experimentação dão lugar às aulas expositivas e conteudistas. Sem falar na avaliação que nessa etapa é mais formal por meio de exercícios. Como afirma Motta (2011), “o que não podemos esquecer é que crianças de 6, 7 ou mesmo de 10 anos são ainda crianças, estejam mais ou menos escolarizadas. Crianças e alunos e não mais crianças ou alunos” (Motta, 2011, p. 171).
É necessário que se pense num currículo que possa dar continuidade às experiências de aprendizagem que ocorreram durante a Educação Infantil, garantindo às crianças um processo de inserção na nova etapa de forma a preservar o seu direito às brincadeiras e à produção cultural. Kramer (2007) afirma a respeito da necessidade de “ver, entender e lidar com as crianças como crianças e não apenas como estudantes”. A inclusão de crianças de seis anos no Ensino Fundamental requer diálogo entre a Educação Infantil e o Ensino Fundamental, um diálogo institucional e pedagógico, dentro da escola e entre as escolas, com alternativas curriculares claras (Kramer, 2007, p. 22).
Este texto mapeará artigos que abordam os desafios, as estratégias e os impactos da transição da Educação Infantil para os anos iniciais do Ensino Fundamental, por meio de uma revisão narrativa de literatura.
Método
O método escolhido foi a revisão narrativa de literatura, com o objetivo de mapear uma questão ampla a partir de uma abordagem teórica, por meio da análise e da interpretação das produções científicas já existentes. De acordo com Rother (2007), esse tipo de revisão é adequado para descrever e discutir o desenvolvimento de um tema específico sob uma perspectiva teórica ou conceitual.
Buscamos artigos da base de dados fornecidos pelo Google Acadêmico no período compreendido entre 2018 e 2023, realizando a revisão entre os meses de outubro e dezembro de 2023. Verificamos palavras-chave cruciais para a pesquisa nos descritores: "Educação Infantil" and "Ensino Fundamental" and "Transição" and "Infância" and "Alfabetização" and "Letramento".
Foram incluídos no trabalho os artigos que abordam o tema transição, no idioma português, dentro do período estabelecido. Buscamos, dessa forma, produções acadêmicas no campo da educação acerca do período de transição entre as etapas iniciais da Educação Básica.
Como resultados da revisão narrativa, encontramos 15.600 trabalhos com as palavras-chave que surgiram como resposta aos descritores levantados para a elaboração deste artigo.
A partir desse número, aplicaram-se os seguintes critérios de inclusão: 1 - período específico entre 2018-2023, 2 - buscas na base nacional com linguagem somente em português e 3 - artigos sobre a transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental.
Por outro lado, como critérios de exclusão, retiramos trabalhos que não se enquadraram em formato de artigos científicos, como: livros, teses, monografias e dissertações. Também eliminamos artigos que não correspondiam ao tema da educação, como por exemplo os artigos que abordavam “alimentação” ou “covid-19”.
Em síntese, seguindo a aplicação dos critérios, restaram 130 artigos dos quais, após a leitura dos títulos e resumos, resultaram em 15 artigos científicos selecionados. Esses artigos foram analisados, sintetizados e compilados pelos autores, levando-se em consideração o tema central da pesquisa, conforme detalhado no fluxograma:
Figura 1: Fluxograma de seleção dos artigos
Resultados
A busca resultou em 15.600 artigos. Após a aplicação de filtros, retiramos teses, monografias, dissertações e livros e ficamos com 11.650 artigos pré-selecionados. Nesses, aplicamos os critérios de inclusão e exclusão cujo resultado nos deu 130 artigos, dos quais, após a leitura dos títulos e resumos, separamos 15. Os 15 artigos foram analisados, sintetizados e compilados a partir do tema central da pesquisa. Os títulos e os objetivos gerais foram extraídos diretamente dos arquivos e os resultados foram resumidos, conforme detalhado:
Tabela 1: Compilação dos artigos analisados na pesquisa bibliográfica
Título |
Autores |
Objetivo geral |
Resultados |
O papel dos professores na transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental |
HAMADA, Amanda Miwa Ogasawara; NICOLAU, Caroline Thomé; ANANIAS, Glaucia de Paula; FEDATO, Renata Burgo |
O objetivo deste estudo foi analisar e discutir os desafios e aflições deste processo de transição, compreendendo como é organizada a transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental I e quais são as maiores dificuldades enfrentadas. |
O processo de transição entre a Educação Infantil e o Ensino Fundamental é um grande desafio. É uma etapa importante para a continuidade da Educação Básica. É fundamental que a criança se sinta acolhida e pertencente a esse novo ambiente. Na Educação Infantil, é de suma importância que as crianças consigam expressar suas expectativas, seus medos e desejos. O docente exerce um papel vital nesse processo, pois será o responsável por intermediá-lo, por meio de relatórios e registros do desenvolvimento infantil. Promovendo assim, além da relação professor-aluno, a relação aluno-aluno, criando um senso de pertencimento à nova turma. |
Transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental: o que dizem as crianças? |
MENEZES, Amanda Bezerra; PAIVA, Maria Cristina Leandro de |
Um estudo que teve como objetivo perceber como ocorre o processo de transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental, na perspectiva das crianças. |
Ao ingressar no 1º ano, as crianças apresentam sentimentos de medo, de insegurança e de euforia. Também sentem falta das brincadeiras presentes na Educação Infantil e ficam desanimadas ao realizarem tarefas repetitivas e sem objetivo. |
Contribuições da supervisão escolar na transição das crianças da Educação Infantil ao Ensino Fundamental |
MANDU, Luciana Ramalho Santana; VERCELLI, Lígia de Carvalho Abões |
O objetivo foi compreender como a supervisão escolar pode contribuir para a articulação no processo de transição das crianças entre a Educação Infantil e o Ensino Fundamental. |
A supervisão escolar exerce papel de articulador entre as duas etapas e formador da equipe gestora. Também tem a função de orientar e de acompanhar as ações articuladoras e o tratamento dispensado à documentação pedagógica no processo de transição. |
Processo de transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental: a corporeidade e o brincar |
SILVA, Lezi Aparecida da; GOMES, Cléo Ferreira; QUADRO, Charles Fabiano Araújo |
Refletir sobre o processo de transição da EI para o EF a partir das especificidades da infância – a corporeidade e o brincar. A questão mobilizadora desse artigo, interroga: Como se constitui no processo de transição da EI para o EF a especificidade da infância – a corporeidade e o brincar? |
No processo de transição entre as duas etapas do ensino são identificadas tensões e rupturas. Quando a criança ingressa no 1º ano do Ensino Fundamental, a brincadeira perde seu espaço e a corporeidade é suprimida pelo ensino disciplinante do corpo. |
A transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental na Base Nacional Comum Curricular: a compreensão de professoras da rede municipal de ensino de Criciúma/SC |
PEREIRA, Viviane Ribeiro; ORTIGARA, Vidalcir; VIEIRA, Liliane de Bem |
A pesquisa objetivou investigar a compreensão de professoras em duas escolas do município de Criciúma/SC a partir do que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) prescreve sobre a transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental. |
A pesquisa mostrou que a maioria dos docentes apresenta conhecimento sobre a BNCC, mas não sobre a transição entre as etapas de ensino. As entrevistadas apontaram como motivo não terem participado das formações sobre a BNCC, ou quando tiveram, o tema sobre a transição não foi abordado. |
Transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental: a afetividade na ação docente |
MOTA, Ana Paula Fernandes da Silveira; SILVA, Emanuelle Leite Bezerra da; TRINDADE, Maria Luiza Coelho |
O artigo discute sobre o lugar da afetividade no processo de transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental. O objetivo é compreender como professores do 1º ano têm se preparado para lidar afetivamente com as crianças que chegam mais cedo no Ensino Fundamental, frente à ausência de um trabalho específico na formação dos docentes e na preparação para receber a criança pequena na nova etapa educativa. |
O estudo evidenciou que para os participantes da pesquisa, a afetividade é considerada muito importante no desenvolvimento da criança, mas ainda é somente compreendida como trocas sentimentais. É necessária uma formação específica para que os docentes possam trabalhar com as necessidades afetivas dos pequenos. |
A transição entre a Educação Infantil e o Ensino Fundamental: uma revisão à literatura |
KUCYBALA, Fabíola dos Santos; FELICETTI, Vera Lucia; ROBAYO, Adriana del Rosario Pineda |
Apresentar a análise realizada do que está sendo produzido no cenário educativo e no campo de produção de conhecimento acerca da transição entre a EI e o EF, a partir da análise de artigos publicados em revistas classificadas como A1 no ano de 2020. |
A maioria dos artigos aborda questões sobre currículo, alfabetização e letramento e infância. Eles reforçam a importância de um trabalho articulado e sistemático entre as duas etapas da Educação Básica. Além de evidenciar a importância de uma formação continuada dos docentes, visando aprofundar essa temática, associando a teoria com a prática. |
"Entrelugar": transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental |
RISSATO, Simone Soares; TIMM, Jordana Wruck |
Objetiva-se analisar os aspectos que envolvem o entrelugar e de como se pode pensar em estratégias para fortalecer a resiliência da criança e encorajá-la a sentir-se segura para enfrentar as dificuldades e obstáculos que surgirem nesta travessia. |
Vários aspectos são importantes no “Entrelugar”, sendo que o acolhimento, a organização curricular, as escolhas didático-metodológicas do professor e o respeito ao ritmo de aprendizagem do educando merecem destaque. |
Impactos presentes na transição da Educação Infantil para o 1º ano do Ensino Fundamental |
SILVA, Marinalva Ferreira da |
Objetivo: analisar os impactos presentes nesse processo e o distanciamento entre as práticas pedagógicas. |
Os impactos identificados no processo de transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental estão relacionados com o desafio de unir o brincar com a alfabetização. |
O lugar do brincar nos processos de transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental |
BARCELOS, Marciel; SANTOS, Wagner dos; NETO, Amarílio Ferreira |
Objetiva compreender os usos e as apropriações do brincar na transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental - anos iniciais. |
O estudo aponta a importância das brincadeiras no processo de transição entre a Educação Infantil e o Ensino Fundamental. |
Transição escolar da Educação Infantil para o Ensino Fundamental: uma análise do plano de transição de Lucas do Rio Verde/MT |
CAVICHIOLI, Sumaia Kellen Barboza |
Neste artigo, o foco está em analisar como ocorre a orientação e/ou preparação pedagógica no movimento de transição do Ensino Infantil para o Ensino Fundamental analisando de forma específica os desafios e as estratégias de transição a partir do plano de Lucas do Rio Verde. |
Identificou-se que o município em questão aplica diversas estratégias indicadas na literatura, incluindo monitoramento e acompanhamento. |
Contextos lúdicos: o sentido real de aprender brincando |
ANDRADE, Thaís Oliveira; SANDES, Cleize Araujo; OLIVEIRA, Roseneide Passos Vitório de |
Utilização de brincadeiras e jogos como ferramentas facilitadoras e fomentadoras de aprendizagem que aprimoram a interação e socialização nos diversos contextos sociais. |
A pesquisa apontou a importância dos jogos e das brincadeiras na aprendizagem, tornando-a mais prazerosa e cativante. Proporcionando também a estruturação da identidade e autonomia da criança. |
Experiências com leitura e escrita no contexto da Educação Infantil |
CONCEIÇÃO, Debora Cristina da Silva Cruz |
Entender que a escrita não é um mero saber escolar e sim uma prática social, assim sendo, para as crianças esse processo deve ser contextualizado e que vise estimular a criatividade, criticidade e autoria infantil. |
As crianças devem vivenciar situações que envolvam a leitura e a escrita no cotidiano, para que conheçam e façam o uso da linguagem de acordo com suas hipóteses e criações, compreendendo os seus usos sociais. |
Educação Infantil ou pré-alfabetização? Concepções de professores e responsáveis sobre as práticas de alfabetização na Educação Infantil |
PAZ, Anderson Miguel dos Santos da |
Avaliar em forma de pesquisa o que os responsáveis e professores pensam sobre alfabetizar alunos ainda no período da Educação Infantil. |
A maioria dos participantes da pesquisa entende que o processo de alfabetização se encontra inserido na vida da criança antes da Educação Infantil. No entanto, não é recomendado que nessa etapa do ensino, o estudante seja forçado a aprender de maneira sistemática os aspectos formais da alfabetização. |
A transição da Educação Infantil ao Ensino Fundamental: considerações sobre o ensino da linguagem oral e escrita |
CARVALHO, Bruna |
Este artigo afirma que a transição escolar é marcada por períodos importantes da vida da criança, do pré-adolescente e do adolescente, as exigências se intensificam e essas transições são compostas por relações afetivas e emocionais que marcam profundamente o estudante. Contudo, o professor deve compreender essas fases de mudança para facilitar o processo de transição, no objetivo que este processo não seja um rompimento da educação. |
A transição da Educação Infantil para o 1º ano do Ensino Fundamental não deve apresentar uma ruptura brusca. É de suma importância que os docentes dessas duas etapas de ensino conheçam as características do desenvolvimento infantil de ambas para garantir a continuidade da aprendizagem. |
Discussão
Dando início à análise dos artigos selecionados, Rissato e Timm (2022) denominam de “entrelugar” a transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental, convidando à reflexão a respeito desse período subjetivo, quando a criança se sente insegura e é importante existir ações conjuntas entre todos os sujeitos envolvidos no processo (crianças, pais/responsáveis, professores, equipe diretiva e funcionários, enfim, toda a comunidade escolar). A denominação “entrelugar” não é um termo novo e traz consigo a junção de outros dois termos: “entre” e “lugar” e os sentidos que cada um carrega. “Assim, ao unir entre + lugar origina-se entrelugar do ponto de vista linguístico e semântico. Mas do ponto de vista didático-pedagógico, educativo da criança, há muito mais densidade a ser explorada, pois representa muito mais do que a junção de dois termos”.
Corroborando Rissato e Timm (2022), Hamada et al. (2023) afirmam que o processo de transição entre a Educação Infantil e o Ensino Fundamental é um grande desafio e deve acontecer de maneira leve, com o estudante sentindo-se acolhido e pertencente à nova etapa. Menezes e Paiva (2023) também concordam quando afirmam que esse processo de transição precisa ser bem planejado e organizado, tendo como protagonista o estudante. Essa passagem precisa ser prazerosa, proporcionando às crianças experiências lúdicas e significativas, dando continuidade ao processo de aprendizagem que se iniciou na Educação Infantil.
Concordamos com os autores supracitados no que diz respeito a esse processo de transição, pois entendemos que ele é um lugar delicado e deve ser planejado, de modo a oferecer acolhimento aos estudantes.
Para Carvalho (2022), é importante garantir às crianças que ingressam no Ensino Fundamental uma transição sem rupturas ou descontinuidade, uma vez que o ciclo se constitui um período de mudanças: desde o prédio escolar, passando pelo número de professores até as atividades de estudo formal, de pensamento teórico e científico.
Mota, Silva e Trindade (2022) salientam a respeito da importância da afetividade durante o período de transição. As crianças, ainda pequenas, terão que se deparar com um outro ambiente, outras pessoas, outra cultura organizacional e institucional, mas possuem necessidades afetivas inerentes à faixa etária. Os docentes do primeiro ano do Ensino Fundamental devem estar preparados para lidar com essa especificidade. Sua formação é uma demanda importante nesse processo.
Silva (2021) entende que o processo de transição entre a Educação Infantil e o Ensino Fundamental é colaborativo, contando com a participação da escola, da família e de políticas públicas de educação voltadas para esse momento. A autora também percebe que ocorrem impactos na passagem de uma etapa para a outra devido às mudanças de ambiente escolar, de professor, de conteúdos, da rotina etc. Por esse motivo, é de suma importância planejar e executar atividades pedagógicas que estimulem o brincar, o educar e o cuidar, com a finalidade de minimizar essas rupturas. Corroboram a afirmação, Mota, Silva e Trindade (2022), quando declaram que crianças no primeiro ano do Fundamental ainda precisam explorar os ambientes de forma lúdica, realizando trocas em rodas de conversa e de histórias, com dinâmicas em grupo e incentivos às relações socioafetivas.
Sendo assim, percebe-se que é necessário um trabalho pedagógico específico a ser implementado por parte do docente que atua nessa etapa da Educação Básica. A questão da afetividade é essencial para minimizar o sentimento de ruptura que se estabelece no período (Mota, Silva e Trindade, 2022).
Consideramos também que a ludicidade e a afetividade ocupam um lugar especial nessa transição. Os docentes devem procurar oferecer atividades adequadas à faixa etária dos estudantes para garantir a continuidade da Educação Básica. De acordo com Pereira, Ortigara e Vieira (2022), a transição entre a Educação Infantil e o Ensino Fundamental requer muita atenção para garantir que os processos de aprendizagem dos educandos ocorram de maneira integrada e contínua, respeitando as características específicas de cada uma das etapas. Os autores afirmam que os professores possuem conhecimento da Base Nacional Comum Curricular, mas não da transição entre as etapas de ensino. Nesse sentido, percebemos que os docentes possuem conhecimentos da etapa de ensino na qual atuam, mas a transição entre as etapas, quase sempre, não é discutida e nem planejada de maneira adequada.
Para Mandu e Vercelli (2023), a supervisão escolar contribui para a transição das crianças da Educação Infantil para o Ensino Fundamental, pois faz a articulação entre os diferentes profissionais que atuam nessas duas etapas de ensino, promove ações formativas de acordo com a demanda e orienta e acompanha as equipes e os estudantes durante esse processo.
Na nossa visão, a supervisão escolar tem um papel importante nessa transição, mas para garantir o seu sucesso, toda a equipe pedagógica precisa estar determinada e ter um trabalho alinhado nessa mudança. Segundo Silva, Gomes e Quadro (2023), o estudante que passa da Educação Infantil para o Ensino Fundamental, vivencia momentos tensos e de ruptura, ainda mais quando o brincar não é valorizado e não é compreendido como uma manifestação corpórea inerente à criança. Barcelos, Santos e Ferreira Neto (2021) reforçam a importância da brincadeira nesse processo de transição. Segundo os autores, a brincadeira deve ser vista como um potencializador do protagonismo infantil e das experiências de aprendizagens.
Para Cavichioli (2022), a fase mais desafiadora dentre as etapas de ensino é a transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental, quando o ambiente lúdico e mais dinâmico dá lugar a um processo mais sistematizado e solitário, com foco na aprendizagem e no desenvolvimento grafomotor, gerando uma ruptura pedagógica.
Destacamos, ainda, que o brincar atua como um importante potencializador da aprendizagem infantil, especialmente no período de transição entre essas etapas de ensino. Diversas atividades lúdicas podem ser aplicadas para favorecer essa adaptação, incluindo adivinhas, jogos de forca, parlendas e cantigas de roda que contribuem de forma significativa para o engajamento e o desenvolvimento dos estudantes.
Alfabetização e letramento são focos de discussão e reflexão quando tratamos do processo de transição de uma etapa para a outra. São processos diferentes, porém indissociáveis. Alfabetização é aprender a técnica, a decodificação dos códigos de leitura e escrita; o letramento é o processo de compreender a função social do uso da língua em atividades da vida cotidiana, em ambientes e situações diversas (Kucybala; Felicetti; Robayo, 2022). Em nossa concepção, a alfabetização e o letramento são processos interdependentes e complementares.
Segundo Xavier e Oliveira (2022), não houve sucesso na inserção das crianças de seis anos no primeiro ano do Ensino Fundamental. São diversos os motivos: falta de formação continuada do corpo docente, mobiliário e espaço físico inadequados, falta de ludicidade e de protagonismo infantil nas atividades pedagógicas propostas.
Concordamos que a formação continuada dos docentes, um espaço físico adequado e um ambiente acolhedor são fundamentais para que a transição entre a Educação Infantil e o Ensino Fundamental ocorra de maneira prazerosa e eficaz.
Para Conceição (2023), na fase da Educação Infantil, a abordagem lúdica aliada à aprendizagem possui um grande diferencial capaz de gerar interesse e motivação para compreender e abstrair os conhecimentos inerentes ao letramento (aquisição e compreensão das letras e números). Segundo Andrade, Sandes e Oliveira (2021), ao incorporar atividades lúdicas que incentivam os estudantes a imaginar, pensar, questionar e experimentar, a trajetória de um ciclo para o outro acontece de forma gradual, respeitando as características cognitivas, emocionais e sociais de cada criança envolvida. Compreendemos que, ao assegurar uma transição tranquila entre as etapas de ensino, potencializa-se a oportunidade de promover uma aprendizagem significativa e satisfatória aos estudantes.
Considerações finais
Este trabalho de pesquisa permitiu realizar uma reflexão metodológica de revisão de literatura a respeito de um tema de grande relevância do campo educacional: a transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental. Apesar da ampliação do Ensino Fundamental para nove anos ter ocorrido por meio da Lei n° 11.274, em 2006, ainda é um desafio promover esta “passagem” de forma fluída, sem rupturas, para as crianças e seus familiares.
Não podemos perder de vista a especificidade da infância, pois aos seis anos, mesmo ingressando no Ensino Fundamental, os estudantes não deixaram de ser crianças, portanto, a ludicidade, a fantasia e a imaginação ainda são elementos a serem considerados pelos docentes em seu planejamento a fim de darem continuidade a uma aprendizagem sem rupturas pedagógicas.
Dessa forma, mais do que uma adaptação, é importante acolher as crianças e suas famílias. O acolhimento envolve atenção, afetividade e reconhecimento de suas necessidades, compreendidas aqui como cidadãs, produtoras de cultura e protagonistas de seu processo de aprendizagem.
Para uma transição sem rupturas é primordial promover uma articulação entre as duas etapas de ensino. Isso pode ser feito com uma efetiva proposta de formação docente, por meio da qual se identifique as concepções de criança e infância, assim como a organização do espaço-tempo de modo ressignificado, dando oportunidade à brincadeira, às atividades de experimentação e às rodas de conversas, em detrimento de atividades solitárias, mecânicas ou pouco significativas às crianças.
Os conceitos de alfabetização e letramento, embora diferentes, são complementares e exercem um papel crucial na análise da transição entre etapas educacionais. Na Educação Infantil, o letramento é introduzido por meio de atividades lúdicas que exploram variados gêneros textuais e promovem uma compreensão social da escrita. Ao ingressarem no Ensino Fundamental, esses conhecimentos devem ser aprofundados e ampliados, de forma a dialogarem com as experiências e os saberes prévios das crianças, fortalecendo e expandindo suas competências no uso da linguagem.
Isso posto, esperamos que o presente estudo possa contribuir para fomentar mais reflexões e discussões da transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental, propiciando aos leitores e interessados no tema o desejo de aprofundarem seus conhecimentos acerca dessa temática, tão importante para nossas crianças, no sentido de contribuir para que essa passagem ocorra de forma acolhedora à infância. Esse é o desafio!
Referências
ANDRADE, Thaís Oliveira; SANDES, Cleize Araujo; OLIVEIRA, Roseneide Passos Vitorio de. Contextos lúdicos: o sentido real de aprender brincando. Revista Educação Pública, v. 21, nº 19, 25 de maio de 2021. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/21/19/contextos-ludicos-o-sentido-real-de-aprender-brincando.
BARCELOS, M.; SANTOS, W. dos; FERREIRA NETO, A. O lugar do brincar nos processos de transição da educação infantil para o ensino fundamental: The place of playing in the transition processes from early childhood education to primary education. Revista Cocar, v. 15, nº 32, 2021. Disponível em: https://periodicos.uepa.br/index.php/cocar/article/view/4316. Acesso em: 20 nov. 2023.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, 1988. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 20 nov. 2023.
BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente, de 13 de julho de 1990. Brasília, 1990. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm.
BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União da República Federativa do Brasil, Brasília, 23 dez. 1996. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 12 dez. 2023.
BRASIL. Lei nº 11.114, de 16 de maio de 2005. Altera os arts. 6º, 30, 32 e 87 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, com o objetivo de tornar obrigatório o início do ensino fundamental aos seis anos de idade. Brasília, 2005.
BRASIL. Lei nº 11.274, de 6 de fevereiro de 2006. Altera a redação dos arts. 29, 30, 32 e 87 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, dispondo sobre a duração de 9 anos para o Ensino Fundamental, com matrícula obrigatória a partir dos 6 anos de idade. Brasília, 2006. Disponível em www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11274.htm. Acesso em 25 out. 2024.
BRASIL. MEC. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEB, 2009.
BRASIL. MEC. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017.
CARVALHO, Bruna. A transição da Educação Infantil ao Ensino Fundamental: considerações sobre o ensino da linguagem oral e escrita. Devir Educação, v. 6(1), e-387. Disponível em: https://doi.org/10.30905/rde.v6i1.387.
CAVICHIOLI, Sumaia Kellen Barboza. Transição escolar da Educação Infantil para o Ensino Fundamental: uma análise do plano de transição de Lucas do Rio Verde/MT. Eventos Pedagógicos, v. 13, n° 2, p. 326-338, 2022. DOI: 10.30681/reps.v13i2.6348. Disponível em: https://periodicos.unemat.br/index.php/reps/article/view/6348. Acesso em: 26 nov. 2023.
CONCEIÇÃO, Debora Cristina da Silva Cruz. Experiências com leitura e escrita no contexto da Educação Infantil. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 23, nº 44, 14 de novembro de 2023. Disponível em:https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/23/44/experiencias-com-leitura-e-escrita-no-contexto-da-educacao-infantil.
HAMADA, Amanda Miwa Ogasawara; NICOLAU, Caroline Thomé; ANANIAS, Glaucia de Paula; FEDATO, Renata Burgo. O papel dos professores na transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental. Cadernos Uninter - Reconfigurações pedagógicas sob a luz da Psicopedagogia, da Educação Especial e da Pedagogia, v. 12, n° 42, 2023.
KRAMER, Sônia. A infância e sua singularidade. In: BRASIL. Ensino Fundamental de nove anos: orientações para inclusão da criança de 6 anos de idade. Brasília: MEC, 2007. p. 13-23.
KUCYBALA, Fabíola dos Santos; FELICETTI, Vera Lucia; ROBAYO, Adriana del Rosario Pineda. A transição entre a Educação Infantil e o Ensino Fundamental: uma revisão a literatura. Revista Tempos e Espaços em Educação, v. 15, nº 34, 2022. Disponível em: https://doi.org/10.20952/revtee.v15i34.18086.
MANDU, Luciana Ramalho Santana; VERCELLI, Lígia de Carvalho Abões. Contribuições da supervisão escolar na transição das crianças da Educação Infantil ao Ensino Fundamental. Dialogia, n° 43, p. e 23982, 2023. DOI: 10.5585/43.2023.23982. Disponível em: https://periodicos.uninove.br/dialogia/article/view/23982. Acesso em: 20 nov. 2023.
MENEZES, Amanda Bezerra; PAIVA, Maria Cristina Leandro de. Transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental: o que dizem as crianças? Revista Espaço Pedagógico, Passo Fundo, v. 30, e-14908, 2023. Disponível em: https://doi.org/10.5335/rep.v30i0.14908.
MOTTA, Flávia Miller Naethe. De crianças a alunos: transformações sociais na passagem da Educação Infantil para o Ensino Fundamental. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 37, n° 1, 157-173, jan./abr. 2011.
MOTA, Ana Paula Fernandes da Silveira; SILVA, Emanuelle Leite Bezerra da; TRINDADE, Maria Luiza Coelho. Transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental: a afetividade na ação docente. Revista Educação e Infâncias, v. 1, n° 2, 2022. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/educacaoinfancia/article/view/29604. Acesso em: 25 out. 2024.
PAZ, Anderson Miguel dos Santos da. Educação Infantil ou pré-alfabetização? Concepções de professores e responsáveis sobre as práticas de alfabetização na Educação Infantil. Revista Educação Pública, v. 21, nº 40, 9 de novembro de 2021. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/21/40/educacao-infantil-ou-pre-alfabetizacao-concepcoes-de-professores-e-responsaveis-sobre-as-praticas-de-alfabetizacao-na-educacao-infantil.
PEREIRA, R. V.; ORTIGARA, V.; VIEIRA, D. B. L. A transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental na Base Nacional Comum Curricular: a compreensão de professoras da rede municipal de ensino de Criciúma/SC. Revista do Programa de Pós-Graduação em Educação, v.16, n° 30, 2022. Disponível em: https://doi.org/10.59306/poiesis.v16e302022464-482.
RISSATO, Simone Soares; TIMM, Jordana Wruck. Entrelugar: transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental. Revista Unitins - Humanidades & Inovação, v. 9, n° 12, 2022.
ROTHER, E. T. Revisão sistemática X revisão narrativa. Acta Paulista de Enfermagem, v. 20(2), 2007.
SILVA, L. A. da; GOMES, C. F.; QUADRO, C. F. A. Processo de transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental: a corporeidade e o brincar. Revista Acervo Educacional, v. 5, p. e-12053, 15 fev. 2023.
SILVA, Marivania Ferreira da. Impactos presentes na transição da Educação Infantil para o 1º ano do Ensino Fundamental. Eventos Pedagógicos, v. 12, n° 1, p. 133-142, 2021. DOI: 10.30681/reps.v12i1.10336. Disponível em: https://periodicos.unemat.br/index.php/reps/article/view/10336. Acesso em: 26 nov. 2023.
XAVIER, Elaine Fabre; OLIVEIRA, Paloma Rezende de. O espaço do brincar na Educação Infantil e Ensino Fundamental: rupturas e continuidades. LexCult: Revista Eletrônica de Direito e Humanidades, v. 6, n° 2, p. 37-56, maio 2022. DOI: https://doi.org/10.30749/2594-8261.v6n2p37-56. Disponível em: http://177.223.208.8/index.php/LexCult/article/view/629. Acesso em: 29 nov. 2023.
Publicado em 26 de março de 2025
Como citar este artigo (ABNT)
MENEZES, Maria Aparecida de; COSTA, Simone Marques; SIQUEIRA, Nicolas Krugel; GRIGOROVSKI, Letícia D'Amato dos Reis; MAGNANO, Walaci; NUNES, Paula de Castro. A transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental: uma revisão narrativa de literatura. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 25, nº 11, 26 de março de 2025. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/25/11/a-transicao-da-educacao-infantil-para-o-ensino-fundamental-uma-revisao-narrativa-de-literatura
Novidades por e-mail
Para receber nossas atualizações semanais, basta você se inscrever em nosso mailing
Este artigo ainda não recebeu nenhum comentário
Deixe seu comentárioEste artigo e os seus comentários não refletem necessariamente a opinião da revista Educação Pública ou da Fundação Cecierj.