Proposta de vivências lúdicas para crianças de 1 a 4 anos: os campos de experiência na Educação Infantil

Kamila Rodrigues Andrade

Especialista em Educação, Ciência, Tecnologia e Sociedade (IFSP - São Carlos), professora dos anos iniciais do Ensino Fundamental na rede estadual de ensino de São Paulo

Fábio Ricardo Mizuno Lemos

Doutor em Educação (PPGE/UFSCar), professor do IFSP - São Carlos, líder do Núcleo de Investigações Progressistas em Educação (Ninped/IFSP)

Este trabalho está redigido em primeira pessoa do singular por estar fundamentado nas experiências vivenciadas pela primeira autora com orientação do segundo autor. Esse formato se justifica pela natureza pessoal da trajetória que motivou este relato. Após concluir minha graduação em 2009, dei início a uma especialização em Psicopedagogia. Essa decisão foi motivada pelas experiências que vivenciei como estagiária, nas quais observei que crianças matriculadas no Ensino Fundamental enfrentavam significativas dificuldades de aprendizagem. Muitas delas não conseguiam alcançar a alfabetização e apresentavam obstáculos no desenvolvimento do raciocínio lógico, o que me trouxe profunda inquietação. Percebi, então, que, como futura professora, necessitava ampliar meus recursos e conhecimentos pedagógicos para melhor atender às demandas dos alunos.

Durante a especialização em Psicopedagogia, tive a oportunidade de cursar disciplinas que exploravam recursos pedagógicos, como jogos e brincadeiras, os quais poderiam ser aplicados na prática docente para auxiliar no processo de aprendizagem. Paralelamente, iniciei minha atuação como professora nos anos iniciais do Ensino Fundamental, incorporando tais recursos em minhas aulas, visando torná-las mais dinâmicas e atrativas para os alunos.

No ano de 2014, decidi fazer uma pausa na docência devido à constante desmotivação e à falta de valorização que percebia. Muitas vezes, sentia que não era reconhecida como profissional capacitada, subestimando a complexidade e a importância do trabalho realizado.

Em 2018, iniciei uma especialização em Ludopedagogia, focada no ensino lúdico como recurso para a aprendizagem. Ao término do curso, em 2019, decidi retornar à docência, desta vez atuando na Educação Infantil, mais especificamente com crianças pequenas. Essa mudança trouxe consigo um novo desafio, pois meu objetivo agora era promover o desenvolvimento integral dos pequenos por meio de experiências lúdicas e de descobertas, explorando as inúmeras possibilidades relacionadas ao desenvolvimento infantil.

A partir desse momento, iniciei uma nova fase como docente, sendo confrontada com uma série de desafios que vão além do âmbito puramente pedagógico. Desde o início, percebi que era tratada pelos responsáveis não como professora, mas sim como “tia”, uma denominação que, embora carinhosa, não reflete adequadamente minha formação e função na instituição educacional.

Sobre o tratamento de professora ou tia, Freire (2009), em seu livro Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar, considera:

a tese de Professora, sim; tia, não é que, enquanto tios e/ou tias e/ou professores, todos nós temos o direito ou o dever de lutar pelo direito de ser nós mesmos, de optar, de decidir, de desocultar verdades. Professora, porém, é professora. Tia é tia. É possível ser tia sem amar os sobrinhos, sem gostar sequer de ser tia, mas não é possível ser professora sem amar os alunos – mesmo que amar, só, não baste – e sem gostar do que se faz. É mais fácil, porém, sendo professora, dizer que não gosta de ensinar, do que sendo tia, dizer que não gosta de ser tia. Reduzir a professora a tia joga um pouco com esse temor embutido – o de tia recusar ser tia. Não é possível também ser professora sem lutar por seus direitos para que seus deveres possam ser melhor cumpridos. Mas, você que está me lendo agora, tem todo o direito de, sendo ou pretendendo ser professora, querer ser chamada de tia ou continuar a ser. Não pode, porém, é desconhecer as implicações escondidas na manhã ideológica que envolve a redução da condição de professora à de tia (Freire, 2009, p. 25-26, grifos do autor).

Além disso, deparo-me com comentários desvalorizadores por parte dos responsáveis, os quais evidenciam uma visão deturpada sobre a educação infantil, tais como: “Na Educação Infantil não precisa fazer nada, só cuidados básicos! É muito fácil!”; “As crianças só vêm para a escola brincar, não aprendem nada!”; “Minha(eu) filha(o) só vai para a escola porque não tenho com quem deixar!”; “Com quem eu falo para trabalhar aí com você?”.

Essas experiências despertaram em mim uma reflexão profunda sobre a percepção equivocada que muitos têm em relação à educação infantil e ao brincar como práticas fundamentais no processo educativo. Como profissionais da área, é essencial que busquemos sensibilizar a sociedade sobre a relevância dessas práticas, afinal, por meio do brincar as crianças têm a oportunidade de se desenvolver integralmente (Brasil, 1998; Bianchini; Arruda; Gomes, 2015).

Compreendendo que a divulgação de práticas pedagógicas organizadas em sequências didáticas é fundamental para a melhor compreensão do trabalho docente, tais como as realizadas por Manchenho e Lemos (2024), Maia e Lemos (2024) e Silva e Lemos (2024), o presente trabalho teve como objetivo apresentar uma proposta de vivências lúdicas para a educação infantil.

Campos de experiência da Educação Infantil

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) consiste em um conjunto de diretrizes que estabelece os objetivos de aprendizagem no currículo das escolas, fornecendo orientações essenciais para sua implementação em todas as etapas e modalidades da Educação Básica, tanto na rede pública quanto na privada (Brasil, 2018).

O propósito principal é definir competências que os alunos devem adquirir, visando à equidade no sistema educacional em todo o território nacional, servindo como guia essencial para os professores. No entanto, para que os alunos tenham condições ideais de desenvolvimento, a BNCC define cinco campos de experiência que garantem o direito à aprendizagem de bebês e crianças pequenas, abrangendo a faixa etária da Educação Infantil de zero a cinco anos (Brasil, 2018).

Considerando os direitos de aprendizagem estabelecidos pela BNCC, são indicados os seguintes campos de experiência nos quais as crianças podem aprender e se desenvolver:

  1. O eu, o outro e o nós:Esse campo enfatiza a experiência relacionada à construção da identidade e das relações sociais. É por meio da interação com seus pares e adultos que as crianças constroem sua própria forma de sentir, pensar e agir, descobrindo a existência de pessoas diferentes e estilos de vida distintos.
  2. Corpo, gesto e movimentos:Valorizando o corpo como meio de expressão, por meio de diferentes linguagens, como música, dança, teatro e brincadeiras de faz de conta, as crianças tomam consciência de seu corpo, de suas funções e capacidades. Por meio dos movimentos, elas identificam suas potencialidades e limitações, aprendendo a distinguir o que é seguro e o que representa riscos à sua integridade física.
  3. Traços, sons, cores e formas:Esse campo estimula a produção criativa das crianças por meio de atividades como modelagem, colagem e pintura, explorando também objetos sonoros ou musicais. Isso possibilita que as crianças vivenciem diversas manifestações culturais, artísticas e científicas, favorecendo o desenvolvimento da sensibilidade, da criatividade e da expressão pessoal.
  4. Escuta, fala, pensamento e imaginação:Esse campo enfatiza a experiência com a linguagem oral, ampliando as formas de comunicação presentes na sociedade. Ao ouvirem a leitura de histórias, as crianças desenvolvem sua curiosidade e constroem concepções sobre a escrita. O(a) educador(a) proporciona o acesso a diferentes gêneros literários, possibilitando a identificação entre imagem e escrita, além de ensinar a direção da escrita e como segurar um livro.
  5. Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações:Esse campo destaca experiências que favoreçam a construção de noções espaciais (perto, longe) e temporais (dia, noite, ontem, hoje), bem como conhecimentos matemáticos, envolvendo contagem, ordenação e medida. Por meio da exploração, as crianças descobrem as propriedades de objetos e materiais, como odor, cor, sabor e temperatura. Dessa forma, a educação infantil deve proporcionar experiências que possibilitem às crianças manipular objetos, observar e investigar, enriquecendo seus conhecimentos sobre o mundo físico e cultural (Brasil, 2018).

O brincar e o lúdico na Educação Infantil

Segundo Andrade, Sandes e Oliveira (2021),

a promoção de práticas de ludicidade precisa ser efetiva no espaço escolar, para que a Educação Infantil promova avanços significativos aos envolvidos nos processos de ensino aprendizagem [...] a brincadeira e os jogos são ações substanciais para o desenvolvimento afetivo, motor, físico, social e cognitivo da criança.

No entanto, o lúdico nem sempre é reconhecido como uma prática educacional relevante, podendo ser interpretado erroneamente como algo separado do processo de aprendizagem formal. A percepção equivocada, muitas vezes presente no contexto escolar, de que “as crianças estão apenas brincando”, pode subestimar o valor educacional das atividades lúdicas.

Olivier (2003) destaca aspectos fundamentais do lúdico, enfatizando que este é um fim em si mesmo, focando na vivência prazerosa da atividade. Além de ser espontâneo e distinto de atividades impostas ou obrigatórias, pertence à dimensão do sonho, da magia e da sensibilidade. Ao contrário de preparar para um futuro distante, o lúdico vincula-se ao aqui e agora e valoriza a criatividade, a inventividade e a imaginação, todas essenciais por sua ligação íntima com o prazer.

De acordo com Oliveira e Silva (2014), o brincar é essencial para que a criança se integre socialmente ao seu meio. Através da brincadeira lúdica, as crianças não só exploram seu imaginário, mas também desenvolvem diversas habilidades de aprendizagem. Na educação infantil, as brincadeiras são ferramentas fundamentais para o aprendizado e o desenvolvimento, possibilitando que as crianças aprendam de forma lúdica e interativa. Nesse contexto, o papel do professor(a) é o de mediador(a), utilizando planejamentos que estimulem e facilitem a participação ativa das crianças nesse processo de descoberta e crescimento.

A observação atenta durante o brincar pode oferecer informações detalhadas sobre o desenvolvimento autônomo, linguístico, gestual e emocional das crianças. Ao facilitar a ocorrência de atividades lúdicas, o professor possibilita que as crianças assumam o protagonismo em suas brincadeiras, contribuindo assim para seu desenvolvimento integral (Brasil, 1998).

Para Cardoso e Batista (2021),

o lúdico, enquanto atividade escolar, agrada as crianças, ajuda a evitar o tédio do ato pedagógico e constitui um aliado para nutrir o interesse dos alunos. Além disso, consiste em um elo entre a fantasia e o real, estimulando a criatividade e o desenvolvimento de crianças e de adultos, nos quais o docente está incluído, atividades podem criar um ambiente mais descontraído e envolver os alunos na aprendizagem [...]. Assim, um ambiente leve também pode impulsionar nos alunos confiança para participar mais.

Assim, na Educação Infantil, o brincar e o lúdico desempenham papéis fundamentais no desenvolvimento integral das crianças, pois têm o potencial de proporcionar momentos de diversão e entretenimento e, principalmente, contribuir significativamente para o aprendizado. Ao explorarem o mundo por meio do brincar, as crianças são estimuladas a aprender sobre si mesmas e sobre o ambiente ao seu redor, possibilitando-lhes desenvolver aprendizagens importantes que as acompanharão ao longo de suas vidas (Bianchini; Arruda; Gomes, 2015).

Percurso metodológico

As vivências lúdicas foram elaboradas visando crianças com idades entre um e quatro anos, com o intuito de abranger os cinco Campos de Experiência da Educação Infantil indicados na BNCC (Brasil, 2018), totalizando 10 vivências (Quadro 1), baseadas nas experiências docentes anteriores da autora. É importante ressaltar que ajustes podem ser necessários de acordo com o contexto de cada professor(a), assim como em função do interesse e da motivação das crianças ao longo do processo.

Quadro 1: Proposta de vivências lúdicas relacionadas aos campos de experiência

Vivências

Faixa etária sugerida

Campos de experiência

1- Cadê? Achou!

1 e 2 anos

O eu, o outro e o nós

2- Desafios divertidos

3 e 4 anos

3- Pescaria e obstáculos

1 e 2 anos

Corpo, gesto e movimentos

4- Equilibrando a bolinha

3 e 4 anos

5- Manifestação artística

1 e 2 anos

Traços, sons, cores e formas

6- Reciclando

3 e 4 anos

7- A Dona Aranha

1 e 2 anos

Escuta, fala, pensamento e imaginação

8- Folclore brasileiro

3 e 4 anos

9- Dentro e fora

1 e 2 anos

Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações

10- Descoberta colorida

3 e 4 anos

Vivências lúdicas relacionadas aos campos de experiência

Vivência 1: Cadê? Achou!

Campos de experiência: O eu, o outro e o nós

Faixa etária: 1 a 2 anos

Tempo: Aproximadamente 30 minutos

Objetivo geral: Desenvolver habilidades cognitivas, sociais e de autoconhecimento por meio da interação com espelhos e brinquedos variados.

Objetivos de aprendizagem e desenvolvimento alinhados à BNCC: Interação, relações, emoções e sensações.

Materiais necessários: Caixas de sapato, espelhos, brinquedos variados, lençol, fita dupla face ou cola quente para fixar os espelhos no interior da caixa.

Desenvolvimento:

  1. Exploração das caixas: O(A) professor(a) irá fixar os espelhos dentro das caixas de sapato e as dispor no chão ou na parede, deixando algumas próximas, para que as crianças tenham a oportunidade de se reunir em pequenos grupos. Durante essa etapa, o(a) professor(a) pode ambientar o espaço tocando a música “Cadê? Achou!”, enquanto as crianças exploram as caixas e os reflexos.

Figura 1: Crianças explorando uma caixa com espelhos

Fonte: Arquivo da autora.

  1. Interagindo com os espelhos: O(A) professor(a) se aproxima de cada criança, segurando a caixa de sapato fechada. Ele(a) pergunta: “Cadê a(o) [mencionar o nome da criança]?”. Em seguida, abre a tampa da caixa de modo que a criança possa se ver refletida no espelho. A criança, ao se reconhecer, responderá: “Achou!”.
  2. Escondendo o brinquedo: O(A) professor(a) esconde um brinquedo embaixo de um lençol e pergunta: “Cadê o(a) [nome do brinquedo]?”. Por exemplo, “Cadê o carrinho?”. Ele(a) deixa que as crianças demonstrem onde o brinquedo pode estar, incentivando a busca e a participação ativa.

Avaliação: Observação da participação e identificação de dificuldades e progresso através de registros.

Vivência 2: Desafios divertidos

Campos de experiência: O eu, o outro e o nós

Faixa etária: 3 a 4 anos

Tempo: Aproximadamente 40 minutos

Objetivo geral: Promover a compreensão das regras, o respeito e a interação entre pares por meio de disputas lúdicas. Além disso, busca-se desenvolver noções espaciais, equilíbrio, percepção visual e auditiva nas crianças participantes.

Objetivos de aprendizagem e desenvolvimento alinhados à BNCC: Interação, relações, emoções e sensações.

Materiais necessários: Cadeiras em quantidade suficiente para o número de crianças participantes, música, bolinhas de pingue-pongue, copos, língua de sogra ou canudo.

Desenvolvimento:

  1. Dança das cadeiras: O(A) professor(a) organiza as cadeiras viradas de costas uma para a outra, formando um círculo. Em seguida, convida as crianças a formar outro círculo ao redor das cadeiras. O(A) professor(a) explica a regra da brincadeira: todos devem andar em volta das cadeiras enquanto a música estiver tocando. Quando a música parar, devem se sentar. Quem ficar em pé está fora do jogo. O(A) professor(a) remove uma cadeira e continua a brincadeira até que reste apenas um(a) participante, que será o(a) ganhador(a) da brincadeira.

Figura 2: Crianças andando em círculo ao redor das cadeiras

Fonte: Arquivo da autora.

  1. Derrubando a bolinha: O(A) professor(a) posiciona os copos de cabeça para baixo em uma superfície plana e coloca uma bolinha em cima de cada um deles. Em seguida, divide as crianças em duplas e distribui a língua de sogra. O(A) professor(a) explica as regras da brincadeira: as crianças devem derrubar a bolinha com o assopro da língua de sogra. A criança que conseguir derrubar a bolinha primeiro será a ganhadora da brincadeira.

Figura 3: Crianças assoprando as línguas de sogra para derrubar a bolinha

Fonte: Arquivo da autora.

Avaliação: Observação da participação e identificação de dificuldades e progresso através de registros.

Vivência 3: Pescaria e obstáculos

Campos de experiência: Corpo, gesto e movimentos

Faixa etária: 1 a 2 anos

Tempo: Aproximadamente 30 minutos

Objetivo geral: Estimular o deslocamento e a interação corporal por meio de atividades lúdicas em ambientes acolhedores e desafiadores.

Objetivos de aprendizagem e desenvolvimento alinhados à BNCC: Repertório de movimentos, ocupação do espaço, limites e brincadeiras.

Materiais necessários: Colchonetes, almofadas, túnel, caixa, brinquedos diversos, peneiras.

Desenvolvimento:

  1. Exploração sensorial: O(A) professor(a) pega a caixa de papelão e coloca objetos de diferentes formas e tamanhos dentro dela. Em seguida, posiciona as peneiras próximas à caixa e convida as crianças a se aproximar. O(A) professor(a) incentiva as crianças a retirar os objetos de dentro da caixa com o auxílio da peneira.

Figura 4: Criança utilizando peneira para pegar objetos

Fonte: Arquivo da autora.

  1. Circuito de movimento: O(A) professor(a) disponibiliza colchonetes, almofadas e túnel no ambiente. As crianças são convidadas a realizar um percurso que potencialize suas habilidades motoras, como pular e rastejar, enquanto exploram o ambiente. O(A) professor(a) incentiva os pequenos a experimentar diferentes movimentos.

Figura 5: Crianças passando por um túnel

Fonte: Arquivo da autora.

Avaliação: Observação da participação e identificação de dificuldades e progresso através de registros.

Vivência 4: Equilibrando a bolinha

Campos de experiência: Corpo, gesto e movimentos

Faixa etária: 3 a 4 anos

Tempo: Aproximadamente 40 minutos

Objetivo geral: Desenvolver o equilíbrio, a coordenação motora e a atenção das crianças através de atividades lúdicas e desafiadoras.

Objetivos de aprendizagem e desenvolvimento alinhados à BNCC: Repertório de movimentos, ocupação do espaço, limites e brincadeiras.

Materiais necessários: Fita crepe ou giz, rolinhos de papel toalha, caixa de pizza, cola, bolinhas.

Desenvolvimento:

  1. Percurso com bolinha e rolinho: O(A) professor(a) faz uma linha reta e outra em formato zigue-zague no chão, utilizando fita crepe ou giz. Em seguida, convida as crianças a fazer o percurso com uma bolinha apoiada sobre um rolinho, sem deixá-la cair.

Figura 6: Criança equilibrando uma bolinha durante um percurso

Fonte: Arquivo da autora.

  1. Construção de labirinto com rolinhos: O(A) professor(a) divide os rolinhos de papel toalha e os utiliza para construir um labirinto na parte interior da caixa de pizza. Em seguida, incentiva as crianças a fazer a bolinha passar por dentro de todos os rolinhos do labirinto.

Figura 7: Crianças manuseando um labirinto feito em uma caixa de pizza

Fonte: Arquivo da autora.

Avaliação: Observação da participação e identificação de dificuldades e progresso através de registros.

Vivência 5: Manifestação artística

Campos de experiência: Traços, sons, cores e formas

Faixa etária: 1 a 2 anos

Tempo: Aproximadamente 30 minutos

Objetivo geral: Estimular a expressão artística e sensorial das crianças através da música e da pintura.

Objetivos de aprendizagem e desenvolvimento alinhados à BNCC: Musicalidade e parâmetros do som, artes visuais e pintura.

Materiais necessários: Instrumentos musicais diversos, garrafa PET, arroz, feijão, iogurte natural, corantes alimentícios (amarelo, verde e vermelho), recipientes vazios.

Desenvolvimento:

  1. Exploração de instrumentos musicais: O(A) professor(a) prepara chocalhos utilizando garrafas PET, enchendo-as com pequena quantidade de arroz ou feijão. Em seguida, distribui os instrumentos musicais para as crianças, possibilitando que explorem e descubram como tocá-los e os sons que produzem.

Figura 8: Crianças explorando instrumentos musicais

Fonte: Arquivo da autora.

  1. Cantando e tocando: Após escolher uma música, como “Loja do Mestre André”, o(a) professor(a) convida as crianças para interagir, cantando e tocando os instrumentos musicais em conjunto.
  2. Arte com cores: O(A) professor(a) divide iogurte natural em diversos recipientes e o mistura com corante alimentício para criar diferentes cores. Em seguida, as crianças são convidadas a produzir uma pintura, explorando sua criatividade ao utilizar as cores disponíveis.

Figura 9: Crianças explorando uma paleta de tinta

Fonte: Arquivo da autora.

Avaliação: Observação da participação e identificação de dificuldades e progresso através de registros.

Vivência 6: Reciclando

Campos de experiência: Traços, sons, cores e formas

Faixa etária: 3 a 4 anos

Tempo: Aproximadamente 50 minutos

Objetivo geral: Estimular a criatividade e a expressão por meio da confecção de um robô com materiais recicláveis e de uma pintura coletiva.

Objetivos de aprendizagem e desenvolvimento alinhados à BNCC: Artes visuais e pintura.

Materiais necessários: Papel kraft ou cartolinas, tintas não tóxicas, pincel, caixas de papelão (uma retangular e uma quadrada), quatro tampinhas de garrafa, dois copos descartáveis, dois rolos de papel toalha (vazios).

Desenvolvimento:

  1. Confecção de robô com materiais recicláveis: O(A) professor(a) convida as crianças a confeccionar um robô utilizando materiais recicláveis. Durante essa atividade, elas são incentivadas a participar da pintura coletiva das caixas que serão utilizadas na montagem dos robôs.

Figura 10: Crianças pintando uma caixa

Fonte: Arquivo da autora.

  1. Exploração de formas: Durante a montagem do robô, o(a) professor(a) faz perguntas sobre os formatos dos materiais utilizados, como “esta caixa é redonda ou quadrada?”; “Ela é grande ou pequena?”; “Ela é funda ou rasa?”; “Na nossa sala de aula tem alguma coisa com esse formato?”; “Tem algum utensílio doméstico nesse formato?”; estimulando o desenvolvimento do conhecimento sobre formas geométricas.

Avaliação: Observação da participação e identificação de dificuldades e progresso através de registros.

Figura 11: Materiais recicláveis formando um robô

Fonte: Arquivo da autora.

Vivência 7: A Dona Aranha

Campos de experiência: Escuta, fala, pensamento e imaginação

Faixa etária: 1 a 2 anos

Tempo: 30 minutos

Objetivo geral: Estimular a linguagem oral e a expressão através da leitura da história “A Dona Aranha” (Mendonça; Veras; Galotti, 2021) e de cantigas.

Objetivos de aprendizagem e desenvolvimento alinhados à BNCC: Literatura infantil, fala, vocabulário, escuta, compreensão.

Materiais necessários: Livros diversos, aparelho de som, livro da história “A Dona Aranha”.

Desenvolvimento:

  1. Hora do livro: O(a) professor(a) convida as crianças a se sentarem em círculo no chão, se possível. Ele inicia apresentando o livro do dia, contando a história de forma cativante para despertar o interesse das crianças em participar.
  2. Exploração literária: Em seguida, o(a) professor(a) distribui os livros entre as crianças, possibilitando que explorem as páginas, aprendam a segurá-los corretamente e percebam a diferença entre as letras e as imagens, promovendo a familiaridade com os livros.

Figura 12: Crianças manipulando livros

Fonte: Arquivo da autora.

  1. Roda de Cantigas: Para encerrar, o(a) professor(a) convida as crianças a participar de uma roda de cantigas, incluindo a música “A Dona Aranha” e outras canções infantis.

Avaliação: Observação da participação e identificação de dificuldades e progresso através de registros.

Vivência 8: Folclore brasileiro

Campos de experiência: Escuta, fala, pensamento e imaginação

Faixa etária: 3 a 4 anos

Tempo: Aproximadamente 50 minutos

Objetivo geral: Promover o conhecimento e valorização do folclore brasileiro, identificando personagens e cantigas. Aprimorar a compreensão e a linguagem oral das crianças por meio da escuta atenta de histórias, incentivando a expressão verbal e a comunicação.

Objetivos de aprendizagem e desenvolvimento alinhados à BNCC: Literatura infantil, fala, vocabulário, escuta, compreensão.

Materiais necessários: História do Boitatá, tinta, cartolina vermelha, pincel, tesoura, caixas de ovos (vazias).

Desenvolvimento:

  1. Roda de conversa sobre o folclore brasileiro: O(A) professor(a) inicia uma roda de conversa com as crianças, explorando o tema folclore brasileiro e seus personagens. O(A) professor(a) incentiva as crianças a compartilhar o que sabem sobre o assunto, fazendo perguntas sobre personagens folclóricos, as cantigas e outras manifestações culturais.
  2. Leitura da Lenda do Boitatá: Após as crianças participarem ativamente da roda de conversa e compartilharem seus conhecimentos, o(a) professor(a) complementa o diálogo se necessário e inicia a leitura da lenda do Boitatá (Cerino, 2020). Durante a leitura, o(a) professor(a) estimula a imaginação das crianças e promove a compreensão da história, explorando os detalhes e os aspectos culturais presentes na narrativa.
  3. Confecção do Boitatá: Após a leitura da lenda, o(a) professor(a) convida as crianças a participar da atividade de confecção do personagem Boitatá. Serão fornecidos materiais como caixas de ovos, tintas e pincéis, possibilitando que as crianças expressem sua criatividade na criação do personagem. O(a) professor(a) auxilia as crianças no processo, incentivando a exploração e o uso dos materiais. Ao final, é promovido um momento de compartilhamento e apreciação das criações, valorizando o trabalho realizado.

Figura 13: Criança segurando uma pintura, realizada em um pente da caixa de ovos

Fonte: Arquivo da autora.

Avaliação: Observação da participação e identificação de dificuldades e progresso através de registros.

Vivência 9: Dentro e fora

Campos de experiência: Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações

Faixa etária: 1 a 2 anos

Tempo: Aproximadamente 30 minutos

Objetivo geral: Estimular a resolução de problemas e a compreensão de conceitos como dentro e fora, quantidade e cores.

Objetivos de aprendizagem e desenvolvimento alinhados à BNCC: Classificação, identificar, manipular, mover, descobertas.

Materiais necessários: Duas caixas de papelão, barbante, brinquedos diversos, fita adesiva colorida, bolinhas coloridas, tesoura.

Desenvolvimento:

  1. Preparação da atividade: O(A) professor(a) faz diversos furos na altura da borda da caixa e coloca objetos diversos dentro dela. Em seguida, passa o barbante de maneira que se entrelace, formando uma teia.
  2. Exploração da teia de objetos: Sentado ao chão com a caixa no centro, o(a) professor(a) convida as crianças a se aproximarem. Ele(a) estimulará as crianças a retirar os objetos de dentro da caixa, explorando a textura, forma e características de cada um.

Figura 14: Crianças retirando objetos entre um barbante entrelaçado na abertura da caixa

Fonte: Arquivo da autora.

  1. Identificação de cores: Pegando outra caixa e as bolinhas, o(a) professor se senta no chão para que as crianças se aproximem. Ele(a) convida uma criança por vez a escolher uma bolinha e colocá-la dentro da caixa. Nesse momento, o professor pode ensinar as cores e os locais correspondentes.

Avaliação: Observação da participação e identificação de dificuldades e progresso através de registros.

Figura 15: Criança colocando a bolinha dentro da caixa

Fonte: Arquivo da autora.

Vivência 10: Descoberta colorida

Campos de experiência: Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações

Faixa etária: 3 a 4 anos

Tempo: Aproximadamente 40 minutos

Objetivo geral: Estimular a curiosidade e a criatividade através de experimentos com cores e da organização de sequências.

Objetivos de aprendizagem e desenvolvimento alinhados à BNCC: Classificação, identificar, manipular, mover, descobertas.

Materiais necessários: Água (quatro colheres de sopa), vinagre (quatro colheres de sopa), bicarbonato de sódio (duas colheres de sopa), detergente (uma colher de sopa), copos descartáveis, rolinhos de papel toalha, tinta guache, pincel.

Desenvolvimento:

  1. Experimento de reação química: O(a) professor(a) inicia a atividade apresentando a experiência, dispondo os ingredientes sobre uma superfície plana e convidando uma criança para começar o experimento. Para garantir a participação de todos(as), possibilita que cada criança adicione um ingrediente. Se necessário, o(a) professor(a) repete o experimento para assegurar que todos(as) tenham a oportunidade de participar. Após a adição de todos os ingredientes, o(a) professor(a) observa a reação química e explica às crianças a causa dessa reação. Passo a passo da experiência: em um copo, colocar quatro colheres de sopa de vinagre, uma colher de sopa de detergente e uma colher de sopa de tinta guache, misturando bem. Em outro copo, colocar duas colheres de sopa de bicarbonato de sódio e quatro colheres de sopa de água, misturando até o bicarbonato dissolver completamente. Em seguida, despejar a mistura de bicarbonato e água no copo com vinagre, detergente e tinta guache. A reação entre o vinagre e o bicarbonato libera dióxido de carbono, formando bolhas. O detergente ajuda a criar uma espuma, resultando em uma “erupção vulcânica” colorida (Explicatorium, 2019).

Figura 16: Crianças realizando uma experiência química

Fonte: Arquivo da autora.

  1. Desafio das cores: Nessa atividade, o(a) professor(a) desafia as crianças a reproduzir a sequência de cores conforme mostrado na Figura 17.

Figura 17: Criança empilhando rolinhos em um cone

Fonte: Arquivo da autora.

Avaliação: Observação da participação e identificação de dificuldades e progresso através de registros.

Considerações finais

Ao longo deste trabalho, explorei a importância do lúdico na Educação Infantil, destacando como as vivências lúdicas são essenciais para o desenvolvimento integral das crianças. O brincar na Educação Infantil surge como um recurso pedagógico fundamental para auxiliar no processo de ensino e aprendizagem. Enfatizar a relevância do lúdico por meio de vivências no ambiente escolar demonstra que é possível aprender brincando. A partir das atividades propostas — como “Cadê? Achou!” para crianças de 1 a 2 anos, e “Dança das cadeiras” e “Derrubando a bolinha” para crianças de 3 a 4 anos —, busquei compartilhar possibilidades de brincadeiras que podem contribuir significativamente para o aprendizado cognitivo, social, emocional e motor dos(as) pequenos(as).

As atividades foram estruturadas com base nos cinco campos de experiência da BNCC (Brasil, 2018): O eu, o outro e o nós; Corpo, gesto e movimentos; Traços, sons, cores e formas; Escuta, fala, pensamento e imaginação; Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações. Essa organização visou abordar aspectos importantes do desenvolvimento infantil, como identidade, movimento, expressão artística, linguagem e compreensão do mundo. Essa abordagem integrada tem potencial para enriquecer o repertório das crianças e criar um ambiente educativo estimulante e envolvente, no qual o(a) professor(a) atua como mediador(a), organizando e criando situações favoráveis ao aprendizado.

Considerando que a proposta de vivência lúdica, aliada a um planejamento adequado, assume grande importância para a Educação Infantil, compreendo que o papel do(a) professor(a) deve incluir a criação de um ambiente acolhedor e propício ao aprendizado por meio do brincar.

Esperamos que este trabalho possa inspirar educadores(as) e gestores(as) a valorizar cada vez mais o papel do lúdico na formação das novas gerações, reconhecendo seu potencial transformador na construção de uma sociedade mais criativa e brincante.

Referências

ANDRADE, T. O.; SANDES, C. A.; OLIVEIRA, R. P. V. Contextos lúdicos: o sentido real de aprender brincando. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 21, nº 19, 25 maio 2021. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/21/19/contextos-ludicos-o-sentido-real-de-aprender-brincando. Acesso em: 1 set. 2024.

BIANCHINI, L. G. B.; ARRUDA, R. B.; GOMES, L. R. Ludicidade e educação. Londrina: Distribuidora Educacional, 2015.

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2018.

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Publicado em 22 de outubro de 2025

Como citar este artigo (ABNT)

ANDRADE, Kamila Rodrigues; LEMOS, Fábio Ricardo Mizuno. Proposta de vivências lúdicas para crianças de 1 a 4 anos: os campos de experiência na Educação Infantil. Revista Educação Pública, Rio de Janeiro, v. 25, nº 40, 22 de outubro de 2025. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/25/40/proposta-de-vivencias-ludicas-para-criancas-de-1-a-4-anos-os-campos-de-experiencia-na-educacao-infantil

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