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O riso e o siso
Hora do recreio: a bola rola, o riso corre solto, brincadeira de pique. Toca o sinal, as crianças, como um enxame de abelhas, correm para beber o último gole de água no bebedouro, fazendo fila. É um tal de "não empurra!", do menino puxando o cabelo da menina que reclama. Na escada, duas amigas fofocam e riem baixinho quando o professor passa. De volta à sala de aula, fazendo barulho, uns cantam, outros arrastam as carteiras. O professor espera a turma sossegar. Espera. Os alunos da sétima série estão particularmente inquietos hoje. O professor espera em silêncio. Alguém repara e avisa: "O professor quer começar, gente!". No fundo da sala, o zunzunzum continua e, aos poucos, vai abaixando o volume. O professor, então, começa a aula - aula de história, expositiva. Ao virar para o quadro, uma gargalhada explode! Com o rosto vermelho e totalmente tomado pela ira, o professor se vira e pergunta: "Qual é a graça?!". Um menino, no fundo da sala, se esbalda de rir, tentando, sem conseguir, se conter. Sentindo-se desrespeitado em seu poder e autoridade, o professor resolve expulsar o "engraçadinho", esticando ao máximo o braço e apontando seu dedo indicador para a porta da sala de aula. Ainda sob o efeito do riso sacudindo todo seu corpo, o menino sai. O professor olha para turma seriamente e diz: "Muito riso, pouco siso!".
Mais uma vez se tapa o sol com a peneira em educação
De que planeta faz parte o Brasil, senhores? Nos últimos dias, venho acompanhando, mais uma vez, declarações acerca dos "ciclos" que me fazem pensar que vivo, de fato, cercada, nesse país, por extraterrestres.
Reflexões sobre a construção da interdisciplinaridade presente nos PCNs do ensino médio
Após oito anos da assinatura da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) 9.394/96, e seis anos depois da publicação dos primeiros Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), professor brasileiro ainda sente insegurança quanto à utilização de contextos interdisciplinares, no ensino médio, e de transversalidades, no ensino fundamental. Como promover a interdisciplinaridade com um currículo escolar dimensionado tão estritamente que não deixa margem para uma atividade interativa ou para uma reflexão mais profunda sobre o conhecimento, sua produção, seu discurso e sua reprodução, entendida como reatualização dos conceitos, métodos e práticas científico-filosóficos e artísticos?
Fígados e garrafas vazias
Um dos elementos mais curiosos na vida de um professor é essa história de conteúdo. Muitas vezes a gente ouve um colega dizer: "Como posso dar todo esse conteúdo com uma carga horária de quatro aulas semanais?". Imediatamente, a gente se pergunta: "O que significa 'dar o conteúdo'?".
Sexualidade na sala de aula
Hoje, as crianças, em sua maioria, já sabem que o bebê "sai da barriga da mãe". Mas essa é a resposta mais simples. Outras perguntas complementares ainda suscitam dúvida e ansiedade no momento de serem respondidas, principalmente quando questionam "como o bebê entrou na barriga da mãe".
Lições aprendidas em experiências de tutoria a distância: fatores potencializadores e limitantes
Muito embora diferentes classificações sobre o papel do tutor/orientador a distância venham sendo amplamente discutidas na literatura, ainda há poucos dados ancorados em pesquisas sobre a prática de tutoria em contextos a distância, mediados pelas novas tecnologias da informação e da comunicação. Tendo em vista que essas informações são de fundamental importância para o planejamento de ambientes e processos educativos a distância, este trabalho tem como finalidade oferecer subsídios para essa discussão, com base na análise dos resultados obtidos - as lições aprendidas - sobre os fatores potencializadores e limitantes do trabalho de tutoria/orientação a distância, em três estudos sobre programas de educação a distância (EAD), via Web.
Educação e cultura ou morte
Eu sonho com um Brasil no qual a educação e a cultura sejam entendidas como frutos da mesma árvore sagrada do conhecimento. E não que coexistam em esquizofrênica separação, como agora. Cultura é tudo o que foi tocado pela mão e pelo espírito criador do homem. A mesa, que o engenho do homem extrai do tronco da arvore, é cultura. Assim como o romance, produção de um mundo simbólico, enriquece o imaginário do homem.
Crianças soropositivas e escolas
Diante da realidade do HIV/Aids, ainda é um desafio fazer com que a escola continue cumprindo o seu papel, honrando sua responsabilidade institucional na sociedade e permanecendo no seu lugar, sem ser abalada como atingida por um terremoto, diante do fato de saber que, entre seus alunos, há uma criança/adolescente soropositivo. Esse desafio tem que ser enfrentado com muita informação, especialmente com base na legislação, que diz ser garantida a matrícula de alunos soropositivos na rede escolar e que o sigilo à sua condição é inegável.
Ensinando e aprendendo com ioga
O início das aulas é, para professores, como o início do ano para outras pessoas. Geralmente, é um período em que são feitas inúmeras promessas a serem seguidas durante o ano letivo: ter obstinação para iniciar aquela tão sonhada pós-graduação, ter concentração para estudar mais, não se estressar tanto em sala de aula, manter o equilíbrio diante de situações desagradáveis com e entre os alunos, optar pela compreensão e serenidade em vez da autoridade - enfim, são muitas as promessas feitas pelos mestres, ainda relaxados depois das férias de verão.