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Nem tudo está perdido
Em conversa vadia, Darcy Ribeiro contava histórias de sua convivência com os índios, não me lembro se Kadiweu, Terena on Kaigang – uma das tribos do Xingu, onde viveu. Falastrão incorrigível, quando tomava a palavra ninguém mais falava, o que criava certo mal‑estar. Assim como, entre antropólogos, havia reservas ao empirismo de suas conclusões, carentes de metodologia científica. Aos meus olhos, porém, era um causer virtuoso, que contava bem as belas histórias que sabia. Como histórias me interessam pelo seu poder de encantamento, me deliciava em ouvi‑las, qualquer que fosse a interpretação – até as do próprio Darcy. Uma dessas histórias ganhou surpreendente desfecho.
Misto de ficção e documentário
Imagens tremidas e entrecortadas mostram um grupo de pessoas atravessando a fronteira do México para os Estados Unidos. Eles correm pelo meio do mato, uma espécie de cerrado brasileiro, sendo "tocados" como bichos pelos "coiotes" - homens que intermediam a travessia ilegal. Logo se percebe que esta é uma corrida de vida e morte.
Crise conjugal de uma química
Radio hidrogênio, 2,2 dimetil xileno de 2008
O leitor ideal é o leitor honesto
Qual o verdadeiro significado de uma obra literária? E quem pode determinar esse significado? O próprio autor de um livro pode interpretar seu trabalho de várias maneiras, pelo motivo ao mesmo tempo simples e complexo de que esse autor é um ser humano – e o homem é sempre um intérprete, não um produtor de dogma. É impossível descartar as preconcepções do intérprete, assim como preconcepções da obra. Impossível apreender a essência de uma obra, e graças a essa impossibilidade a hermenêutica é um processo crítico: não havendo como chegar a uma verdade, chegaremos à eterna construção de compreender e interpretar.
Por que nossos alunos não gostam de ler?
Formação de ProfessoresO incentivo à leitura esbarra em diversas questões, que envolvem desde a história e o contexto do estudante até à formação do docente, despreparado para provocar uma participação crítica dos alunos.
Arvind Gupta: o Papai Noel é um indiano
Enquanto você lê estas linhas, um homem de 60 anos vestido de kurta em khadi (algodão bruto tecido artesanalmente, símbolo do gandhismo) estará, talvez, fabricando um brinquedo com materiais inacreditáveis em sua oficina em Poona (cidade próxima a Mumbai). Talvez rapidamente esse brinquedo se encontre em uma sala de aula, em qualquer canto isolado do planeta, onde ele servirá para descobrir as ciências com mais eficiência do qualquer manual.
Etimologia da palavra
Hoje, mais do que nunca, ser educador é compreender o mundo. Compreender o mundo é ser educador. Vivemos um momento grave da história da humanidade, ramificado por conflitos generalizados, entre a estética, uma simbologia da complexa virtualidade, que provoca a insurreição do pensamento, isto é, ataca toda produção memoralistica e ocupacional da mente humana. O atual momento está por exigir também dos educadores uma reflexão e uma discussão profunda.
Pierre Lévy e o poder da palavra na cibercultura
Em agosto de 2011, Pierre Lévy, filósofo e professor da Universidade de Quebec, esteve no Oi Futuro do Flamengo para falar sobre o poder da palavra na cibercultura. Entusiasta das possibilidades cognitivas da internet, Lévy é um importante pesquisador do mundo virtual e das relações de comunidades em rede desde o começo dos anos 1990, quando propôs o conceito de “inteligência coletiva” em um momento em que a internet comercial ainda engatinhava. Ele é uma referência, um estudioso cujas pesquisas ajudaram (e muito) no desenvolvimento de ferramentas fundamentais na web utilizadas por todos nós. É, ainda, autor de clássicos como Cibercultura e O que é o virtual?
Poesia e hipertexto: construções de sentido
Em época de transformações radicais marcadas pela técnica e pela tecnologia e em que falta um ponto de vista mais conceitual, cabe avaliar novas linhas de pensamento para áreas como a poesia e o hipertexto. Em um mundo dominado pela mídia, torna-se necessário indagar: o que pode ser considerado poesia hoje? Para refletir sobre essa questão, mais do que respondê-la, faz-se necessário analisar o fenômeno do processo de criação e recepção da imagem poética, do estranhamento que fomenta o pensamento crítico e criativo para criar sentido. A poesia, tradicionalmente, não depende de meios eletrônicos para realizar a sua forma de virtualidade, já que advém de possibilidades múltiplas, criando imagens, sons, ritmos e sensações.
A casa de Deus
Algumas verdades aparecem pelo pensamento. Elas entram pela porta de cima de nossas ideias e surgem lentamente, como se estivessem sendo construídas etapa a etapa, por uma quantidade de anos que ultrapassa nossa própria experiência. Elas nos oferecem certezas fragilizadas pelas evidências que colhemos. Verdades desse tipo são essencialmente provisórias, instáveis, circunstanciais.