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Injustiça, discriminação e racismo: reflexões sobre "velhos" dilemas
Creio que seria truísmo dizer que ser professor não é algo fácil e não é para qualquer um. Se as coisas andam difíceis, ou sempre andaram, principalmente nas salas do Ensino Fundamental e Médio, não acredito que esteja sendo diferente nas salas dos cursos de nível superior. Louve-se de início, é claro, o retorno de muitas pessoas aos bancos universitários. Pessoas que, percebendo o mercado de trabalho precário e acirrado, buscam, de uma forma ou de outra, uma outra profissão. A ação é importante e racional, e é bom ver alunos com mais de 30, 40 e até mais de 60 anos dialogando nas salas de aula. Muitos deles inclusive possuem outra profissão e são, tal como muitos professores, competentes e experientes.
Alterações no mercado do livro sob o olhar da nova ortografia
1990 foi o ponto de partida para o Acordo Ortográfico entre os países de língua portuguesa, idioma compartilhado atualmente por 230 milhões de falantes. Foi assinado por oito países lusófonos, embora tenha sido ratificado somente por quatro, a saber: Brasil, Cabo Verde, Portugal e São Tomé e Príncipe, "passando juridicamente a entrar em vigor", conforme o Protocolo Modificativo ao Acordo aprovado pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Educação ambiental e desenvolvimento sustentável
Atualmente, a maior parte das discussões ambientais está concentrada nas questões globais que ameaçam o planeta; será possível, com isso, conciliar o desenvolvimento econômico de uma nação sem prejudicar o meio ambiente?
O funcionamento dos ecossistemas: a natureza é macunaímica
Em 1992, escrevi um artigo com o título Macunaíma contra a Rainha Vermelha. Nele comparava o mundo mostrado nos livros Alice no País das Maravilhas e Alice através do espelho, do inglês Lewis Carroll, com o mundo mostrado no livro Macunaíma, o herói sem nenhum caráter, do brasileiro Mário de Andrade. O trabalho foi enviado para uma revista brasileira de divulgação científica, pois um dos seus muitos editores tinha gostado do trabalho. Essa revista, como é norma em qualquer revista científica séria, enviou o trabalho para ser avaliado por um cientista de renome e posteriormente para um segundo cientista.
Como demora a morrer a juventude em mim... Roberto Freire
O Centro de Cultura Social-SP comunicou a morte de Roberto Freire, criador da Somaterapia e ex-diretor, nos anos 60, do jornal Brasil Urgente (da AP) e do Serviço Nacional de Teatro. Grande escritor (destacam-se Cléo e Daniel e Sem Tesão não tem solução), terapeuta, dramaturgo (destacam-se Quarto de Empregada e O&A) e cantor-compositor (álbum Vida de Artista - puxo a brasa para o rap Os anarquistas e o samba canção A juventude em mim).
A musicalidade na obra de João Guimarães Rosa
“Sou precisamente um escritor que cultiva a ideia antiga, porém sempre moderna, de que o som e o sentido de uma palavra pertencem um ao outro. Vão juntos. A música da língua deve expressar o que a lógica da língua obriga a crer”, afirmou João Guimarães Rosa, dialogando com o crítico alemão gunter Lorenz (Rosa, apud Lorenz, 1983, p. 88). As confissões de Rosa a Lorenz evidenciam como o escritor pensava (e sentia) a tensão dinâmica que rege a musicalidade das palavras. O que quer dizer essa musicalidade? Todos os seus significados apresentados pelo Dicionário Houaiss – “caráter, qualidade ou estado do que é musical”; “talento ou sensibilidade para criar ou executar música”; “sensibilidade para apreciar música; conhecimento musical”; “expressão do talento musical de alguém”; e “cadência harmoniosa; ritmo” (Houaiss, 2001) – se mostram oportunos para motivar uma leitura original da obra de Guimarães Rosa.
O avesso do avesso
Por vezes filosofia e poesia se misturam. Espaço e tempo também. Assim é que o hermético filósofo alemão Friedrich Hegel e o poetinha admirador das belezas tropicais Vinícius de Moraes se encontram. O pensador expõe sua complexa dialética no texto O senhor e o escravo, e o carioca através de sua poesia Operário em construção. Ambos os trabalhos trazem a mesma inversão de valores entre dominador e dominado. Os cenários e personagens é que são diferentes: um trata da relação senhor x escravo, e o outro da relação patrão x operário. Mas a dialética, nesses dois casos, é a mesma: o dominado, ao tomar consciência de si, de sua força e de sua importância, sai desse papel e percebe que, na realidade, o dominador é que depende dele e não ao contrário.
Ferreira Gullar e o 1968
O livro de poemas A luta corporal (1954) marcou o diálogo mais estreito entre Ferreira Gullar e os movimentos de vanguarda, com a decorrente participação no Concretismo e a posterior criação do Neoconcretismo. Nos anos 60, a produção do poeta foi intensamente afetada pela agitação política daquele período. A busca por uma construção estética mais rigorosa deu lugar a uma linguagem que privilegiava a comunicação direta.
A pós-escravidão brasileira na era da globalização
Faz-se necessário impor um detido olhar para o mundo, em especial para o final do século XIX, em que fervilharam novidades, invenções e mudanças econômicas e tecnológicas, algumas inclusive que se proliferaram pelo ‘século do não’ (o século XX). Enquanto o Brasil se arrastava com um escravismo retrógrado, com a mão-de-obra obrigatoriamente submetida ao trabalho compulsório – prática absolutamente dissonante do que havia de evolução nas práticas capitalistas mundiais –, a dança do avesso/anverso evoluía em seus largos passos por aqui. A Lei das Ferrovias, de 1844, era o inicio dos reflexos dos novos tempos no mundo. Por aqui as locomotivas causaram verdadeiro impacto.
PROVAVELMENTE DEUS NÃO É AFRICANO
A África ocupou mais da metade do tempo da última reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas, na terceira semana do mês de abril de 2008. Na pauta: o impasse nas eleições presidenciais do Zimbábue e as crises políticas da República Democrática do Congo e do Quênia, além dos conflitos armados na Somália e em Darfur, no Sudão. Isso traz de volta a imagem de um continente inviável, com “Estados falidos”, “guerras civis” e “genocídios tribais”, com apenas 1% do PIB mundial, 2% das transações comerciais globais e menos de 2% do investimento direto estrangeiro dos últimos anos.