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Aprender a ver a cidade
Vivências de Sala de AulaSentado em uma carteira, o arquiteto e professor Pedro Lessa tira um par de óculos de papel - os óculos do professor urbano. Segundo Pedro, essas lentes fazem as pessoas verem a cidade com outros olhos, os da observação, da cidadania. Desenhados na frente dos óculos, casas, árvores e prédios, cuja função, segundo o professor, é mostrar que esses três elementos são amigos, coexistindo em harmonia.
Um novo perfil de professor
Retirado do artigo "Internet e Educação", originalmente publicado na Revista Guia da Internet.Br. Rio de Janeiro: Ediouro, n. 5, 1996.
Carnaval: folia do cérebro
Outras Mais EspecíficasA festa do Carnaval traz máscaras e fantasias; sujeitos excitados buscam escapar da realidade... E como isso funciona no cérebro, no organismo humano?
Considerações sobre O Estrangeiro de Albert Camus
Publicado antes de O mito de Sísifo, O estrangeiro primeiramente imergiu seus leitores no clima do absurdo. Em contato com a realidade densa, mergulhado em acontecimentos incompreensíveis e sem comentários, o leitor teve o sentimento da condição absurda, sem qualquer clareza conceitual. O ensaio O Mito de Sísifo, lançado em seguida, instruiu o leitor sobre esse mundo opaco. Nesse texto, Camus distingue o “sentimento” da “noção” de absurdo – “O sentimento do absurdo não é, portanto, a noção do absurdo. Ele a funda, simplesmente. Não se resume a ela” (2008, p. 43). Pode-se dizer que o romance, publicado primeiro, fez seus leitores sentirem o clima do absurdo, provocando a impressão de uma realidade desarrazoada, enquanto o ensaio comentou e buscou esclarecer o raciocínio absurdo. Como disse Camus, o sentimento do absurdo é anterior à noção e a ultrapassa, de modo que não é possível esmiuçar e compreender completamente o romance. O protagonista Meursault permanece incompreensível, mesmo para o leitor já familiarizado com O Mito de Sísifo. Isso mostra como Camus deu ao personagem uma densidade própria, sem reduzi-lo a uma mera ilustração da noção exposta no ensaio. Meursault é um personagem indiferente, tranquilo, que se deixa levar, somente. Não costuma se interrogar, como ele mesmo vai dizer. Não se inquieta com os problemas que Camus levanta em O Mito de Sísifo, não parece revoltado com a nossa condição mortal, de modo que o leitor não pode decifrá-lo nem compreendê-lo totalmente a partir da leitura do ensaio. Esse personagem possui seu caráter próprio. Em seus gestos há sempre algo que nos escapa. E essa impossibilidade mesma de explicar o romance, mesmo após a noção apresentada em O Mito de Sísifo, mostra a nossa condição absurda: não podemos racionalizar os nossos sentimentos, somos incapazes de elevar à consciência, de conceituar grande parte daquilo que somos nós.
Luiza Barreto Leite: Teatro e jornalismo para a Educação
Luiza Barreto Leite foi uma educadora de mão cheia – em casa e na escola, no teatro, no jornalismo e no MEC. A revista Educação Pública tem em suas páginas vários de seus artigos, especialmente sobre a História da Educação no século XX. Agora, quando acabamos de comemorar o Dia do Professor, vale a pena divulgar um artigo de seu filho, Luiz Alberto – mais que nosso colaborador, um grande incentivador – que reúne não só fragmentos de textos de Luíza como opiniões de várias pessoas sobre ela.
Correndo diante da vida
Me espantei quando vi, na edição de agosto da versão brasileira do Le Monde Diplomatique, a capital do meu estado entre as quinze metrópoles do país. Nunca imaginei que Natal fosse, algum dia, aparecer no mapa, acostumado que eu estava em morar em uma fazenda às margens do Atlântico; agora tenho que me acostumar em viver numa metrópole, com tudo de bom e de ruim que nasce dessa palavra. Talvez seja por isso, por essa palavra, por esse conceito, que haja tanta gente na minha cidade que anda apresada, voando pelas ruas em um ritmo muito pouco usual.
72 nomes de Deus
Não sei qual foi a primeira palavra que eu aprendi, mas acho que foi meu próprio nome. Se não foi a primeira palavra, pelo menos se tornou, com o passar do tempo, a palavra mais importante e a mais perturbadora. Nos anos setenta era difícil encontrar um outro Pablo. O primeiro xará que eu conheci foi aos quinze anos, em 1989. Durante todo esse tempo, sempre que eu ouvia a palavra Pablo tinha a nítida sensação que alguém havia me descoberto. A ausência de outros Pablos na minha infância me fez querer trocar de nome: Pedro, Hugo, João... Queria um nome mais comum, um nome usual que pudesse me encobrir, me disfarçar e fazer com que eu pudesse ser qualquer outra pessoa. Talvez eu estivesse, naquele tempo, tomado por um estranho realismo linguístico que identificava meu nome com minha própria natureza, como se o fato de eu me chamar Pablo pudesse determinar meu Ser, indicar algo sobre meu destino ou ser decisivo na minha personalidade.
As duas forças
Diz uma piada que um dia Deus e o diabo estavam andando por um caminho. De repente, Deus para, se abaixa e pega no chão um pedaço de papel com algo escrito. O diabo pergunta: “O que é isso?”. Deus subitamente responde: “A verdade”. O diabo sorri, tira o papel da mão de Deus e diz: “Ótimo! Pode deixar que eu organizo ela para você”.
Da arte de caminhar
Etimologicamente, a palavra “escola” vem do grego skhol. Não, nada a ver com aquela cerveja que “desce redondo”. O fato é que, ao longo do tempo, tal conceito (de escola, não do tal líquido) transformou-se bastante. Ainda na Grécia clássica, a ideia de escola passou por diversos estágios: o espaço público utilizado por Sócrates, a Academia de Platão e o Liceu de Aristóteles, para citar apenas os mais conhecidos. Posteriormente, houve os monastérios medievais e tantos outros modelos até chegar à diversidade de escolas dos dias atuais.