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Grandes narrativas - por que sua morte não aconteceu
Em seu tratado sobre o sentimento do sublime, Longino, guiado pela questão do estilo, adverte: “todos que visam à grandeza, para fugir da fraqueza e da aridez, precipitam-se no vício do inchaço”. Esse conselho de quase dois mil anos encaixa-se perfeitamente nos preceitos da literatura dita pós-moderna, em que todo vício de enriquecer a narrativa é condenado. Ao contrário, a narrativa aparece quase sempre errante, árida, débil em relação a qualquer tentativa de definições. E, como seu professor de fé, o filósofo francês Jean-François Lyotard condena a narrativa que prega verdades. Para Lyotard, a realidade e a definição de uma identidade são inalcançáveis, e por isso o que ele chama de “grandes narrativas” ou “metanarrativas” estariam fadadas ao desaparecimento.
O Século da Mulher
Texto preparado pelo Conselho Estadual dos Direitos da Mulher (Cedim) para a exposição "O Século da Mulher"
Os propósitos do mal
Em 1999 fui a São Paulo para um encontro de estudantes de graduação em Filosofia. Era um evento acadêmico na USP, e eu iria apresentar dois trabalhos: um sobre “intencionalidade”, outro sobre “juízos morais”. Lembro estar preso dentro de um ônibus, em um engarrafamento à caminho da Paulista, quando vi um mendigo, muito chapado de qualquer coisa, cair na rua. O sujeito teve o azar de arriar com as pernas bem na saída de um edifício-garagem. O tronco ficou de um lado e as pernas atrapalhando o tráfego. Quando o primeiro carro passou por cima das pernas do pobre homem eu pus as mãos na cabeça. Quando o segundo passou eu pensei em gritar, mas fui contaminado pela absoluta indiferença dos outros passageiros, dos pedestres e dos motoristas daquela avenida. Antes que o terceiro veículo passasse sobre o corpo alcoolizado daquele infeliz, um segurança de terno e gravata parou o fluxo de carros e correu em direção ao que havia sobrado do mendigo.
Uma noite não das minhas melhores
Sem ao menos esperarmos, lá estava ele: um buraco grande, capaz tranquilamente de engolir um pneu. Agora estava cheio pelo pneu imprestável e meio escondido dentro da noite. Aliás, se não fosse de noite e não estivéssemos tão bêbados, poderíamos tê-lo previsto e, assim, desviado.
Outros setembros
Neste começo de mês, a humanidade foi varrida pela onda midiática que nos fez lembrar dos dez anos do 11 de Setembro norte-americano. Combatido pela contra informação de esquerda pela lembrança de outro 11 de Setembro (de 1973), que marcou o fim do governo popular chileno de Salvador Allende. Eu, amigo velho, me lembrei de uma curiosa tese, extraída, através de algum malabarismo hermenêutico, da metafísica do velho Hegel sobre o fim da história.
Muito além do campo de visão
No último dia 4 de novembro foram exibidas duas sessões especiais de curtas-metragens para deficientes visuais no auditório do Instituto Benjamin Constant, no Rio de Janeiro.
Escola e cidadania: uma experiência nos EUA
Nós brasileiros, acostumados a nos registrar como eleitores só uma vez na vida e com esse direito assegurado pela Constituição Federal de 1988 a praticamente todos os cidadãos, independente de idade, de cor, de credo ou de nível de escolaridade, pode parecer-nos que seja diferente em outros países como, por exemplo, nos EUA.
Os discos de Dylan
Neste ano, eu só soube que era dia mundial do rock porque dei uma olhada na coluna Bazar, do Alex de Souza, e me deparei com o texto sobre o disco London Calling, do The Clash.
Língua Portuguesa - uma conversa à mesa
A maior de todas as heranças é uma língua, define a ordem. Corrente, coerente, impura, devassa, a língua se mostra rubra e clássica. - defende um bom modernista. Ela vive nas trovas e desce pelas encostas, aponta o estudioso. Arranha a costa continental e se mistura a essa outra tão impura quanto esta. Alcança os cheiros e os temperos, observa o cônego faminto (ah... grande EÇA). O que fazer na Índia se não esperar o império alastrado? - afirma o nobre... destemperado. E a África não foi a mesma e Portugal se viu aberto, fendido, difuso e maltrapilho, pelas ruas de Lisboa. Lisboa??? Ahhh, pessoa... Enquanto não foi isso, CAMÕES é ovacionado e vaiado. Tem a corte e tem o Degredo... quem o não conhece? Saudade é coisa que nunca arrefece. Saudade é lusa, vocábulo tão prenhe de melancolia que os portugueses nem precisaram de filosofês. O mediterrâneo vive ali. Gregos e latinos falam pelo viver, e dizer, de uma língua. Mas a língua é viva, se não fenece. É preciso não fenecer, é preciso recorrer... então, antes que os padres e algozes da corte fechassem totalmente os céus pátrios... homens atiraram-se em caravelas por terras talvez (quem sabe?) nunca dantes navegadas. Não era só a fome... havia o sonho e o desejo... e o Quinto Império atiçou o começo de uma história que já existia e quando mal percebemos ela se finda... Mas não finda na língua. Há que se amar Itacoatiaras, Piratiningas, Jaboatãos, Itabaianas, e tantos dizeres fortes que nem de regras precisavam. A língua era viva. Iemanjá, Oxóssi, e esse quinto império fincou espaço e tornou-se messiânico. Espera-se a chuva no nordeste. Até hoje. Espera-se que deus, sendo brasileiro, não se esqueça de ser humano. E Sebastião nunca vem... Por onde andará tiãozinho? Então que ribamares nos povoem, que genésios e ramalhos nos digam do futuro o que todos aguardam .
Fundação José Saramago
Tudo que se pode falar sobre Saramago é pouco, se comparado à magnitude de sua escrita. A despeito disso, não deixa de ser interessante saber fatos de sua vida, sua opinião sobre o mundo e detalhes de suas obras. Para isso, a dica é dar uma navegada no site www.josesaramago.org. Embora lá não estejam seus livros, está uma parte do próprio Saramago, em seus depoimentos, vídeos e textos.