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A arte de não se odiar
No dia 1º de março de 1580, o Barão Michel de Montaigne, senhor da terra de Bordeaux, no sul da França, escreveu a advertência que fica na introdução de seu livro Ensaios. Como eu já tenho um pouquinho de tempo nessa labuta de escrever, mais ou menos uns dezoito anos de teclado (isso levando em conta a máquina de escrever Remington que me introduziu no mundo da prosa), posso afirmar, sem muita dúvida, que esse dia, 1º de março de 1580, foi o dia em que Montaigne terminou seu livro. Ninguém começa um livro pela apresentação. Essa é a última coisa que a gente escreve. È como registrar um filho. Não dá para fazer isso antes de a criatura nascer e a gente olhar bem para cara dela para confirmar o nome que tinha imaginado. Na verdade, Montaigne viveu até os 38 anos como um nobre francês do século XVI ou uma socialite do jet set brasileiro viveria: cercado de frivolidades. Mas, após a morte de um amigo, Montaigne mergulhou em profunda melancolia, e nessa melancolia encontrou o caminho para escrever sua obra. Isolado em uma torre, cercado de livros e de citações em grego e latim gravadas nas ripas de madeira do teto, o senhor de Bordeaux, barão de Montaigne, tocou em um dos centros nervosos da modernidade: o Eu.
O jogo sígnico da poética de Arcimboldo
Ao olhar de relance para as telas de Arcimboldo (1527-1593), a surpresa, o estranhamento, o deslocamento são ações instantâneas e extremamentes esperadas. Não há como negar: o olho procura no meio embaralhado dos signos uma pista para entender, uma forma de adentrar os quadros, um caminho a seguir. A preferência por Arcimboldo e o recorte escolhido por nós aconteceram justamente pelo enigma que percorre o processo de significação, algo que ora se apresenta, ora se esconde, se disfarça. A dissimulação tece-lhe o corpo/rosto e estabelece um jogo em que cada voz e cada termo se afiguram como máscaras que, apenas em avaliação, possibilitam ver onde se fia um traço comum. Traço, ele mesmo, nem sempre igual, mas aproximado, seja pela harmonia momentânea (lugar onde os significantes se interseccionam, produzindo uma direção, dado o corte), seja pela ressonância díspar de alguns outros textos, às vezes só identificados quando se para para olhar atentamente, percorrendo e avaliando a tessitura das telas.
O fim da educação: indisciplina, política e judicialização
Professoras e professores estavam discutindo em reunião o problema da (in)disciplina em sala de aula. A coisa me pareceu tão séria que por alguns minutos passaram-me pela cabeça diversas imagens de acontecimentos – muitos deles inaceitáveis – que, aparentemente, vêm se naturalizando entre nós. Algumas delas merecem atenção.
Aprendendo do amor
Foi uma surpresa conhecer este texto de Eça de Queiroz e sentir um frescor que a princípio parecia impossível, não só pelo peso canônico do autor de O primo Basílio e O crime do padre Amaro, mas mesmo pelo objeto do livro: cartas de amor do século XIX.
Faça o que eu mando, mas não faça o que eu faço!
– O que está acontecendo?, perguntei ao carcereiro ao acordar desesperado. Eu me encontrava sobre o chão frio de uma cela fétida, empoeirada, apertada e escura. Podia ouvir ao longe o som de pessoas conversando alto ou gritando, alguns tentando cantar algumas músicas populares conhecidas, outros discutindo a veracidade dos fatos que os levaram àquele lugar. Eu não tinha a menor noção de como havia ido parar ali. Minha cabeça estava doendo muito, e pude perceber algumas pequenas manchas de sangue na minha blusa clara.
Armas, germes e aço: a imposição civilizatória e a destruição de culturas
Aço é uma liga metálica formada por ferro (Fe) e carbono (C), porém o aço é mais moldável, maleável e mais resitente que o ferro, inclusive à oxidação (ferrugem). A fabricação de ferro teve início na Anatólia (Turquia, Ásia), cerca de 2000 a.C., a Idade do Ferro foi plenamente estabelecida por volta de 1000 a.C. Nesse período a tecnologia da fabricação do ferro espalhou-se pelo mundo. Em aproximadamente 500 a.C. chegou às fronteiras orientais da Europa (IAB, 2013). Com o domíno das forjas, os armamentos – antes de pedra, madeira, ossos e outros materiais – foram substituídos pelo ferro; quem dominava sua fundição tornou-se superior aos demais (AUGUSTO, 2013).
Alegria, aqui é encanto e oralidade na prática de contar histórias: Era uma vez... o grupo experimental de contadores de histórias da UFES
Comunicação, Vivências de Sala de Aula, Língua Portuguesa e Literatura, Outras Mais Específicas e Espaços UrbanosOs pesquisadores rememoram o projeto de extensão universitária Grupo Experimental de Contadores de Histórias da Universidade Federal do Espírito Santo. O grupo, que se reunia aos sábados no Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas, no câmpus de Goiabeiras, em Vitória/ES, relembra detalhes do espaço e menciona algumas obras e textos explorados nesse projeto – que ampliou a atuação dos professores do curso de Biblioteconomia para além das salas de aula. O ato de narrar ou contar histórias é uma forma de transformar o meio social e aviva formas de memória, patrimônio e a criatividade.
Psicodiagnóstico, formação profissional e aplicações na Educação Básica
Psicologia e Educação Especial e InclusivaLevando em consideração que os procedimentos de realização do psicodiagnóstico aplicado a questões concernentes à infância e à adolescência são um processo dotado de muita complexidade e requerem formação teórico-prática suficiente para um bom desempenho, este estudo propõe apresentar os sentidos atribuídos ao exame psicodiagnóstico de acordo com a perspectiva de estudantes de Psicologia do sudoeste da Bahia. Com a realização da pesquisa, foi possível apresentar dados fundamentais acerca da formação profissional e percepção dos discentes acerca do psicodiagnóstico, sendo considerado pela maioria como um processo que apresenta resultados fidedignos; todavia, a articulação entre teoria e prática no contexto da graduação ainda é insuficiente.
Revista Educação Pública agora é B1
Computação e Tecnologias, Comunicação, Educação Especial e Inclusiva, Formação de Professores, Instituição Escola e Língua Portuguesa e LiteraturaO sistema Qualis, gerenciado pela Capes, classifica as revistas científicas publicadas no Brasil. No final de 2022, o ranking indicou que a revista Educação Pública havia alcançado o nível B1, o mais alto nível da história da publicação. Isso se deve à qualidade dos artigos veiculados e ao número de seus trabalhos citados em outras obras, mas também às ações de modernização da revista, que visam principalmente desenvolver e incentivar a interação dos autores e leitores – objetivo da revista desde seu início – confirmando a relevância da Educação Pública.
Em busca de diálogo entre os ensinos superior e o médio
A mesa-redonda "Formas de acesso ao Ensino Superior" promovida pelo programa de Ensino Médio da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ensino Médio), no dia 4 de abril, revelou a necessidade de maior diálogo entre as instituições do Ensino Superior e do Ensino Médio com relação aos programas e às datas dos vestibulares. O evento contou com a presença de cerca de 80 professores do Ensino Médio. Participaram da mesa os professores Marieta de Moraes Ferreira (FGV Ensino Médio), Maria Inês Fini (FE/Unicamp), Marcelo Macedo Corrêa e Castro (FE/UFRJ) e Maurício Luz (CAP/UFRJ).