Biblioteca
Filtrar os artigos
Meu Deus, Glauco não!!!
Há poucos dias foi o Glauco. Aqui, na terra brasilis, morre-se sem mais nem menos. Vida aqui vale pouco. Parece que os bandeirantes, os jesuítas, a chacina dos povos indígenas e o desconhecimento da velha Corte Portuguesa ainda vivem entre nós. Vida vale, aqui, menos que bosta. Vale menos que... É uma impunidade total. É uma facilidade total. Qualquer mil réis compra-se uma arma velha e pou! pou! Está morta a vítima. Como é fácil matar no Brasil. Como estamos nos matando uns aos outros sem saber o porquê. Dinheiro? Desemprego? Falta de escolaridade? Sei lá mais o que enumerar aqui. Mas juro que fiquei chocado, diria transtornado, com a perda do grande cartunista Glauco. Ele e seu filho. Que tragédia para uma família! Tragédia não tem recuperação. É para a vida toda. Prisão também deveria ser!!! Para a vida toda!!! E não ficar parado nas jaulas, é claro. Mas sim serviços prestados por toda a vida. Isso mesmo... bola de ferro na perna e toca a construir estradas, a fazer móveis, a cozinhar para uma comunidade, a bordar... E anos após anos, décadas após décadas. Até o final dos tempos. Serviços prestados à sociedade brasileira ad infinitum, seja ela sergipana, paulista ou mineira. O Brasil não merece isso (vai ver que merece, pois vimos plantando isso há séculos...). E por que plantamos, perguntaria você? Terra da desigualdade atroz, terra da iniquidade quase total, terra das matanças em série... Terra de propinas inumeráveis e compra de votos... O que queríamos com tudo isso? Em se plantando tudo dá, ó Caminha! Como sabias das coisas, ó pá! É vero, e de plantação em plantação chegamos a isso: planta-se muita maconha na Terra de Santa Cruz! E morre-se sem mais nem menos. Morre-se num acidente fatal porque o agressor estava alcoolizado; morre-se porque alguém puxou uma erva pesada e saiu dirigindo sua máquina mortífera. Morre-se porque uma mãe esqueceu seu filho no banco de trás do automóvel. Morre-se porque um casal decidiu que não queria mais o seu filho e este voou por uma das infinitas janelas dos infinitos edifícios da infinita Sampa. Morre-se porque um adolescente levou um revólver e matou outro na saída da escola. Morre-se porque uma estudante levou uma faca e esfaqueou sua colega até a morte. Morre-se até ao acabar de nascer, no próprio cordão umbilical, porque dois médicos discutem na sala de operação. Enfim, morre-se com gosto e a valer nesta terra Brasil. Afinal, gostamos das estatísticas.
Mitos inventados pelos alunos
Como professora de Filosofia da rede estadual do Ensino Médio, tenho o costume de, nas primeiras aulas, falar um pouco sobre a Grécia pré-filosófica, cujo imaginário era povoado por deuses, semideuses, heróis e suas histórias. Essa breve incursão pelo mundo mitológico é geralmente bem recebida pelos alunos, muitos dos quais já conhecem diversos mitos. Grande parte de tal conhecimento, como vim a saber posteriormente, provém de desenhos animados que tratam do assunto – tais como Cavaleiros do zodíaco e Hércules.
O uso inteligente do computador na educação
O que seria a utilização do computador na educação de maneira inteligente? Seria fazer aquilo que o professor faz tradicionalmente ou seja passar a informação para o aluno, administrar e avaliar as atividades que o aluno realiza, enfim, ser o "braço direito" do professor; ou seria possibilitar mudanças no sistema atual de ensino, ser usado pelo aluno para construir o conhecimento e, portanto, ser um recurso com o qual o aluno possa criar, pensar, manipular a informação? A análise dessa questão nos permite entender que o uso inteligente do computador não é um atributo inerente ao mesmo, mas está vinculado a maneira como nós concebemos a tarefa na qual ele será utilizado. Um sistema educacional mais conservador certamente deseja uma ferramenta que permite a sistematização e o controle de diversas tarefas específicas do processo atual de ensino. Uma máquina de ensinar e administrar esse ensino facilita muito a atividade do professor. Sistemas computacionais com essas características já foram desenvolvidos, desempenhando tarefas que contribuem muito para essa abordagem educacional e passam a ser muito valorizados pelos profissionais que compartilham dessa visão de educação. Por outro lado, os profissionais da educação que não compartilham dessa abordagem educacional certamente não necessitam de sistemas computacionais com tais características. Mesmo os sistemas de ensino mais sofisticados, com qualidades de inteligência - como a capacidade de identificar os erros cometidos pelos alunos ou indicar tarefas de acordo com o nível do aluno - não são considerados como uma forma de uso inteligente do computador na educação. Isso significa dizer que a análise de um sistema computacional com finalidades educacionais não pode ser feita sem considerar o seu contexto pedagógico de uso. Um softwaresó pode ser tido como bom ou ruim dependendo do contexto e do modo como ele será utilizado. Portanto, para ser capaz de qualificar um softwareé necessário ter muito clara a abordagem educacional a partir da qual ele será utilizado e qual o papel do computador nesse contexto. E isso implica ser capaz de refletir sobre a aprendizagem a partir de dois pólos: a promoção do ensino ou a construção do conhecimento pelo aluno. Nesse artigo será defendida a ideia de que o uso inteligente do computador na educação é justamente aquele que tenta provocar mudanças na abordagem pedagógica vigente ao invés de colaborar com o professor para tornar mais eficiente o processo de transmissão de conhecimento.
Resultados de uma oficina sobre o planeta Terra para alunos do Ensino Fundamental
AstronomiaO ensino de Astronomia pode ser usado como fio condutor para possibilitar a compreensão de conceitos científicos variados. Nesse contexto, realizamos uma oficina visando identificar o nível de conhecimento dos alunos do Ensino Fundamental de uma escola municipal de Amargosa/BA, sobre o planeta Terra. Inicialmente, os alunos responderam um questionário sobre a localização espacial de suas residências (bairro, cidade, país, continente e planeta). Ao fim da oficina, aplicamos novamente o teste aos discentes. No segundo teste, os alunos não só responderam a todas as questões, como levantaram outras que fomentaram discussões adicionais sobre o tema.
Deficiência como potência
A professora Joana Belarmino de Sousa, da Universidade Federal da Paraíba, é cega. Nasceu assim e entende sua deficiência visual como potência. Realiza palestras, escreve livros, ministra aulas e usa seu notebook para organizar seus escritos. Tem, enfim, uma vida acadêmica muito parecida com a de outros tantos professores. Talvez a diferença maior entre ela e seus colegas seja o hábito de trazer para sua profissão um aspecto pessoal de sua vida: Joana decidiu pensar a cegueira academicamente, isto é, utilizando a ciência, a arte e a crítica. Entre os muros universitários, acaba por transformar o trabalho em sua vida, mas Joana resolveu seguir o caminho inverso.
O aniversário de Pascoal
Esta semana peguei emprestado um livro da biblioteca do Educandário Monte Alverne. Uma coletânea do grande poeta e dramaturgo espanhol Calderón de La Barca. Na verdade, queria reler sua inesquecível peça A vida é sonho, a estranha e fascinante história do príncipe Segismundo. Frei Serapião, de pé em sua bancada, assim que entreguei o volume para que anotasse a data do empréstimo e o dia que deveria trazê-lo de volta à escola, arregalou seus olhos estrábicos e soltou um dos trechos mais famosos do livro:
Comédias de Shakespeare – análise de fragmentos da peça Noite de Reis
Aconteceu em 14 de fevereiro, no Auditório Machado de Assis da Biblioteca Nacional, mais uma edição do evento Rodas de Leitura, uma parceria da Estação das Letras com a própria Biblioteca Nacional. O convidado da vez foi o reconhecido ator e diretor Amir Haddad, que escolheu fragmentos da peça Noite de Reis para falar sobre as comédias de Shakespeare.
“Injustiça e dor é o que tem por aqui”
Não temos dúvidas de que a combinação “miséria & injustiça social” só resulta em uma química maléfica e macabra para todos nós. Garapon fala da “fragilização suplementar da justiça”; diz que a igualdade de armas não existe na mídia, parece até pouco. Ela oferece um prêmio àquele que não só conta a melhor história, mas também a conta melhor. Ela reforça o efeito de verdade em detrimento da verdade, a sedução em detrimento da argumentação. Jacques Verges não faz mistério da utilização da mídia numa estratégia de defesa. Ele insiste em defendê-la para o advogado; escreve então dizendo que é apresentar, com os mesmos fatos que servem de suporte à acusação, outra história tão falsa e tão verdadeira quanto a primeira. E convencer juízes e jurados de que a sua é a verdadeira. Não se trata, porém, de contar qualquer história. Diz ele que é preciso descobrir aquela que dará sentido ao destino do criminoso ou do seu processo, e a maioria dos daqui são marcadamente afrodescendentes. E ainda mais: pelo menos sobre o plano estético, diz também que as chances estão do lado da defesa, sempre.
A capacidade nuclear de Bin Laden
No texto "A mulher seminua e o ódio ao Ocidente", expus as ideias de Sayyid Qutb, que radicalizou a herança do fundador da Irmandade Muçulmana, Hassan al-Banna, estabelecendo a necessidade de uma Jihad global para a conversão do mundo ao Islã. Qutb confirmou a noção de Al-Banna de que a Jihad não é apenas defensiva, mas ampliou-a, deixando para trás a noção de que o terror islâmico deixaria o Ocidente em paz se o Ocidente deixasse em paz o mundo muçulmano. Em seu livro Sinalizações na estrada, Qutb diz: "Pode acontecer que os inimigos do Islã considerem conveniente não tomar nenhuma medida contra o Islã, se o Islã os deixar sozinhos em suas fronteiras geográficas para que continuem o domínio de alguns homens sobre outros homens, e se o Islã não estender a eles a sua declaração de liberdade universal. Mas o Islã não pode concordar com isso". E complementa: "De fato, o Islã tem o direito de tomar a iniciativa. Ele não é uma herança de nenhuma raça particular ou país. O Islã é a religião de Deus e é para o mundo inteiro. Ele tem o direito de destruir todos os obstáculos na forma de instituições e tradições que limitem a liberdade de escolha dos homens". Foi o que fez a al-Qaeda ao atacar as Torres Gêmeas e o Pentágono. Os terroristas tomaram a iniciativa.
Audiovisualidades na Educação para as Drogas: possibilidades educativas no ensino em Biociências e Saúde
Biologia e BiociênciasDados demostram o aumento do uso de drogas entre adolescentes e adultos, seja com fim recreativo ou se aproximando de práticas de abuso. Trabalhos que refletem sobre políticas públicas na adolescência discutem ser necessário desconstruir uma visão meramente proibitiva, mediante ações que estimulem o vínculo social, a integração familiar e laços afetivos. Ideias disseminadas na sociedade ampliam as resistências e dificuldades sociais e pedagógicas em abordar o tema. Levantamos possibilidades de articulação entre audiovisualidades e práticas pedagógicas no ensino em Biociências e Saúde.