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A escola e a formação de novos públicos
A atitude de recolhimento do indivíduo cuja disposição para a arte é cultivada inexiste naquele que não a cultiva, seja por falta de acesso ou por falta de desejo de frequentar os espaços de cultura. Em 1936, falando do limiar daquele século, Walter Benjamim escreve: "fazer as coisas ficarem mais próximas é uma preocupação tão apaixonada das massas modernas como sua tendência a superar o caráter único de todos os fatos através da reprodutibilidade", mas parece que nesse outro século em que vivemos não há mais essa preocupação tão apaixonada para fazer as coisas ficarem próximas. Antes, parece que há uma certa apatia em relação à busca de opções de arte e cultura que não aquelas oferecidas de forma bastante direta pelos meios de comunicação e pelas empresas de marketing.
Uma questão de mercado
No final dos anos oitenta era costume que um ou outro colecionador de vinis ganhasse uma grana gravando coletâneas em fitas K7. O negócio era simples, alguém entregava uma lista de músicas e, mediante um pagamento módico pelo serviço, recebia uma fita com suas canções prediletas. Qual o motivo disso? Geralmente quem procurava o serviço não tinha o desejo de comprar os discos, ou mesmo gostava só de uma ou duas músicas do LP de uma banda qualquer e não se sentia confortável em levar o "bolachão" inteiro. Nos carros não existiam os aparelhos de CD nem as conexões de IPOD. Se você quisesse se livrar da programação das rádios necessitava de um belo estoque de fitas K7 dentro do porta-luvas. Ah! Ainda havia as tais festas nas garagens e nos terraços das casas de praia e como ninguém havia descoberto ainda o prazer de passar boa parte da festa trocando vinis, algumas pessoas recorriam aos serviços especializados dos gravadores de fita K7 para fazer a trilha sonora do roquezinho de fim de semana. Esse era um negocio promissor que morreu antes de crescer, junto com o advento do CD. O fato é que eu nunca, em toda a minha vida, ouvi falar de alguém que houvesse sido processado por alguma gravadora por ter em casa um aparelho três em um, uma coleção de uns mil vinis e algumas listas de músicas para gravar.
ESCOMBROS
"Desenho, legado e latência das deficiências do 'corpo social' dos esquecidos da 'cultura escravista' no cotidiano carioca (1870-1898) e suas complexidades modernas em uma era participação globalizada"
Governo inicia testes de laptops nas escolas
Em abril deste ano, a Escola Municipal Castelo Branco, de Piraí, será a primeira instituição de ensino do Estado a testar o uso de laptops na educação. Essa experiência faz parte das avaliações realizadas pelo governo federal para implantação do Projeto Um Computador por Aluno (UCA), que promete produzir uma revolução nas práticas pedagógicas. Os testes estão sendo feitos em parceria com governos estaduais e municipais, bem como universidades e centros de pesquisa de todo o país.
Ensino religioso obrigatório? Ou não?
Ao velho ditado "gosto não se discute" foram, aos poucos, acrescentados vários temas - como futebol e política - que, pela prática, mostraram-se desvantajosos quando colocados em debate por gerarem mais desentendimento do que reflexão. Mas, mesmo assim, as contendas continuam. Outro assunto que, vira-e-mexe, aparece na listinha é a religião.
Diversão Trabalhosa (Hard Fun)
(Tradução: Leonardo Soares Quirino da Silva)
Samba Choro
Bambas do choro e do samba, simpatizantes, iniciados e iniciantes são agraciados pelo site “Samba e Choro”, onde é possível encontrar as principais rodas e nomes destes gêneros musicais tipicamente brasileiros.
Pessoa, Florbela, Drummond e Vinicius
Um Fernando e muitas Pessoas. Uma multidão em Lisboa (quem sabe, do mundo?) num corpo só. Sempre só ... mesmo quando "fingiu" amar Ophélia. Sim... Pois todo amor do poeta foi dedicado à escritura, às palavras além das palavras. Um modo de vida que só se realiza na arte... de escrever e de pensar. E o pensar nunca deixou a existência do poeta realizar-se no banal da vida diária. Pobre Bernardo Soares tão carregado de desassossegos. Mesmo quando escrevia cartas à Ophelia, percebe-se um colocar-se na vida carregado de ideias e sofrimento. Mesmo que esse fingir mascarasse outras inquietações além-homem. O poeta é um fingidor. E a dor que deveras sente poucos podem senti-la. E de tanto senti-la sozinho, fora o pequeno círculo dos modernistas lisboetas, sobrecarregou-se de um excesso etílico e cedo partiu. Até porque seus filhos já estavam no mundo. Caeiro, mestre do invisível, Pessoa-por-ele-mesmo, Soares e suas intermináveis inquietações, Ricardo Reis e seu aprumo clássico, e o estonteante engenheiro do verbo, Álvaro de Campos. Quanta terra fértil, quanta natureza, que até hoje nos deleita, nos acaricia... nos redime de nossa mesmice e ... e ... nos faz pensar. Uma poesia para o coração do pensamento justamente onde o pensamento só pode ser o coração.
Grau zero da Barbárie
Por que alguém segue uma regra? Duas respostas podem ser dadas. Alguém segue uma regra, ou porque se tem consciência da importância e das vantagens de se seguir essa regra, ou porque tem medo da sanção. No primeiro caso a regra é entendida, seu conteúdo é absorvido, as vantagens de sua execução são claras e os sujeitos adequam-se a ela de modo espontâneo. Num mundo regido por pessoas dotadas de profundos sentimentos morais o crime talvez fosse uma exceção exótica. Talvez, num universo paralelo desse tipo, a vida seja muito tediosa. Tudo esteja em seu lugar. Os custos sociais para manter a vida "em ordem" sejam tão baixos que os telejornais acabem tendo que forjar um conjunto de notícias triviais para entreter o público. Mas confiar nos sentimentos morais do seu vizinho é sempre um risco. Uma aposta na humanidade do outro, na sua racionalidade, na sua capacidade de entender as vantagens de se seguir uma norma de convívio social é sempre um tiro no escuro. Nunca se sabe quando alguém vai saltar o limite que separa o homem de bem da besta selvagem.
Ela flutua
Estou sentado em frente à minha janela, do outro lado da janela, o mundo posto do lado de fora galhos de árvores misturadas, folhas por toda parte. O sol reflete em tudo, a tarde escapa sem ser notada mas uma estrela prateada flutua entre os galhos cobertos de folhas cheia de ar, e prateada como os sonhos e as máquinas, ela flutua, e eu estou sentado em frente à minha janela. A estrela prateada que flutua entre os galhos pede que eu pare pare de prender o ímpeto, de hesitar, de contar meus favos de pensamento e corra brincar. A estrela prateada é o alçapão para tudo o que não remói, uma estrela de esquecimento em galhos frondosos de memória, entre raízes de remorsos, ela flutua. Quero que esta estrela abra portas para uma galáxia prateada que seja feita só dos planetas possíveis.