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Educandário Monte Alverne
Saí do Colégio João Antônio na quarta-feira com a alma tranquila. Andi apareceu na aula. Chegou calçado, com um aspecto mais saudável que de costume. Pela primeira vez, desde que o ano letivo começou, dispôs-se a realizar um trabalho: pedi aos alunos da turma 503 que comparassem a civilização egípcia com os tempos modernos. Mesmo entendendo muito pouco do que ele quis dizer com aquelas palavras tortas, rasuradas – suas ideias não chegavam a formar frases –, para estimulá-lo a recuperar as notas baixas do bimestre passado carimbei um nove e meio, frisando a nota com um enfático “Muito bom!!”. O menino pegou o exercício cheio de garranchos ininteligíveis, soltou um riso que interpretei como de satisfação e foi embora. Será que iria mostrá-lo à sua avó? A pergunta ecoava em minha mente enquanto me dirigia ao Educandário Monte Alverne. Às quartas e quintas, das 15 h às 17 h, leciono ali.
A educação na Grécia Antiga
A educação é um dos meios pelos quais os valores espirituais e físicos do homem são conservados e passados. Ao comparar a educação da Antiguidade grega com as grandes civilizações do Oriente, é fácil observar um grande salto da primeira em relação às outras. Não é à toa que a Grécia Antiga é apontada como berço da civilização ocidental. A educação do homem grego – a Paideia – visava formar um elevado tipo de homem. Diferente da concepção oriental, em que o homem ideal era considerado alguém sobre-humano, uma espécie de homem-deus que ultrapassava a medida natural, a Grécia apresentou uma nova visão de homem, em que ele era a medida das coisas. A partir daí surgiu a questão da individualidade (embora longe de se confundir com o cultivo da subjetividade característico da Modernidade).
A função social da vergonha
Esse artigo é dedicado aos sem-vergonha da própria vergonha (Desculpe, Nietzsche, mas eu tive que escrever isso)
Na Paraíba o ensino é gratuito
Soubemos que estava no Rio um dos tantos educadores que, por este Brasil afora, fazem de sua profissão um sacerdócio, servindo de exemplo à massa dos outros que a transformaram num comércio ou numa sinecura. Fomos encontrá-lo no Ministério da Educação, onde passa os dias à espera de que o famoso Conselho Universitário resolva o seu problema, na verdade tão simples, mas que a burocracia faz o possível para comp1icar. Ele veio da Paraíba especialmente para pedir autorização ao Conselho para o funcionamento da Faculdade de Filosofia de João Pessoa. Está aí há mais de vinte dias e ainda não conseguiu a preciosa assinatura. Fica sempre para a próxima reunião, pois os membros do Conselho juram que nunca “se deve fazer hoje o que se pode deixar para amanhã”. Enfim, pode ser que a esta hora já esteja tudo resolvido (pois “hoje já é depois de amanhã”) e que o nosso paciente professor já possa voltar para seu estado e continuar sua obra, que é das mais relevantes para a educação do povo brasileiro.
A nova geopolítica das nações
Economia, Geografia, História e SociologiaFoi a necessidade de financiamento das guerras que esteve na origem desta convergência entre o poder e a riqueza. Mas, desta vez, o encontro dos "príncipes" com os "banqueiros" produziu um fenômeno absolutamente novo e revolucionário: o nascimento dos "Estados-economias nacionais". Verdadeiras máquinas de acumulação de poder e riqueza que se expandiram a partir da Europa e através do mundo, numa velocidade e numa escala que permitem falar de um novo universo, com relação ao que havia acontecido nos séculos anteriores. (Fiori, 2004, 34)
A mosca no vidro
“A filosofia entra no jogo quando a linguagem sai de férias”. Li alguma coisa do tipo em um livro do pensador austríaco Ludwig Wittgenstein, mas não consigo lembrar exatamente onde. Wittgenstein foi o meu primeiro grande anti-herói filosófico. Frases como essas estavam espalhadas em uma grande quantidade de escritos deixados por ele em Cambridge. Caixas e caixas de sapatos cheios de fragmentos; aforismos em livros, fichas em catálogos, dois cadernos, um marrom e um outro azul, cheio de anotações. Essa foi a herança deixada por esse sujeito estranho, filho de um grande industrial do aço do império austro-húngaro, herdeiro de uma das maiores fortunas do entreguerras; um jovem inteligente e emocionalmente instável, que cursava engenharia aeronáutica no começo da década de 1910 e acabou encontrando Bertrand Russell, um dos grandes ativistas e pensadores do século passado e foi desviado do seu intento de inventar o avião (era nisso que ele trabalhava antes de ter contato com lógica matemática e resolver se dedicar ao trabalho filosófico).
Agosto: mês do desgosto
Já tem um tempo que não escrevo uma crônica, mas é tão boa esta escrita assim, “despreocupada”, esta falta de compromisso... Toda leitura e escrita deveriam ser assim: fontes de prazer; só leio e escrevo aquilo que me desperta interesse e que é significativo pra mim. Boa é a demora que torna o caminho seguro. Não gosto nem de lembrar daquelas enormes redações que eu tinha de escrever contando as minhas férias. Bom mesmo é escrever assim, aquele pensamento que surge, aquela vontade enorme de colocar pra fora aquela ideia, por menor que ela seja. Quase não vi minhas professoras lendo ou escrevendo algo diferente nas aulas. Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço.
Um imperador brasileiro?
Nada pode parecer mais adequado do que aproveitar o feriado de 7 de setembro para se inteirar sobre a vida do primeiro imperador do Brasil. Por onde começar? Uma sugestão é D. Pedro I: um herói sem nenhum caráter (Companhia das Letras, 2006, 340 p.), biografia escrita pela historiadora Isabel Lustosa, pesquisadora da Fundação Casa de Rui Barbosa. A intenção de Lustosa ao escrever o livro foi "contar a história desse homem que foi, sobretudo, um macho, na acepção mais crua da palavra, no que esta tem de sensual e de rude, mas também de valente".
Overmundo
Querendo publicar sua crítica do último filme que viu ou do último livro que leu? Pensando em publicar seus contos e poesias, mas não sabe onde? Seu problema é divulgar o baile que você e seus amigos organizaram ou os serviços culturais que vocês oferecem? Então seus problemas talvez tenham acabado: você pode publicar tudo isso e muito mais no Overmundo, um site criado pelo antropólogo Hermano Vianna, pelo advogado José Marcelo Zacchi, pelo colunista da revista Trip Alexandre Youssef e pelo professor de Direito Ronaldo Lemos.
Uma abordagem pragmática da avaliação formativa
A ideia de avaliação formativa presta-se a debates especializados sobre questões muito agudas. É necessário, periodicamente, encontrar uma visão de conjunto e indagar: os professores e pesquisadores se fazem as perguntas certas? Quais são, hoje, os conhecimentos e as incertezas? Os impasses e as pistas fecundas? Entre a abstração um tanto vazia e a tecnicidade limitada, entre a autonomia e a fusão com a didática, a avaliação formativa ainda procura seu caminho. Ninguém pode pretender deter verdades definitivas sobre a concepção dos objetivos, a natureza da instrumentação ou as relações entre avaliação formativa e pedagogia. Diversas concepções também se confrontam quanto à maneira de integrar a avaliação à prática, às estratégias de mudança ou de formação dos professores.