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Um falcão no punho e a alma na página
Língua Portuguesa e LiteraturaCom uma linguagem extremamente poética e metafórica, Maria Gabriela Llansol escreve, em Um falcão no punho, uma narrativa de inações, ou seja, sem ações. Distanciando-se da narração tradicional, não há uma complicação, um clímax, um desfecho. Não há um enredo central que, epicamente, progrida e detenha ferozmente o olhar do leitor para a história, ansiando para a página final e o encerramento da aventura. Não há uma pluralidade de personagens, de espaços, de diálogos. Pois, então, o que há? Uma alma na página. A mente llansolana materializada no papel e a necessidade de reinventarmos a nossa maneira de leitura.
A família, o educador físico e sua importância na formação do discente
Educação FísicaO educador físico pode, por suas atividades nas escolas e em projetos sociais, contribuir para que crianças que vivem em risco social enxerguem um caminho melhor para si, sem desconhecer a importância do papel da família na sua formação.
Cultura iorubá: da África para o Novo Mundo
O que levou ao colapso o velho império Oyo? Uma versão popular da história oral é que o império caiu porque o alafim Awole (1789-c.1796), fraquíssimo imperador que sucedeu ao alafim Abiodun (c.1774-1789), rogou uma praga no povo iorubá!
Sobre a antinomia: liberalismo versus comunitarismo
O antigo debate entre os representantes do liberalismo e do comunitarismo girava em torno do seguinte problema: a questão sobre o politicamente "justo" pode ser separada da questão sobre o moralmente "bom". Enquanto os representantes da posição liberal querem salvar a validade universal dos princípios justos, desvinculando-os da resposta à questão sobre o bem, os representantes do comunitarismo, ao contrário, vinculam as questões sobre a justiça política à questão sobre a "boa vida". Contudo, não se deve ignorar que ambos os partidos baseiam-se nas mesmas suposições centrais.
Considerações sobre o conto Singular Ocorrência, de Machado de Assis
Para levantar uma abordagem possível a respeito do conto Singular Ocorrência – publicado no livro Histórias sem data (1884), três anos depois de Memórias Póstumas de Brás Cubas –, consideramos a proposição de que a chamada segunda fase de Machado – à qual pertence o conto referido – pode se caracterizar por um “desenvolvimento em direção ao pirronismo” (Maia Neto, 2007, p. 22). Buscamos perceber em que medida Singular Ocorrência pode ser compreendido a partir das considerações críticas do ponto de vista cético.
Análise da inserção de metodologias ativas de ensino-aprendizagem nos anos iniciais do Ensino Fundamental
Formação de Professores e Vivências de Sala de AulaEste artigo analisou a utilização e inserção das metodologias ativas de ensino-aprendizagem nos anos iniciais do ensino fundamental em escolas públicas e particulares. Apresentaram-se várias metodologias ativas aos professores, e apesar de 70% dos professores da rede pública e 92% dos professores da rede privada afirmarem saber o que são essas metodologias, verificou-se que nem todos os tipos são conhecidas por eles. Observou-se, também, que na escola pública os professores utilizam principalmente dois tipos dessas metodologias, enquanto na escola privada há uma maior diversificação de utilização. Os professores da rede pública se sentem mais incentivados a buscarem novas metodologias de ensino do que os professores da rede privada. Da mesma forma, um percentual maior de professores da rede pública afirmou ter recebido treinamentos e capacitações sobre estas metodologias do que os professores da rede particular.
Montaigne: um subversivo em profundidade
O que nos faz sofrer a dor com tanta impaciência é não estarmos acostumados a buscar na alma nosso principal contentamento
Ruan Garcia
Na quinta-feira última fui liberado da aula cedo por causa de uma obra de emergência no Educandário Monte Alverne. Por isso, cheguei em casa ainda no início da tarde. Logo que abri a porta, vi que meu pai estava presente. Ele tinha uma cópia da chave e, vez por outra, vinha me visitar – especialmente nos momentos em que precisava de dinheiro. A televisão estava ligada, mas a sala, vazia. Sobre a mesa do computador, uma pasta de couro com um catálogo de pílulas de emagrecimento do doutor Phillip W.N. Foster. A porta do banheiro abriu junto com o barulho da descarga enquanto eu cruzava o cômodo até a cozinha. “Oi, filho”, disse o velho Souza, fechando a braguilha, “estava vindo pelo centro e resolvi dar uma passadinha”.
Educação e escola: entre a autoridade e o autoritarismo
Um aluno grita com a professora de Matemática, que chora. Outro empurra uma jovem docente de Letras e finge que não viu. Um professor é ameaçado com arma fora da sala. Outro aluno utiliza o celular e, quando advertido, manda o docente calar a boca. Alunos colocam bomba embaixo da mesa do professor e uma aluna bate na docente ainda ingênua. Episódios como estes, infelizmente, passaram a fazer parte de nosso cotidiano escolar. Uma crise cega e silenciosa perpassa as salas de aula. Professores andam com medo e os alunos, por diversos motivos, andam violentos, estressados e desmotivados. Em algum lugar do passado algo mudou e não foi para melhor. Aparentemente, os anos de autoritarismo fizeram grande confusão com o que entendemos “ser autoridade”. O docente já não é o mesmo. Talvez os ventos da década de 1960 ou mesmo os de 1980 fizeram mal a boa parte da saúde espiritual dos discentes em sala de aula. Alunos e alunas andam confundindo as coisas e, diante da sociedade hedonista e do consumo, têm perdido qualquer referência. Provavelmente o fenômeno tem começo na família. O filho, antes cuidado e educado pelo pai e pela mãe, hoje sofre a terceirização da fantástica arte de educar. De duas uma: (1) ou são entregues a babás e à TV ou (2) são despejados em escolhinhas e/ou escolas, as quais há tempos já vêm tomando boa parte do tempo da criança que deveria, por definição, estar com os pais. A escola, nesse caso, tem servido como o depositário de crianças e adolescentes porque os pais simplesmente trabalham. Sem limites na família, o aluno e a aluna encontram outros valores no ambiente escolar e o conflito é iminente.
Sena e Camões, um diálogo de contemporâneos
Tudo foi roubado: “As ideias, as palavras, as imagens/e também as metáforas, os temas os motivos/os símbolos”. E a pergunta fica: o roubo deu-se no século XVI ou no XX (por volta dos anos 60)? Ou ainda: terá sido nos dois tempos? Ou estaria Jorge de Sena a reclamar “motivos” seus, sob o nome do vate Luis de Camões? As perguntas ficarão sem resposta (?). Direciono-me ao poema "Camões dirige-se aos seus contemporâneos":