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A mulher seminua e o ódio ao Ocidente
No texto "A guerra de três mundos", tentei mostrar como a Irmandade Muçulmana, criada em 1928 por Hassan Al-Banna, lançou as bases teóricas do terrorismo islâmico contemporâneo, ao estabelecer que é obrigação de todo muçulmano lutar, sem medo da morte, para que o islamismo volte a um idealizado estado de pureza dos tempos do Profeta. Com o slogan "a morte na luta por Deus é a nossa grande esperança", o objetivo do grupo era reviver o califado, com a reunião de todas as nações muçulmanas reconvertidas. Apesar da repulsa ao Ocidente, a Irmandade acenava, porém, até o fim da década de 1940, com uma espécie de compromisso. No manifesto "Na direção da luz", Al-Banna disse: "As pessoas imaginam que a nossa maneira muçulmana de viver nos desconecta do Ocidente. E isso só serve para perturbar nossas relações políticas com eles justamente agora que estávamos para estabelecê-las. Nada é mais fantasioso. Porque os porta-vozes do Ocidente sempre disseram que todas as nações são livres para estabelecer seus próprios caminhos, desde que não infrinjam os direitos dos outros". Mas tudo isso iria mudar ainda na década de 50, com a aparição de Sayyid Qutb, principal ideólogo da Irmandade depois do assassinato de Al-Banna pelos agentes secretos do governo egípcio. Na verdade é Qutb, e não Al-Banna, quem é hoje o principal mentor dos atuais terroristas.
A capacidade nuclear de Bin Laden
No texto "A mulher seminua e o ódio ao Ocidente", expus as ideias de Sayyid Qutb, que radicalizou a herança do fundador da Irmandade Muçulmana, Hassan al-Banna, estabelecendo a necessidade de uma Jihad global para a conversão do mundo ao Islã. Qutb confirmou a noção de Al-Banna de que a Jihad não é apenas defensiva, mas ampliou-a, deixando para trás a noção de que o terror islâmico deixaria o Ocidente em paz se o Ocidente deixasse em paz o mundo muçulmano. Em seu livro Sinalizações na estrada, Qutb diz: "Pode acontecer que os inimigos do Islã considerem conveniente não tomar nenhuma medida contra o Islã, se o Islã os deixar sozinhos em suas fronteiras geográficas para que continuem o domínio de alguns homens sobre outros homens, e se o Islã não estender a eles a sua declaração de liberdade universal. Mas o Islã não pode concordar com isso". E complementa: "De fato, o Islã tem o direito de tomar a iniciativa. Ele não é uma herança de nenhuma raça particular ou país. O Islã é a religião de Deus e é para o mundo inteiro. Ele tem o direito de destruir todos os obstáculos na forma de instituições e tradições que limitem a liberdade de escolha dos homens". Foi o que fez a al-Qaeda ao atacar as Torres Gêmeas e o Pentágono. Os terroristas tomaram a iniciativa.
Política social e combate à pobreza
A política, de acordo com Silveira Bueno, é uma ciência que envolve relações entre os Estados, entre as nações, entre blocos de nações, entre a sociedade civil organizada ou não organizada, entre todos os povos que habitam o planeta, entre as pessoas, visando a obtenção de resultados previamente desejados. Sendo assim, a busca dos objetivos que possam satisfazer, politicamente, todo este complexo social e mundial deve ser complicadíssimo, ou seja, trata-se de uma equação de difícil solução e com permanente introdução de novas variáveis. Desta forma, mesmo que reduzíssemos toda essa relação a um simples contrato mercantil e/ou social escrito, datado e assinado por todos, a parte relativa à política social, por si só, já seria complexa, representaria uma cláusula obrigatória no capítulo que dispõe sobre as obrigações coletivas e que, de acordo com Sérgio Henrique Abranches, deve ficar a cargo do Estado. Porém, aquilo a que assistimos nas últimas décadas do século XX foi um crescimento exponencial de organizações não-governamentais (ONGs) atuando no segmento das políticas sociais, assumindo e operacionalizando ações em áreas histórica e majoritariamente ligadas ao Estado, tais como saúde, segurança e educação. Mas, ainda de acordo com Abranches, pensar em política é pensar em conflito e poder. Um conflito caracterizado pela negociação e regulado por instituições que também atuam no campo político e no poder que revela como os seus detentores o usam para praticar atos que reduzem as chances dos mais fracos.
Movimentos sociais, tecnologias de informação e o ativismo em rede
Assim como os atores políticos e econômicos se globalizam, também se globalizam os coletivos sociais, incorporando o que as novas tecnologias de informação e comunicação melhor lhes oferecem, de forma a compensar a desigual distribuição de recursos e poder.
Milton Santos (03/05/26 - 24/06/01)
No dia 3 de maio de 1926 nascia, no interior da Bahia, o geógrafo Milton Santos, um dos mais importantes representantes do pensamento livre e original da academia brasileira. Foi conhecido primeiro no exterior, onde viveu e se tornou célebre, para só então ser reconhecido no Brasil, quando recebeu o Prêmio Vautrin Lud, em 1994, equivalente ao Nobel na Geografia.
Crise de identidade? Na Geografia?
Globalização e ciberespaço, mais facilmente associados aos estudos de economia ou sociologia, por vezes podem causar espanto quanto aparecem tratados por geógrafos. Algumas pessoas chegam a pensar que a ciência passa por uma crise de identidade. Nada mais longe da verdade.